Na esteira do debate sobre a regulamentação do clube empresa no país, um estudo técnico feito pela consultoria legislativa aponta que o tempo médio para os clubes brasileiros quitarem suas dívidas atuais é de 10 anos.
A pedido do deputado federal Pedro Paulo (DEM-RJ), relator do projeto de lei que cria o clube-empresa, foi feita a análise da contabilidade de 19 times (sendo 16 da Série A deste ano) referente a 2018, e alguns casos são mais dramáticos. Como o Santos e a Chapecoense que, pelos números, jamais conseguiriam pagar seus passivos. O Cruzeiro, por exemplo, levaria mais de 200 anos.
O Botafogo vem logo em seguida com 34 anos até quitar tudo o que deve. Já o Flamengo , segundo os cálculos, precisa apenas de três anos. Vasco e Fluminense estão mais perto da média, com 6 e 9 anos, respectivamente.
O estudo conclui que, apesar das dívidas, o mercado de futebol no Brasil é promissor aos investidores estrangeiros. Tanto pela receita líquida total dos clubes analisados (cerca de R$ 5 bilhões) quanto pela rentabilidade positiva de metade deles.
A análise econômica leva em consideração a lista da Forbes dos 20 clubes mais valiosos do mundo. Segundo o estudo, os brasileiros mais bem sucedidos, como Flamengo, Palmeiras e Grêmio, por exemplo, têm índices de rentabilidade próximos à média europeia. Além disso, se as dívidas forem contabilizadas em dólar, o total não chega a US$ 2 bilhões.
Um cenário convidativo ao exterior caso os clubes se transformem em sociedades anônimas.
Encabeçando as maiores receitas líquidas estão os clubes do Sul/Sudeste. Mais da metade da receita total dos 19 times analisados está concentrada entre Palmeiras, Flamengo, Corinthians, São Paulo, Grêmio e Cruzeiro. Destes, Corinthians e Cruzeiro foram os únicos a terem déficit ano passado e rentabilidade negativa.
O Vasco, que teve R$ 249 milhões em receita, aparece no topo da lista de superávit (R$64,9 milhões)e rentabilidade (26%). Enquanto Botafogo e Fluminense estão no negativo.
De acordo com o estudo, boa parte da receita dos clubes vai para os gastos com pessoal. Em média, 50% do que arrecadam são usados na folha de pagamento. O percentual é menor entre os times que mais arrecadam. No caso, Palmeiras, Grêmio, São Paulo, Flamengo e Corinthians, variam entre 29% a 48%.
O estudo avalia que o modelo associativo engessa a busca por receitas diversas pelos clubes. Atualmente, o montante vem dos associados ou de empréstimos. Quase todos os 19 têm despesas financeiras acima do que arrecadam.
Logo, devido às dificuldades na entrada de receita ao longo dos anos, os clubes têm privilegiado alguns credores em detrimentos de outros. No caso, o Fisco tem sido preterido. Os débitos tributários representam, em média, 36% das dívidas.
Botafogo (41%), Vasco (50%) e Fluminense (35%) não fogem muito da média. Já o Flamengo tem 86% das suas dívidas em débitos tributários, que vêm sendo refinanciados ao longo dos últimos anos após a inclusão no Profut, mas permanecem no patamar atual.
Os clubes analisados são Atlético-MG, Atlético-PR, Bahia, Botafogo, Chapecoense, Corinthians, Coritiba, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Goiás, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo, Sport, Vasco da Gama e Vitória. O estudo se baseou nos relatórios "Finanças dos clubes brasileiros em 2018" de autoria da Sports Value, e "Análise Econômico-Financeira dos Clubes de Futebol em 2018" de autoria do Itaú BBA1.