O Vasco anunciou nesta quinta-feira parceria com a empresa Mercado Bitcoin, que opera na transação de criptomoedas, e está lançando a venda de “tokens”, uma espécie de ativo digital usando como valor de referência o mecanismo de solidariedade de 12 jogadores formados pelo Vasco.
O mecanismo é um percentual recebido a cada transferência, previsto no regulamento da Fifa para premiar clubes que formam jogadores. O percentual pode chegar até 5% do valor total da negociação, dependendo do tempo que o atleta em questão passou no clube.
O clube recebeu antecipadamente R$ 10 milhões da MBDA, referente à compra antecipada de 20% dos tokens por parte da empresa. Serão 500 mil tokens, no valor de R$ 100 cada. O valor total dos tokens criados é de R$ 50 milhões.
Além disso, vai expor a marca do Mercado Bitcoin na barra traseira da camisa por oito partidas na temporada.
O lançamento dos tokens deve acontecer em um mês. Cada token se refere a um 1/500.000 do valor que o Vasco terá a direito de receber de direito de solidariedade por ter formado os seguintes jogadores: Souza, Douglas Luiz, Philippe Coutinho, Alex Teixeira, Paulinho, Allan, Evander, Luan, Mateus Vital, Alan Kardec, Marrony e Nathan.
O clube e a Mercado Bitcoin chegaram ao valor total de R$ 50 milhões levando em consideração valores de mercado do site "Transfermarkt", idade e potencial dos 12 atletas para protagonizarem novas transferências.
Como funciona
Inicialmente, o Vasco começa com 75% dos tokens, com os outros 25% com a MBDA (20% dos tokens comprados antecipadamente junto ao clube e outros 5% referentes à operação do negócio, como se fosse uma taxa bancária). Depois do lançamento, o Vasco poderá negociar até 50% dos tokens totais, ficando com um número mínimo de 25%. Já a MBDA, até 22,5%, ficando com no mínimo 2,5% dos tokens totais.
Na prática, o Vasco está antecipando recebíveis referentes ao mecanismo de solidariedade que tem direito. Se optar por vender até 50% dos tokens totais, receberá R$ 25 milhões (cada token vale R$ 100, multiplicado por 250 mil tokens).
A título de comparação: em 2018, com a saída de Coutinho do Liverpool para o Barcelona, o Vasco teve direito a cerca de R$ 15 milhões com mecanismo de solidariedade. Se o mecanismo de token estivesse em vigor, com o clube tendo vendido o máximo possível, o dinheiro que ficaria nos cofres seria de R$ 3,75 milhões.
Como já teria vendido R$ 25 milhões em tokens (os 50% do número total), teria trazido para o momento presente um total de R$ 28,7 milhões. Uma ajuda e tanto para o fluxo de caixa. Ainda dentro do exemplo da negociação do Coutinho, o torcedor que comprasse um token, neste cenário, teria direito a R$ 15 milhões divididos por 500 mil, o que dá R$ 30.
Se o Vasco repetir em 2021 e 2022 o resultado que teve com mecanismo de solidariedade nos anos de 2018 e 2019 (cerca de R$ 21 milhões, conforme o balanço do clube), neste cenário, de o clube mantendo 25% dos tokens, ele receberia, em vez dos R$ 21 milhões, R$ 5,2 milhões. Somado aos R$ 25 milhões que recebeu pela venda dos tokens, chegaria a R$ 30,2 milhões. Já o torcedor que comprou um token teria direito a R$ 42.
Como é possível ver nos dois exemplos, o negócio se torna menos lucrativo para o Vasco no longo prazo, a cada mecanismo de solidariedade que o clube tem direito a receber. Já para o torcedor que comprou o token, somente depois de alguns mecanismos de solidariedade que o dinheiro arrecadado poderá superar o investido.
Obviamente, caso queira, o Vasco poderá eventualmente comprar de volta tokens e aumentar sua participação no mecanismo de solidariedade a que tem direito.