Carlos Germano, Filipe Alvim, Alex Pinho, Mauro Galvão e César Prates; Nélson, Nasa, Juninho Pernambucano e Ramon; Edmundo e Evair. Foi assim que Antônio Lopes mandou o Vasco a campo na noite de 3 de dezembro de 1997, para o penúltimo jogo da fase semifinal do Campeonato Brasileiro daquele ano. O adversário era o arquirrival Flamengo, no palco maior do futebol carioca, o Maracanã.
Faltando apenas dois jogos para o fim da fase semifinal, o Gigante da Colina liderava seu grupo com 10 pontos, três à frente do Flamengo. Com Portuguesa e Juventude matematicamente desclassificados, uma vitória do cruz-maltino sobre o rubro-negro colocaria o time de São Januário em mais uma decisão de Brasileirão.
Nas arquibancadas ocupadaspelos vascaínos, um sentimento misto de tensão e conforto pairava no ar. Tensão por se tratar de um grande clássico e pela ainda viva lembrança da eliminação no Campeonato Brasileiro de 1992, no qual o Gigante da Colina também fizera grande campanha. Conforto pela camisa 10 naquela competição estar sendo vestida por um niteroiense de nome Edmundo Alves de Souza Neto.
Logo aos 16 minutos da primeira etapa, o Animal mostrou suas garras pela primeira vez. Edmundo tabelou com Evair e saiu livre, perto da meia-lua da área adversária. Com poucos toques na bola e com muita velocidade, o caminho para o gol ficou curto, o goleiro Clemer no chão, e a rede escancarada para o ídolo vascaíno estufar as redes flamenguistas.
Ainda na primeira etapa, o volante Nelson foi expulso. Nada que abalasse a confiança dos cruz-maltinos. Aos 10 minutos da etapa final, Juninho Pernambucano fez lançamento da linha central. Contando com a sorte que só cabe aos grandes campeões, a bola bateu nas costas de Edmundo e tirou Junior Baiano e Clemer da jogada. A rede ficou mais uma vez desprotegida, à espera do 28º gol do Animal no torneio e do segundo do Vasco na partida.
O Flamengo tentou se aproveitar do fato de estar com um a mais e se lançou ao ataque. Aos 39 minutos, Alex fez falta em Renato Gaúcho dentro da área. Penalti que Junior Baiano cobrou fora do alcance de Carlos Germano: 2 a 1 para o Vasco.
O melhor ainda estava por vir. Faltando três minutos para o fim da partida, Edmundo recebeu a bola na intermediária e lançou Maricá na ponta direita. O lateral cruzou para o próprio camisa 10, que aparecera livre na grande área. Bola dominada, a defesa do Flamengo se desesperou e dois jogadores foram marcá-lo.
Galvão Bueno anunciara na transmissão da TV Globo: aí ele é terrível. E era mesmo. O Animal ameaçou puxar a bola para perna direita, mas com uma ginga rápida limpou os marcadores e chutou de canhota, no cantinho. A jogada foi rápida, mas sua incursão na história, eterna. O terceiro gol do Vasco naquele jogo foi o 29º de Edmundo na competição, estabelecendo um novo recorde de gols na história do Brasileirão. A dança do craque na comemoração foi marcante, repetida por vascaínos nos campos de pelada Brasil a fora ainda hoje, 15 anos depois.
Uma jogada genial, que coroava o ano sensacional de Edmundo com a camisa do Vasco. E a imensa torcida do Vasco, bem feliz, cantou extasiada: Ah, É Edmundoooo! A vaga na final já estava garantida e o tricampeonato cada vez mais perto.
Aos 45 minutos, Maricá arrancou pela direita, fintou o zagueiro e chutou no canto, decretando a goleada vascaína, a chegada a final e, de quebra, a eliminação do maior rival. Uma exibição de gala, cujo prêmio viria em 21 de dezembro: a taça de campeão brasileiro.
Na VascoTV desta quinta (20/12) e da próxima semana (27), todos os detalhes desse jogo que entrou para a história do Vasco, contados pelos protagonistas da partida. Fique ligado!
Edmundo comemora seu terceiro gol sobre o Flamengo