Eurico Miranda, presidente do clube, aproveitou a coletiva de apresentação do projeto do Centro Avançado de Prevenção, Reabilitação e Rendimento Esportivo (Caprres) para afirmar que, em 11 meses de gestão, já pagou mais de R$ 80 milhões em dívidas, o que chamou de milagre. Entre os contemplados, estão muitos dos cerca de 150 funcionários demitidos na virada do ano, mas não todos. E quem não aceitou o acordo, gera penhoras.
Em conjunto com o departamento jurídico do Sindicato de Funcionários de Clubes do Rio de Janeiro (Sindeclubes), os advogados vascaínos fizeram acordo com a maior parte dos demitidos em dezembro passado. Alguns valores acertados foram pagos no ato, enquanto outros, maiores, foram reparcelados. De acordo com o vice-presidente jurídico Paulo Reis, a pendência com os funcionários está sob controle.
- A maioria já recebeu. Com outros, fizemos acordos. Como exceção, uns 15 ex-funcionários entraram na Justiça, com o advogado da oposição - explicou.
O homem em questão é Alan Belaciano, advogado também da chapa de Julio Brant, derrotada no último processo eleitoral vascaíno. Com ele, há uma minoria que tenta receber via judicial os valores referentes a salários atrasados, férias, 13º e fundo de garantia. Segundo ele, os acordos feitos pelos ex-funcionários via Sindicato beneficiaram o clube da Colina.
- Não contemplaram o de direito pelos atrasos. O Vasco foi de uma irresponsabilidade muito grande. Pode ter certeza de que o passivo é muito grande, é uma questão de legado - afirmou.
Nas contas vascaínas, o déficit gerado pelas demissões gira em torno de R$ 2 milhões. Para o advogado, o desfalque será maior. Somente em uma ação de um dos demitidos, a cobrança, atualmente em R$ 300 mil, pode chegar à casa dos milhões, dependendo da duração do processo. Além disso, outra medida judicial que o advogado tem utilizado é a penhora. Antes da partida contra o Grêmio, o clube teve a ameaça de perder renda do jogo, mas recorreu da ordem.
Quando a cobrança não vai para a Justiça, o Vasco tem conseguido quitar suas dívidas. Em um caso que se arrastava há anos, o clube diminuiu o valor cobrado pela família do ex-atacante Dener pela metade (de R$ 1 milhão para 450 mil) e o dividiu em nove parcelas de R$ 50 mil.