Estrela nunca faltou a Romário. E hoje, mais do que nunca, o Baixinho precisará contar com a sorte que sempre o acompanhou para classificar o Vasco contra o América, do México, às 21h50min, em São Januário, pelas quartas-definal da Copa Sul-Americana. Bater o rival por três gols em dia de jornada dupla, como técnico e jogador, é tarefa possível para quem se acostumou a surpreender.
O histórico do Baixinho de saber sair de situações difíceis e quebrar tabus começou em 89, pela Seleção Brasileira. Há 40 anos sem o título da Copa América, o Brasil foi conduzido por Romário à conquista em pleno Maracanã. Quatro anos depois, o Baixinho, já jogador do Barcelona, prometera marcar três gols no dérbi com o Real Madrid. O Barça venceu por 5 a 0 e Romário balançou três vezes a rede do rival.
No ano seguinte, talvez a mais dura missão da carreira. Levar a Seleção Brasileira à conquista do tetracampeonato no Mundial de 94, nos Estados Unidos. Sem vencer uma Copa há 24 anos, o Brasil quebrou o jejum em território norteamericano graças à performance fora de série de Romário, autor de cinco gols no Mundial.
Os milagres seguintes do Baixinho ocorreram por Flamengo e Vasco, ambos pela Copa Mercosul. Em 99, seu último ano na Gávea, Romário marcou quatro gols na goleada de 7 a 0 sobre o Universidad do Chile.
Para se classificar, o Rubro-Negro precisava, ao menos, vencer por quatro gols de diferença.
Já em 2000, com a camisa do Vasco, talvez a maior virada de Romário: a vitória de 4 a 3 sobre o Palmeiras, em pleno Parque Antarctica, após estar perdendo por 3 a 0.
Por essas e outras, é bom não duvidar do Baixinho em sua dupla jornada hoje. Afinal, estrela ele tem, seja no gramado ou no banco.
RIO
Foi, provavelmente, a primeira e última experiência de comandar um treino como técnico.
Mas Romário fez questão de marcar sua passagem na nova função.
Sob os olhares de várias câmeras, torcedores e jornalistas, o Baixinho subiu ao gramado de São Januário, por volta das 16h, vestido com um colete branco para comandar a atividade como treinador.
Em um dos cantos do gramado, ele permaneceu conversando com Rubens Júnior, afastado por Celso Roth devido à falha diante do Flamengo, e apenas observou a corrida dos outros jogadores. Tudo preparado, Romário começou a escolher os titulares e surpreendeu como todo novo treinador que chega ao clube.
No lugar de Silvio Luiz, estava Cássio. Luizão aparecia na zaga, Amaral voltava ao lugar de Andrade e Leandro Bomfim garantia uma vaga no meio-de-campo.
No ataque, a grande expectativa.
Romário não se escalou. Deixou Leandro Amaral formar dupla com Alan Kardec e nem mesmo ficou no time de reservas. Cumpriu seu papel de treinador, parando o treino, indicando aos zagueiros qual o melhor posicionamento.
Mas no segundo tempo, tudo mudou. O “treinador” Romário resolveu dar uma chance ao “jogador”.
E o Baixinho entrou em campo na vaga de Alan Kardec para, logo aos três minutos, ensinar como se faz. Com um gol de voleio, arrancou aplausos e pôs os titulares na frente.
Wagner Diniz, machucado, deu lugar a Eduardo; Vilson entrou na vaga de Luizão; e Rubens Júnior substituiu Guilherme na esquerda.
Conca marcou o segundo gol dos titulares, e o primeiro coletivo da brevíssima Era Romário chegou ao fim após uma hora. E ficou decidido que o novo treinador vascaíno começará o jogo de hoje no banco.
Até quando? Como ele mesmo disse, isso fica para o técnico decidir.