Futebol

Eurico coleciona polêmicas à frente do Vasco

As interferências do presidente interino do Vasco, Eurico Miranda, na parte técnica do futebol não são raras na recente história cruzmaltina. Atento aos interesses do clube, como o próprio clamou em entrevista coletiva nesta quarta-feira, o polêmico dirigente notabilizou-se durante os últimos anos por controversos mandos e desmandos na Colina, semelhantes ao que ocasionou a saída de Romário do comando do time.

Qual torcedor vascaíno não se lembra da conturbada dispensa do artilheiro Luizão, em 1999, ou da demissão do técnico Oswaldo de Oliveira, em plena semifinal do Brasileiro de 2000? Segundo Eurico, em ambas as situações, os interesses do Vasco prevaleciam.

Porém, no caso do atacante, o dirigente teria "bancado" a escalação de Luiz Cláudio, em um clássico contra o Fluminense, no lugar de Luizão, que teve seu contrato rescindido por tê-lo procurado para cobrar salários atrasados. Como justificativa, Eurico afirmou que Luizão tinha "problemas com bebida".

No ano seguinte, tudo indicava que Oswaldo deixara a Colina por ter cumprimentado calorosamente Luiz Felipe Scolari no gramado de São Januário, descumprindo sugestão do dirigente, que recebera um não do atual técnico da seleção portuguesa para dirigir o Vasco. Posteriormente, surgiu a versão de que em razão do empate em casa com o Cruzeiro, Eurico ordenara um treinamento no dia seguinte, o que foi ignorado pelo treinador. O somatório das atitudes levou à demissão de Oswaldo. Mais uma vez, o lado mais fraco da corda cedeu.

Em certa ocasião, Oswaldo chegou a dizer: "Respeito muito o Vasco. Voltaria a treinar o time, desde que a diretoria mudasse".

Hoje de volta ao clube, o ídolo Edmundo saiu magoado com Eurico nas duas últimas oportunidades em que esteve sob contrato com o Vasco. Em 2000, porque não concordava com todos os privilégios que Romário adquiriu dentro e fora de campo, e em 2003, quando lhe foram prometidos mundos e fundos posteriormente não cumpridos. O Animal, inclusive, moveu uma ação na Justiça contra o clube nessa ocasião, negociada entre as duas partes há apenas um mês.

Vale lembrar também a ocasião em que o dirigente cruzmaltino invadiu o gramado de São Januário pra tirar satisfações com o árbitro Paulo César de Oliveira, que havia expulsado três jogadores do Vasco, no Brasileiro de 1999, contra o Paraná.

Cerca de três anos depois, uma parceria que Eurico havia firmado com o Olaria levou vários jogadores do Cruzmaltino para o time da Rua Bariri, que assim disputariam o Campeonato Carioca. Entretanto, esses atletas foram proibidos de enfrentar o Vasco, o que desfalcou seriamente a equipe suburbana, que mal contava com um número mínimo de jogadores para compor o banco de reservas. Na ocasião considerado um alarde, atualmente a medida pioneira se tornou até comum em algumas negociações pelo Brasil.

Outro fator que diferencia o Gigante da Colina de outros clubes são as constantes "visitas" de Eurico aos treinamentos, sobretudo antes de clássicos decisivos e/ou jogos contra o Flamengo.

Inesquecível também foi a intromissão do dirigente, por meio de Romário, no comando da equipe em 2005, quando os seguidos insucessos dos comandados de Dário Lourenço no Campeonato Brasileiro fizeram com que o Baixinho "indicasse" alguns jogadores para o time titular. Logo depois, Dário caiu e Renato Gaúcho assumiu.

Na época, Romário chegou a revelar:

- Não sou eu quem mando. As coisas que faço é a pedido deles (diretoria) ou com o consentimento deles - garantiu, para depois completar:

- Apenas passei uma coisas pra ele (Dário) que eu achava corretas...

Essa colecão de atos, justificados por Eurico como sendo "de acordo com os interesses do Vasco\", ganhou mais um integrante numa sugestiva quarta-feira de cinzas. Dessa vez, porém, a queda de braço foi dura. Eurico teve seu maior desafio ao ver pela frente a quem sempre tratou como filho.

O Baixinho, seu protegido, pessoa pela qual o dirigente tem extrema gratidão e apreço, disse não à intromissão na escalação da equipe, pediu o boné, e o fez ficar desconcertado perante à imprensa, à isolada estátua no gramado e à imortalizada camisa 11.

O caso Alan Kardec, assim, tornou-se a primeira ingerência no futebol a ser assumida por Eurico, que não contente com a revelação, garantiu que continuará agindo à sua maneira.

- O Romário achou que não deveria ter essa interferência. Só que eu, seja
com quem for, quando acho que tenho que interferir, eu interfiro mesmo, não importa se é o Romário ou qualquer outro - bradou.

Sinal de que os tempos na Colina estão longe de mudar.

Fonte: Lancepress
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