O Corinthians faz pressão financeira por Montillo. O salário de R$ 350 mil, com mais R$ 2 milhões de luvas diluídas mensalmente no contrato, viraram a cabeça do jogador. Se a questão monetária é tudo para o argentino, não se pode dizer o mesmo com relação a Sheik. Nesta segunda-feira, o atacante voltou a falar da oferta para ganhar R$ 3 milhões por mês no Catar. Recusou. Seriam dez vezes mais do que embolsa atualmente no Parque São Jorge (R$ 300 mil).
Aos 33 anos, cheguei na idade em que o dinheiro não pesa tanto. Sei o carinho e respeito que recebo aqui e sei o que vou ter lá fora. Estou feliz com o pouquinho que tenho aqui no Corinthians, discursou. A parte final da declaração arrancou risos dos jornalistas. Afinal. R$ 300 mil não são exatamente um salário mínimo.
Sheik logo percebeu a ironia. Não entendi. Do que vocês estão rindo?, brincou, também caindo na gargalhada.
Ele sabe do que fala. É expert de pular de galho em galho. A cada nova proposta, costumava trocar de camisa sem cerimônia. Isso o fez passar por seis times desde 2007.
Se o Cruzeiro quiser que o Montillo continue, deve igualar a proposta do Corinthians. A possibilidade de transferência existe, disse Sergio Irigoitia, agente do atleta. Em Belo Horizonte, o meia-atacante ganha R$ 150 mil por mês. O representante sabe que a Raposa não vai oferecer o mesmo que o Timão. Por isso, força a barra.
Grana/ Sheik já esteve em situação semelhante. Foi por um salário das Arábias que abandonou o Flamengo durante a campanha do título brasileiro de 2009. Clube onde ele mesmo disse que era feliz. Ficou apenas uma temporada no Al Ain, dos Emirados Árabes e voltou ao Brasil, para o Fluminense. Se fosse no passado, uma proposta financeira superior me faria balançar. Mas cheguei na fase em que isso não acontece mais, descartou.
Embora o Corinthians tenha dito não ter recebido nenhum documento oficial, no final do ano passado outras equipes se interessaram. Segundo o agente Reinaldo Pitta, uma delas foi o Vasco. O jogador lançou mão, então, da frase não saio por dinheiro nenhum. Voltou a repeti-la nesta segunda à tarde.
Emerson passou as férias relaxado na sua mansão em Angra dos Reis, ao lado dos filhos e da macaca-prego Cuta, seu animal de estimação. Montillo foi para Argentina e Estados Unidos. Por quase um mês, esperou que o Cruzeiro cedesse às investidas alvinegras, o que até agora não aconteceu. É dinheiro irrecusável e que daria retorno financeiro também para a equipe mineira, completou Irigoitia, sobre os 8 milhões de euros (R$ 18,7 milhões) para comprar o jogador.
Embora hoje em dia não compartilhe das atitudes de Montillo, Sheik as entende. Até porque já pensou da mesma forma que o argentino de 27 anos. Chegou o momento em que ele precisa pensar na questão financeira, na família. Porque o atleta de futebol, quando para, tem uma outra vida pela frente, argumentou, antes de brincar que aprovaria a contratação do hermano porque ele seria um bom reserva.
Divertido e bem articulado para os padrões dos boleiros, Sheik apenas fechou a cara quando questionado sobre a perspectiva do reencontro com Renato Abreu, do Flamengo. Os dois times devem se enfrentar em amistoso no domingo, em Londrina. No Campeonato Brasileiro tiveram discussão em que o meia carioca acusou o rival de menosprezar o Rubro-Negro. Emerson devolveu que Abreu deveria pendurar uma melancia na cabeça, se quisesse aparecer.
Eu o encontrei em partida beneficente de final de ano. Foi no Jogo das Estrelas, no Rio. Digo a vocês que não senti a menor vontade de cumprimentá-lo e não vou mudar a opinião que tenho dele, atacou, sem remorso.
Nem mesmo um pouquinho.