Eurico Miranda, no primeiro dia oficial na cadeira na presidência do Vasco, acusou o advogado Marcello Macedo, o presidente Roberto Dinamite e o ex-vice-presidente jurídico Roberto Duque Estrada de fazerem um acordo em prejuízo do clube. Em entrevista coletiva nesta tarde, Eurico disse que houve um conluio entre as partes para uma ação com valores superiores a R$ 4 milhões. O GloboEsporte.com entrou em acordo com os três personagens - Dinamite não atendeu às tentativas por telefone -, que procuraram explicar o caso e se defenderam do que disse o novo presidente do Vasco. Segundo Duque Estrada, o valor informado por Eurico está errado: o acordo foi realizado por R$ 3,2 milhões - exatos R$ 1 milhão a menos do que o novo presidente denunciou na coletiva de imprensa.
Marcello Macedo preferiu se pronunciar por meio de um texto escrito. Ele diz que a questão de Eurico contra ele "é meramente pessoal", chamou as declarações do novo presidente de inconsequentes e o alfinetou com novas críticas.
- Me sinto bastante honrado em ser considerado um “inimigo” do Sr. Eurico Miranda, sobretudo pela nossa discrepância conceitual sobre moral, ética e bom senso - escreveu Macedo, que adiantou que vai mover um processo por danos morais contra o presidente do Vasco.
Ex-vice-jurídico do Vasco, Duque Estrada lembrou que a contratação de Macedo é bem anterior à sua chegada ao clube. O advogado prestava serviços ao Vasco desde o início da gestão Dinamite, em 2008. Duque Estrada passou a responder pelo departamento no ano passado. Eurico revelou os vencimentos de Macedo pagos pelo Vasco. O advogado recebia em honorários advocatícios R$ 30 mil mensais.
- O contrato dele tinha uma remuneração que não estava sendo paga pelo Vasco. O clube precisava regularizar isso. Marcello até deu um desconto razoável. Nada de conluio, não tem isso. Apenas o pagamento de uma dívida que o Vasco reconhece com um advogado por seus serviços prestados - disse Duque Estrada.
O ex-vice-presidente do Vasco lembrou processos que Marcello Macedo conseguiu bonificação em defesa do Vasco e citou o caso Romário.
- (A dívida) Era um valor mensal que deveria ter sido pago por dois anos, além de porcentagem em relação a êxito nos processos. Até tem a ver com a dívida do Romário, a redução que conseguimos. Esse valor é uma combinação disso. É menos de R$ 4 milhões. Pelo que lembro ficou em R$ 3,2 milhões com o desconto. Se o Marcello fosse executar a dívida, o que seria um direito dele, chegaria quase a R$ 5 milhões. Foi tudo parcelado a longo prazo de forma transparente. Mas é óbvio que foi feito rapidamente. Era preciso resolver na gestão Roberto. Com o Eurico ele não iria receber nada - afirmou o ex-dirigente do Vasco.
No documento distribuído à imprensa após a coletiva, não havia a cláusula 2.2 do acordo, que falava da forma de pagamento e das parcelas previstas para quitar a dívida com o advogado. Segundo Duque Estrada, ali estava especificado o valor correto, de R$ 3,2 milhões.
Confira a resposta do advogado Marcello Macedo a Eurico Miranda:
"Prezados,
Ao Sr. Eurico Miranda
Sirvo-me da presente, em resposta às suas inconsequentes declarações, como soe acontecer, acusando o acordo firmado entre o meu Escritório e o Vasco da Gama, de um conluio entre os seus partícipes, envolvendo inclusive a antiga administração.
Como a moderação jamais ditou o ritmo de suas declarações e a contundência e o rancor sempre foram marcas registradas, apenas posso atribuir a intempérie ao temperamento irascível e belicoso e tomá-lo como reconhecimento ao brilhante trabalho que meu Escritório realizou durante o período em que cuidamos das ações cíveis do Vasco da Gama.
Me sinto bastante honrado em ser considerado um “inimigo” do Sr. Eurico Miranda, sobretudo pela nossa discrepância conceitual sobre moral, ética e bom senso.
Sei que para ele é difícil apagar as magoas, pois ainda guarda na memória a contundente derrota que sofreu no processo de anulação das eleições de 2007 e em todos os demais processos que envolviam seus interesses, principalmente na ação de regresso movida pelo Vasco da Gama para se ressarcir dos prejuízos que foram causados por ele em suas infelizes declarações no episódio envolvendo o grande ídolo Edmundo, em que achincalhou a reputação dos Desembargadores.
