Por: Carlos Gregório Junior e Carol Canoa
A história que será contada neste texto poderia servir para milhares de jovens que deixaram suas residências bem cedo para tentar a sorte como jogador de futebol, mas o personagem dessa reportagem, diferentemente da grande maioria, vem conseguindo obter sucesso dentro do esporte.
Nascido na cidade de Santana do Ipanema, que fica localizada a 207 quilômetros de Maceió, capital de Alagoas, Dakson Soares da Silva começou a praticar futebol muito cedo num campinho localizado a alguns metros da sua casa. Ao lado de vizinhos, o menino esbanjava talento e causava preocupação na sua mãe, pois muitas vezes matava aula para jogar uma pelada:
- Na infância eu saia da minha casa para jogar num campinho que ficava perto. Eu era criança e queria jogar bola sempre. Às vezes eu matava até aula, deixava de estudar, para ficar no campinho jogando bola. Minha mãe reclamava muito (risos). Ficava o dia todo jogando - disse à Só dá Vasco TV.
Apesar das broncas, o garoto continuou fugindo das aulas e driblando os companheiros de bairro. A rotina seguiu assim até que uma pessoa bastante especial entrar em cena. Trata-se de Chicão, primeiro treinador e descobridor de Dakson. Ao observar o jovem jogando, Chicão não pensou duas vezes e o convidou para fazer parte do seu time de Futsal:
- Eu estava jogando uma vez e um treinador que foi importante na minha carreira, o finado Chicão, me viu e me chamou para jogar futsal num time da cidade. Como eu tinha que jogar de tênis, minha mãe deu um jeito e comprou um tênis para mim. Eu ficava todo bobo e fica olhando tudo, a quadra, o tênis - revelou à Só dá Vasco TV.
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Um dos quadros que estão pendurados na parede da casa de Dakson: Mãe, Dakson no Flu e Pai. |
A passagem de Dakson pelo time da AABB de Santana do Ipanema foi bastante sucedida. Foi graças a esse desempenho dentro das quadras que ele foi convidado para fazer testes em clubes do Rio de Janeiro. O engraçado é que Dakson por pouco não acertou com o Vasco. Isso só não aconteceu porque o responsável por sua ida era torcedor do Tricolor carioca:
- Fiquei seis anos jogando futsal e só depois daí que recebi o convite para fazer o teste lá no Fluminense. Até que surgiu uma proposta do Vasco primeiro, mas como o rapaz que me deu oportunidade era tricolor, ele me levou para o Fluminense - afirmou à Só dá Vasco TV.
Apesar de estar com o teste garantido, Dakson teve que se virar para arrumar condução para ir até a Cidade Maravilhosa. Isso porque seu pai, seu Cícero, não tinha condições de bancar sua passagem. O jeito foi pedir ajuda aos amigos, que não hesitaram em conceder recursos para viabilizar a ida do \"craque da AABB\" para o Rio de Janeiro:
- A gente teve dificuldade, mas meu pai sempre trabalhou e nunca me deixou faltar nada. Ele vai ser um exemplo sempre para mim. Mas a dificuldade sempre existiu, até porque era ele sozinho para cuidar de mim, dos meus irmãos e da minha mãe. No começo foi difícil. Quando eu fui para o Rio para fazer o teste, várias pessoas me ajudaram e arrecadaram dinheiro para bancar a minha viagem. Meu pai não tinha condições e até mesmo por isso eu fui de ônibus. Foram mais de 2500 quilômetros, quase três dias de viagem. Meu pai tem até um papel que contém o nome das pessoas que ajudaram com dois, três, dez reais... Mas o sacrifício valeu e vale muito a pena, pois são coisas que não vou esquecer. Dificuldade vai ter sempre. Agradeço a todas as pessoas que me ajudaram e ao meu pai especificamente, pois é um cara que é um exemplo para mim. Essas pessoas que me ajudaram sempre estarão no meu coração - disse à Só dá Vasco TV.
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Dakson ao lado de seu pai Cícero |
Citado por Dakson, seu Cícero lembra com orgulho do início e da trajetória do filho no futebol. O mesmo fez questão também de revelar como fez para matar a saudade do filho durante o período em que ele atuou na Bulgária:
- O início do Dakson foi muito difícil. Ele começou jogando umas peladinhas atrás de casa e depois passou a jogar na quadra. Ele foi chamado para o Rio por um amigo nosso, fez um teste no Fluminense e passou. Em 2006 ele foi para a Bulgária, onde passou cinco anos, e enfrentou muitas dificuldades. Foi muito difícil para a família também. Eu matava a saudade quando ele vinha em casa. Não tinha como a gente telefonar, até mesmo por isso a gente só se falava quando ele ligava. Ele sempre ligava para mim - relembrou o pai de Dakson em entrevista à Só dá Vasco TV.
Outra adversidade que o meia teve de superar foi o falecimento de sua mãe em 2005, ano no qual ele trocou o Campo Grande pelo Fluminense e se tornou Campeão Mundial sub-20. Com carinho, Dakson lembra que sempre recebeu o apoio da pessoa que o colocou no mundo:
- Minha família sempre acreditou em mim. Minha mãe, que faleceu em 2005, e meu pai principalmente - lembrou emocionado à Só dá Vasco TV.