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Estudo sugere venda de álcool apenas em áreas VIP do Maracanã

Em abril de 2008, o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, assinou termo em que proibia a venda de bebidas alcoólicas nos estádios em partidas organizadas pela confederação. A medida polêmica, que visava reduzir a violência nos estádios, foi adotada em todo o país chegando a tomar forma de lei em alguns estados como São Paulo e Minas Gerais. Passados cinco anos, o tema voltou à tona após a Fifa exigir a liberação de cerveja nos estádios durante a Copa das Confederações e o Mundial de 2014.

Exclusividade para os eventos da entidade máxima do futebol, a comercialização de bebidas alcoólicas também deve tornar-se de uso restrito no novo Maracanã. No estudo de viabilidade econômica do complexo do Maracanã ao qual o Yahoo! Esporte Interativo teve acesso exclusivo, a IMX Venues, vencedora da licitação, argumenta a necessidade de o consumo de bebidas alcoólicas ser liberado nas áreas VIP do estádio.

Nesta sexta-feira, saiba quanto o governo irá receber por 35 anos de concessão do Maracanã.

A proposta, segundo a empresa de Eike Batista, fundamenta-se não apenas na geração de receitas para os administradores através da venda direta de cerveja, mas ao \"criar um ambiente de hospitalidade nos moldes internacionais\" (confira trecho do estudo que comenta tal situação).

Estudo propõe liberação de cerveja apenas para setores VIP do Maracanã.

Antropólogo e professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Renzo Taddei classificou a sugestão dada pela IMX como \"imoral\". Para o acadêmico, a situação é um reflexo de uma sociedade racista e discriminatória onde os mais pobres consideram normal certos privilégios concedidos às classes mais altas.

\"Essa proposta é imoral. E o mais assustador é que as pessoas acham natural que os ricos possam consumir álcool nos estádios, e as pessoas de classes mais baixas não. Afinal, esse panorama de privilégio não existe em quase todas as outras esferas da vida no Brasil? Em nosso país, riqueza é entendida como sinônimo de privilégio. Isso evidencia uma sociedade está fundada em racismo e discriminação de classe\", comentou Renzo, para em seguida fazer uma ressalva: \"O futebol poderia ser um instrumento na democratização das relações sociais; mas, para isso, os objetivos e metas associados às atividades esportivas não podem ser estabelecidos em função de interesses de investidores privados.\"

Outro a dar sua opinião sobre o assunto, o sociólogo do CPDOC da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Bernardo Borges Buarque de Hollanda comparou a proposta às práticas de distinção aristocrática no século XIX e enxergou na possibilidade especulada pela IMX uma troca do paradigma da participação do torcedor no Maracanã.

\"De certa maneira, podemos fazer um paralelo com a busca de distinção social, que existia nas artes de espetáculo da aristocracia no século XIX. Ainda que fosse também um discurso e uma ideologia, o desejo de congraçamento inter-classista e multirracial do Maracanã quando construído vê-se, ele próprio, ruído com a edificação de uma arena que coloca essas barreiras e essas diferenciações socioeconômicas entre seus torcedores, agora convertidos em consumidores\", apontou o professor da FGV.

Membro do Comitê Popular da Copa tem restrições à proibição

Por outro lado, o membro do Comitê Popular Rio para Copa e Olimpíadas, Gustavo Mehl, apesar de fazer coro contra o privilégio dado ao público presente nos setores mais exclusivos do Maracanã, posicionou-se de maneira contrária à proibição.

\"A cerveja antes ou depois da partida sempre fez parte dessa cultura torcedora, de forma natural. Não vejo de que forma ela interfere na violência no futebol\", disse. \"O que incomoda é que essa proibição seja desfeita para atender interesses comerciais de certas empresas e da Fifa.\"

Procuradas pela reportagem do Yahoo! Esporte Interativo, a Secretaria de Estado da Casa Civil e a IMX Venues não atenderam aos pedidos de entrevista para a realização desse especial.

Fonte: Yahoo Esporte Interativo
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