O técnico Lisca criticou o desempenho do VAR no empate em 1 a 1 entre Vasco e Brasil de Pelotas, em São Januário, na noite da última sexta-feira, 3. Em coletiva após a partida, o comandante cruzmaltino não poupou palavras para falar do gol de Daniel Amorim, anulado aos 37 minutos do segundo tempo.
O jogador do Vasco marcou após aproveitar o rebote da cobrança de falta de Andrey, que bateu na trave. O VAR falhou e não foi possível revisar o lance de impedimento, mantendo a decisão de campo.
“Não tem a mínima discussão. Acabei de ver o lance, ele vem de trás. Não é nem ele que está mais à frente, ele vem de trás. Não tem como marcar um impedimento como aquele. Eu acho que o bandeira foi no protocolo, esperou as linhas, mas, mais uma vez, aqui em São Januário, as linhas não foram traçadas”, disse Lisca.
“Já foi na Série A no ano passado. Este ano, em um momento decisivo do jogo houve um erro gritante de arbitragem. Perdemos um pênalti, falhamos de novo no gol individualmente, coisa que temos que melhorar. Talvez seja a única maneira de o Brasil fazer um gol em nós. Demos o gol para o Brasil. Eles não criaram a situação do gol. Erramos bastante e mais uma vez demos o gol para o adversário. Poderíamos ter saído com a vitória pelo que foi o jogo”, completou.
Com o empate, o Vasco chegou aos 32 pontos, na nona posição da tabela de classificação. A equipe de Lisca volta a campo na próxima segunda-feira, 6, às 20h (de Brasília), quando visita o Avaí, pela 23ª rodada da Série B do Brasileirão.
Vasco pedirá anulação da partida e exclusão do VAR na Série B
Em nota oficial divulgada neste sábado, o Vasco informou que vai pedir a exclusão do VAR na Série B do Campeonato Brasileiro e quer a anulação da partida contra o Brasil de Pelotas. O clube criticou a maneira como a tecnologia de arbitragem tem sido usada na competição, além de ter citado a ação da Comissão de Arbitragem e da CBF.
Leia a nota do Vasco na íntegra
Na noite da última sexta-feira (03/09), a (cada vez mais) questionável arbitragem brasileira intercedeu diretamente no resultado de uma partida do Club de Regatas Vasco da Gama. Mais uma vez. Presenciamos um novo episódio de erros grotescos do VAR, que definiu o resultado do jogo, as posições na tabela de competição e os rumos do campeonato.
Um impedimento inexistente, com distância suficiente para não haver qualquer dúvida no lance do gol do atleta Daniel Amorim, e uma penalidade a favor do atleta Leo Matos, marcada e depois retirada pelo árbitro, o Sr. Alisson Sidnei Furtado, após consulta à tecnologia que teoricamente tem por objetivo otimizar o trabalho dos profissionais em campo, operada pelo árbitro de vídeo, o Sr. Gilberto Rodrigues Castro Junior, mudaram o placar do que seria a vitória do Vasco da Gama sobre o Brasil-RS, em São Januário, pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série B.
Em fevereiro de 2021, pelo Campeonato Brasileiro de 2020, o Vasco já havia sido prejudicado pelo VAR e suas “linhas descalibradas”, no duelo contra o Internacional, em São Januário. A justificativa na ocasião foi “o baixo ângulo das câmeras, em conjunto com a sombra se movendo no campo”. Passados cerca de sete meses desse lamentável episódio, que também interferiu no resultado dentro de campo e poderia ter, inclusive, mudado a posição do Vasco na tabela, evitando o rebaixamento, qual a justificativa para a ausência das linhas de impedimento do VAR novamente? Sete meses depois, as linhas continuam “descalibradas”? Por que, então, a arbitragem não seguiu protocolo da Comissão de Arbitragem e informou aos capitães dos times a ausência da tecnologia? E no jogo contra o São Paulo, pela Copa do Brasil? Por que não temos, até agora, resposta sobre o pênalti não marcado à favor do Vasco e demais erros gritantes?
