Após deixar o São Paulo, Alexandre Pássaro desembarcou no Rio de Janeiro cercado de muita expectativa para assumir o Futebol do Vasco da Gama. Não demorou muito para cair nas graças da torcida e ser considerado o “homem de confiança” do presidente Jorge Salgado.
O vasto currículo, as declarações sempre fundamentadas, os discursos exaltando a grandeza do Clube e o anúncio de contratações, quase que sempre em sigilo, fizeram o executivo ser muito elogiado pelos vascaínos, ganhando até o apelido de “Passarudo”.
Porém, da mesma forma que Alexandre Pássaro não demorou para empolgar a torcida, também não demorou muito para frustrar as expectativas. O time não engrenou e o Vasco termina a Série B sem entrar uma rodada sequer no G4.
O profissional, que sempre teve carta branca com o presidente, já via, a cada rodada, a pressão aumentar. Não só de maneira externa, mas também nos bastidores de São Januário.
Os grupos políticos de situação não escondiam a insatisfação com os rumos do Futebol, cobrando mudanças radicais na pasta. A gota d’água veio com as duas goleadas seguidas, em casa, para Botafogo e Vitória.
A diretoria pretendia definir uma reestruturação apenas ao término do Campeonato Brasileiro, mas a ideia foi muito criticada pelos torcedores, uma vez que o time não tem mais pretensões no torneio.
Diante disso, a alternativa foi antecipar a saída. Ao deixar o Clube, Pássaro redigiu uma carta em que revelou um pedido de demissão programado para o fim da temporada. Disse também estar “extremamente triste e machucado pelo resultado esportivo”.
Mas o que explica o insucesso coletivo e a demissão do diretor de futebol, cerca de um ano após o anúncio? O SuperVasco pontua, a seguir, alguns fatores que contribuíram para o desligamento.
Contratos de produtividade a jogadores em recuperação e/ou em baixa nos clubes
A aposta sempre foi considerada de risco. Oito ou oitenta. O Vasco, que também buscava se reerguer, oferecia a esses atletas uma oportunidade de retomar a boa fase que um dia tiveram, dando a volta por cima. Diante das limitações financeiras, o diretor resolveu apostar.
Se desse certo, seria o casamento perfeito. Mas a realidade que se viu foi muito diferente. Romulo, Michel, Vanderlei, Jabá, Zeca, Sánchez e Morato são apenas alguns dos exemplos de atletas que pouco agregaram, custando a paciência do torcedor.
Rodízio de técnicos
Quando demitiu Vanderlei Luxemburgo, após o rebaixamento, Alexandre Pássaro buscou em Marcelo Cabo o perfil do técnico “conhecedor da Série B”. O nome pouco agradou e logo foi demitido.
A próxima aposta seria “Lisca Doido” que, apesar de contar com a aprovação da torcida, também não correspondeu, complicando ainda mais a situação do time. Por último, a cartada final: Fernando Diniz. Após uma sequência invicta no início do trabalho, deixou o Clube sem conseguir o acesso e com duas goleadas em casa. Vale ressaltar que nenhum dos técnicos conseguiu corrigir o problema da bola aérea, principal dor de cabeça da temporada.
Acúmulo de funções
Quando eleita, a chapa da Mais Vasco planejava contar com uma ampla estrutura organizacional, com CEO, VP de Futebol e diretor técnico. Mas quem acumulou todos esses cargos foi Pássaro, que passou a ter carta branca para comandar a pasta. Diante da centralização, os grupos de apoio se viram muitas vezes em escanteio, sem qualquer participação nas decisões do Futebol, o que provocou desgastes.
Postura nas coletivas
Se nas primeiras coletivas o diretor encantava com o seu poder de persuasão, se comunicando sempre de maneira técnica e muito fundamentada, as últimas entrevistas serviram para estremecer ainda mais a relação com o torcedor e até com a imprensa.
Após o clássico contra o Botafogo, se esperava de Pássaro uma autocrítica, chamando a responsabilidade e assumindo os erros cometidos durante o trabalho. Mas o tom não foi esse. E a impressão para alguns vascaínos foi de prepotência. Separamos, abaixo, reações de torcedores e jornalistas.
Falas de Alexandre Pássaro nesta coletiva só serviram para impor mais humilhação ao torcedor do Vasco. A torcida que já deu e vai seguir dando inúmeras provas de amor ao clube não merecia isso.
— Fernanda Teixeira (@ferteixeira1) November 7, 2021
Fico me perguntando se o Pássaro tá vendo toda a repercussão da sua coletiva de ontem. E, em vendo, o que ele estará pensando.
— ✠SobreVasco✠ (@sobrevasco) November 9, 2021
1º. O Pássaro enumerar rebaixamentos do Vasco pra se defender foi muito baixo. "Tanto faz" quem derrubou o clube no passado; fato é que ele não o reergueu. 2º. Menções do Pássaro ao São Paulo – como se não soubéssemos da tragédia administrativa e financeira lá – são irrelevantes.
— Rodrigo Capelo (@rodrigocapelo) November 9, 2021
Depois da coletiva do Pássaro, depois da postura dele em todas as entrevistas em momentos de pressão, não faz nenhum sentido manter ele no clube. Mesmo que "rebaixe" o cargo, coloque outros, não faz sentido manter esse cara. https://t.co/SU38zX359D
— Pedro Henrique (@ph_caixeiro) November 9, 2021
Por Leandro Oliveira