Entretanto a lição de nada serviu, infelizmente não houve cunho educacional na pena pecuniária imposta.
A história se repete agora, com a convocação de uma coletiva para afirmar a existência de conluio em razão de acordo celebrado para pagamento de uma dívida inquestionável.
Primeiro é importante verificar que diferente das confissões de dívidas assinadas pelo Sr. Eurico Miranda, em sua gestão anterior, em que nenhuma delas se relatava a ORIGEM DA DÍVIDA e que não são poucas, a confissão de dívida do Vasco da Gama com o Escritório Marcello Macêdo tem item por item descriminado para evitar qualquer questionamento e tudo, rigorosamente tudo, embasado em contratos.
Parte expressiva da confissão de dívida diz respeito aos serviços prestados na Execução que o hoje senador Romário moveu em face do Vasco da Gama.
A discussão versava sobre uma CONFISSÃO DE DÍVIDA assinada por ninguém menos que o Sr. EURICO MIRANDA no valor de 22 milhões de reais em 2004.
A execução foi ajuizada em 2012, no valor de 56 milhões de reais e, depois de muito batalha jurídica, chegamos a um acordo em fevereiro de 2013, quando a dívida alcançava 67 Milhões de Reais, para pagar 16 Milhões de reais em 10 (dez) anos, ou seja, MUITO MENOS que o VALOR ORIGINAL.
Tínhamos um contrato de êxito de 3,5 (três e meio) por cento sobre os benefícios auferidos, rigorosamente razoável, principalmente pela batalha incessante para se conseguir obter o acordo que foi excepcional para o Vasco da Gama, ainda mais quando o Sr. EURICO MIRANDA, que se diz Vascaíno apaixonado, dava DECLARAÇÕES, por escrito, de que a dívida era verdadeira e o valor devido.
Um percentual razoável se comparado às intermediações cotidianas de atletas em que se paga, a título de comissão, em média, 10% do valor da transação.
Além disso há um imenso período em que o Escritório não recebeu suas prestações mensais, quase dois (dois) anos e nunca fizemos “corpo mole” para estar em campo, lutando pelas questões do Vasco da Gama.
No entanto, assim como os jogadores contratados temos a prerrogativa de buscar os nossos direitos na justiça.
Foi o que fizemos, ajuizamos uma Execução, com base na confissão de dívida que por duas oportunidades não foi paga e firmamos um acordo concedendo um abatimento de mais de UM MILHÃO de Reais.
Não houve qualquer vantagem, houve sim o cumprimento pelo Vasco da Gama de tentar pagar sua dívida, obtendo uma redução no seu valor e que somente será atendido dentro das disponibilidades demonstradas pela TV GLOBO.
O Vasco da Gama, por sua nova administração e com os resquícios do passado, tem todo o direito de adotar as medidas que entender plausíveis para impedir o acordo, mas, na verdade, isso somente resultará no aumento da dívida para com o meu Escritório, uma vez que os processos judiciais são corrigidos pelos índices do Tribunal de Justiça do estado do Rio de Janeiro e acrescido de juros de 1% (um por cento).
A questão é meramente pessoal, tanto que existem três ou quatro execuções, de um Escritório contratado no tempo do Sr. Eurico Miranda, que hoje cobra do Vasco da Gama mais de 14 Milhões de Reais e nenhuma coletiva foi chamada para tratar desse assunto.
Prestados estes esclarecimentos, com a consciência do dever muito bem cumprido durante estes mais de 06 (seis) anos cuidando de grande parte das ações cíveis do Vasco da gama e sempre preocupado, por razões óbvias, com a repercussão de levianas declarações, fiz questão de me alongar um pouco, deixando consignado que, apesar das decisões da justiça não se prestarem, até então, para corrigir o Sr. Eurico Miranda, ainda assim, me vejo instado a conduzi-lo aos assentos criminais e cíveis uma vez mais, acreditando que o nosso órgão jurisdicional possa lhe aplicar uma repreensão adequada que impeça rompantes futuros de inconsequência, em particular quando o faz em nome do Vasco da Gama, que acaba sendo, ao final, a reparadora dos danos por ele causados."