Nesta reta final de 2017 é importante mostrar aos vascaínos as esperanças e preocupações com o futuro de nossa Instituição. Desde que voltei à Presidência do Vasco, em dezembro de 2014, nunca escondi a difícil condição patrimonial, esportiva e financeira deixada pela administração anterior. Mas também sempre afirmei que, com tempo e determinação, era possível reverter o quadro.
Muitos afirmam que em clube uma administração sempre deixa dívidas para a outra. É verdade. Porque quem assume o bônus tem a obrigação de assumir o ônus. Mas o que foi deixado foi terra arrasada. Só a cegueira de quem tem posição política contrária a qualquer iniciativa nossa não admite que o cenário deixado fazia o Vasco caminhar para a insolvência.
O patrimônio destruído foi recuperado. A recuperação esportiva é evidente, desde a base ao futebol profissional, sem falar nos outros esportes.
Mas a situação financeira ainda é preocupante. Por quê?
Porque a administração anterior cometeu dois erros pelos quais o Vasco paga até hoje: o primeiro, assinar um contrato de televisão que nos colocou, num período de dez anos, com menos 500 milhões de reais destinados a dois clubes brasileiros e menos 200/300 milhões de reais do que alguns outros. Quando deixei o Vasco em 2008, nós recebíamos o mesmo que Corinthians, Flamengo, Palmeiras e São Paulo. Não se tira uma diferença de 500 milhões de reais sem mudar os contratos, o que acontecerá a partir de 2019.
O segundo foi abandonar qualquer responsabilidade financeira e fiscal, o que levou o clube ao colapso no período 2013/2014. Essa herança está sendo enfrentada porque só assim haverá recuperação da capacidade de investimento. O Vasco foi obrigado a pagar dívidas ou fazer acordos de pagamentos de todos os tipos, incluindo 10 milhões de reais à Cedae, 12 milhões de reais por determinação da Fifa pelo passe de Éder Luiz, dezenas de jogadores, fornecedores e impostos. Para que o vascaíno tenha ideia do que foi herdado, esta semana – três anos depois de tomarmos posse – fomos informados da cobrança imediata de 600 mil libras esterlinas (mais de 2,5 milhões de reais) por comissões de intermediação pela vinda do atacante Tenório.
Em meio a toda essa situação, ainda tivemos que enfrentar a sabotagem frequente do grupo que comandou a administração passada e agora tenta voltar ao Poder. Eu tinha a certeza do trabalho desenvolvido e que a recuperação esportiva do Vasco daria um passo importante neste ano de 2017. A base do futebol caminhava bem e o time profissional estava sendo ajustado para brigar por uma vaga na Libertadores, mesmo com a capacidade de investimento limitada e as dificuldades da crise econômica que atinge o Brasil e, em especial, o Estado do Rio.
Mas o mais difícil foi enfrentar a guerra interna. Para os que passaram antes por aqui, o Vasco não pode dar certo. O que aconteceu na partida contra o Flamengo não saiu do nada e vinha sendo preparado desde o jogo contra o Corinthians. Perdemos seis mandos de campo, tivemos uma queda no campeonato e muitos prejuízos. Mas a recuperação veio, mesmo em meio a uma campanha eleitoral que nos obrigou a transferir os jogos de São Januário para o Maracanã com o objetivo de preservar a equipe.
Mas a ação de sabotagem não parou. Parceiros e possíveis futuros parceiros foram procurados para que negócios com o Vasco não se efetivassem. A mídia foi alimentada diariamente com matérias para desmoralizar o clube. Jogadores receberam recados de que não iriam receber seus salários. O objetivo era a asfixia financeira para impedir que o time chegasse aonde podíamos chegar. Mas chegamos contra tudo e contra todos.
E no momento em que precisamos planejar 2018 a sabotagem continua. A manipulação da opinião pública com o objetivo de pressionar a Justiça é evidente. Os vascaínos sabem que faremos tudo para preparar o Vasco para os desafios do próximo ano, mesmo com as limitações financeiras ainda existentes. Terminaremos este ano numa situação muito melhor do que a encontrada em 2014, mas denunciaremos todas as situações que continuam sendo forjadas para prejudicar a montagem da estratégia de um ano que pode representar um novo salto no momento do Vasco.
Eurico Miranda
Presidente