A seqüência de maus resultados esquentou o clima em São Januário. O presidente do Vasco, Eurico Miranda, proibiu os jogadores de dar entrevistas e falou a eles por cerca de uma hora, numa reunião antes do treinamento desta terça-feira, o último antes do confronto desta quarta contra o Lanús, da Argentina, pelas oitavas-de-final da Copa Sul-Americana, no Rio. O clube carioca precisa vencer por três gols de diferença para avançar, depois de ser derrotado por 2 a 0 no jogo de ida.
A necessidade de um placar elástico fez o técnico Celso Roth, único liberado para dar entrevistas, radicalizar e mexer tanto na escalação como no esquema tático de sua equipe, na qual o 3-5-2 dá lugar a um ofensivo 4-3-3. Na zaga, saem o capitão Jorge Luiz e Vilson, para a entrada de Júlio Santos. O lateral Guilherme ocupa a vaga de Rubens Júnior. O meia Conca, com profundo corte no tornozelo, não joga. Assim, Roth enfim escalará Andrade, grande motivo da discórdia entre o treinador e a torcida vascaína. O atacante Enílton, que ficou um bom tempo afastado por contusão, reaparece e formará trio ofensivo com Leandro Amaral e Alan Kardec.
Precisamos vencer por boa diferença, o que nos dá a chance de modificarmos o esquema. O Enílton é um jogador rápido, que jogará como um ponta clássico, com o Leandro Amaral se movimentando, buscando jogo, e o Alan Kardec mais fixo na área, explicou Roth, admitindo que Enílton não terá condições físicas de jogar os 90 minutos. Na defesa, as alterações têm outra razão. As saídas de Jorge Luiz e Rubens Júnior fazem parte do nosso planejamento para a Sul-Americana. Eles vêm com uma seqüência grande de partidas e precisam descansar.
Sobre as vaias da torcida durante a derrota para o Cruzeiro, no domingo, Roth afirmou que o Vasco está pagando o preço de ser ofensivo e destacou que as duas derrotas em casa foram contra as duas melhores equipes do Brasileiro. Ele fez questão de frisar que a escalação de Andrade não foi para atender aos apelos da torcida, que o quer no lugar do criticado Amaral. O Andrade entra pois teremos um zagueiro a menos. Ele jogará ao lado do Amaral e do Perdigão, o que nos dará mais capacidade de marcação, justificou.
O técnico do Lanús, Ramón Cabrero, disse que sua equipe está preparada para a forte pressão vascaína. \"Será um jogo complicado, eles vão atacar muito porque não têm outra saída, por isso nós não podemos nos desesperar\", disse o treinador, que não contará com o zagueiro brasileiro Jadson Vieira, contundido - Eduardo Ledesma e Santiago Hoyos disputam a vaga. \"É uma ausência importante, mas saberemos superá-la.\"