A CBF decidiu, de forma extemporânea e injustificada, passar a utilizar o VAR a partir do returno do Campeonato Brasileiro da Série B 2021, literalmente no meio do campeonato. O mais inacreditável e desrespeitoso com os clubes que participam da competição, e com suas torcidas, foi a opção da CBF por uma versão “genérica” do já péssimo VAR, com menos câmeras e recursos tecnológicos. O que já era muito ruim, ficou ainda pior e mais injusto, como demonstrado pelos absurdos ocorridos no jogo de ontem em São Januário. No site da CBF, em comunicado oficial sobre o início da utilização do VAR no returno da Série B, uma nota da assessoria de imprensa diz que “os primeiros jogos do returno da competição terão a ferramenta à disposição das equipes de arbitragem, para auxiliar e dar mais precisão e justiça à disputa”. Às pressas, a CBF instituiu o VAR para o returno, já sabendo que a falta de estrutura técnica ocasionaria problemas.
Na Série A, os jogos acontecem com um mínimo de nove câmeras, o que permite minimamente que haja, quase sempre, uma câmera que possibilite a marcação da linha de impedimento (quando não existem, obviamente, os corriqueiros “problemas técnicos”). Ontem, a partida foi operacionalizada com apenas cinco câmeras – como são em quase todos os jogos da Série B – e, no lance do gol legal de Daniel Amorim, não existia nenhuma câmera que permitisse a marcação da linha no pé do atleta. Se existisse, por exemplo, a tradicional câmera atrás do gol – que ontem não existia – a marcação poderia ser ainda mais facilmente realizada.
Isso evidencia que a utilização do VAR, errática mesmo com a máxima estrutura disponível, sem estrutura mínima necessária na Série B, é irresponsável e inconsequente.
Mesmo com todo o investimento destinado pela Confederação Brasileira de Futebol à Comissão de Arbitragem, não há “precisão e justiça à disputa” com o VAR operado desta forma no Brasil. Nem tampouco com a competência de muitos dos árbitros escalados para os jogos. Como o árbitro de ontem, que interpretou um pênalti com convicção e, sem convicção, foi convencido pelo VAR que a interpretação deste último é que estava correta, bem como a inutilidade do VAR, cujo funcionamento é de responsabilidade da CBF.
Na próxima segunda-feira (06/09), representantes do Clube irão até a sede da CBF para protestar contra as inúmeras interferências da arbitragem em partidas do Vasco da Gama, bem como solicitar a exclusão do VAR na Série B. Se o auxílio em vídeo está operando com a quantidade menor de profissionais e estrutura nesse campeonato, como afirmou anteriormente a Comissão Nacional de Arbitragem, e a consequente diminuição na precisão do recurso tecnológico é frequente, não faz sentido operar de uma forma geral. Os atentados continuados contra o fair play e a lisura da competição tem que cessar imediatamente, até que se tenha segurança nos procedimentos e tecnologia adotados. Não podemos permitir que a irresponsabilidade e inconsequência destes que autorizam o VAR a operar dessa forma, atinja os interesses do nosso Clube e a credibilidade da competição.
O Vasco da Gama, já há algum tempo, clama por uma profunda revisão de todo o processo de arbitragem no país. A verdade é que a CBF e sua Comissão de Arbitragem conseguiram inovar e criar um VAR que só existe no Brasil, onde os árbitros de campo são os auxiliares dos árbitros de vídeo, e não o contrário. O protagonismo precisa voltar a ser do futebol, e não dos árbitros, como tem sido em todas as divisões de competições da CBF. Os erros não são isolados. As falhas estão cada vez mais frequentes. Providências precisam ser tomadas, de forma urgente.
O Clube também ingressará no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) com um pedido de impugnação da partida CR Vasco da Gama x Grêmio Esportivo Brasil, realizada na última sexta-feira, no estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, por infrações gravíssimas às regras do jogo que foram determinantes para macular o seu resultado.
O Vasco da Gama espera que a entidade máxima do futebol brasileiro e a Justiça Desportiva atuem de forma efetiva e imediata para evitar que fatos como os aqui relatados voltem a ocorrer, para o bem de nosso futebol.