Candidato na próxima eleição para presidência do Vasco, Eurico Miranda respondeu na noite desta sexta-feira, de sua casa, a perguntas de torcedores via twitcam. A transmissão ao vivo na internet, que durou uma hora e 40 minutos, era acompanhada por pouco mais de 400 pessoas, em média. O ex-dirigente não se furtou a tocar em assuntos polêmicos e não rejeitou o rótulo de "paz e amor" que vem sendo atribuído a ele em sua campanha para voltar ao poder no clube.
- O que eu tenho que dizer para todos que colocam isso, principalmente para o pessoal da mídia, que está muito preocupado se tem um Eurico paz e amor, é que as pessoas não são as mesmas a vida inteira. Você era uma coisa há 20 anos, passa a ser outra há dez, e por aí afora. Eu posso estar sendo considerado como Eurico paz e amor, mas uma coisa vocês podem estar certos: estou com uma disposição maior do que tinha quando iniciei no Vasco. Disposição no sentido de resgatar o Vasco. O Vasco não pode mais passar por essas humilhações. Se vai ser no estilo Eurico paz e amor, é outra coisa. Garanto disposição no Vasco - afirmou o atual presidente do Conselho de Beneméritos.
O termo ganhou notoriedade no Brasil com Lula, que mudou seu estilo entre 1989 e 2002, quando assumiu a presidência da República. De sisudo e estourado, passou a ser afável. Eurico, entanto, mostrou que ainda sai do sério em determinadas situações. Como quando foi questionado sobre a condução das categorias de base do Vasco.
- Eu vou ter de usar um termo que não gostaria. O problema das categorias de base do Vasco é sacanagem! Vocês estão vendo que o Eurico paz e amor é mais ou menos. O problema é sacanagem. O Vasco era exportador de know how na formação de atletas, e transformaram isso com gente se vendendo, empresário se metendo, abandono total.
Segundo o ex-presidente, seu pique é maior até do quando começou.
- Querida, disse a você que estou com disposição maior que quando comecei. E estou com a cabeça melhor, hein? Estou mais tranquilo - avisou para uma torcedora.
Perto de completar 70 anos, Eurico admitiu que ter saído do dia a dia em São Januário teve um lado positivo, que foi o de cuidar mais da saúde, que esteve debilitada. Mas, à exceção da faceta aparentemente mais serena, pouco mudou de lá para cá em sua vida pessoal.
- Produção não tem nenhuma. Não há hipótese de me produzir. Podem dizer que não gostam do meu suspensório, mas eu uso porque tenho uma barriga, se não usar minha calça vai cair. Charuto: devo dizer a vocês que fumei durante 40 anos, muito cigarro. Simplesmente larguei, deixei de fumar. Passei sete anos sem fumar. Mas aí o Vasco foi o culpado. Começou a ganhar tanto que para comemorar as vitórias comecei a fumar um charuto. Me dava prazer. Hoje vocês não estão me vendo de charuto, mas não quer dizer que abandonei. Não tem nenhuma produção, é isso que vocês estão vendo.
'Deixei uma dívida equacionada'
Crítico ferrenho da administração de Roberto Dinamite, o cartola garantiu que deixou o Vasco organizado e que as dívidas não eram sufocantes como agora.
- Deixei uma dívida absolutamente equacionada. Deixei o Vasco com a situação regularizada. Com todas as Certidões Negativas com efeito de Positivas, no INSS, na Receita Federal, regularizado no fundo de garantia deixei tudo equacionado. As dívidas que tínhamos de natureza particular, todas elas foram equacionadas.
Sobre o sentimento em relação ao Flamengo, Eurico retomou a ironia. A pergunta era se ele ainda queria "matar o Flamengo". Em sua época, diversos treinadores perderam o emprego no clube cruz-maltino após derrotas para o arquirrival.
- Claro, vou querer sempre. Já disse a você qual o maior prazer que tenho. Eu tenho mais prazer de ganhar do Flamengo do que qualquer conquista que tem aí. É uma satisfação maior. Agora, eu quero que ele morra, no sentido de que... ele ressuscita, a gente mata de novo, ele ressuscita, a gente mata de novo. A morte definitiva do Flamengo seria um mal. A gente ia matar quem?
O tema tapetão também surgiu na pauta. E Eurico culpou a CBF pelo imbróglio no fim do Campeonato Brasileiro, cuja possível virada de mesa por ações judiciais pode até livrar o Vasco.
- A culpa é da CBF. Juridicamente, não tem solução. Só tem solução política. Vamos ver se eles têm coragem de fazer a solução política.
O ex-presidente prometeu fazer uma série de aparições deste tipo até a eleição, que deve ser marcada para julho ou agosto. Ele é o único oposicionista que é contra a antecipação da data do pleito, cogitada fortemente desde o fim de 2013. Além de Eurico Miranda, há outros dois candidatos confirmados: Roberto Monteiro e Nelson Rocha. Após idas e vindas, Fernando Horta e Jorge Salgado definem nas próximas semanas se formarão uma aliança ou não.