Um dos dirigentes mais contestados do futebol brasileiro terá algumas de suas histórias passadas a limpo sob um olhar próprio. Após cerca de três anos estudando sobre a trajetória de Eurico Miranda, o escritor, jornalista e teledramaturgo José Louzeiro irá lançar uma biografia autorizada sobre o presidente interino do Vasco.
Conhecido por seus livros de romance-reportagem, Louzeiro já escolheu o nome do livro, que ainda não tem previsão de editora: “A lenda e a fúria vascaína”.
“O Eurico incomoda pelo radicalismo e porque optou pelo marketing negativo. Ele é um cara que não faz nada para agradar ninguém, nem mesmo dentro do próprio Vasco”, afirma Louzeiro, que encontrou muitas resistência para conversar com o protagonista da obra.
No início do mês de março, a 8ª Câmara do Tribunal de Justiça anulou as eleições para o Conselho Deliberativo do clube de São Januário ocorrida em 13 de novembro de 2006, em virtude de fraudes no processo de votação. Candidato da situação, Eurico Miranda ocupa o cargo provisoriamente neste período.
Sem admirar qualquer clube, ou mesmo o esporte em si, Louzeiro interessou-se pelo tema por intermédio de um amigo publicitário. Animado, o escritor viu com bons olhos ter como foco central um personagem envolvido em muitas polêmicas.
“São raras as pessoas que gostam do Eurico. Geralmente ouve-se falar que ele é ladrão, assassino, mas não há comprovação de que ele roubou ou matou alguém. Trabalhei trinta anos como repórter policial e sei que é impossível escrever algo sem que se tenha a comprovação”, minimiza.
No comando do futebol vascaíno desde o início do século, passando pela vice-presidência no início dos anos 1980, Eurico Miranda colecionou inimigos públicos nesse tempo, como o presidente do Flamengo, Márcio Braga, e um dos maiores ídolos da história do Vasco, Roberto Dinamite.
De acordo com Louzeiro, todos os depoimentos colhidos foram gravados e filmados. Dentre eles o de Dinamite, que teria reconhecido a importância de Eurico para a retomada da carreira do principal artilheiro do Alto da Colina.
“O Roberto deve muito a Eurico e reconheceu isso. Ele estava no ostracismo no Barcelona, em 1980, até que Eurico o chamou de volta. A esposa de Dinamite, Jurema, já falecida, também se dava muito bem com o Eurico e era tambem uma figura polêmica”, completa o escritor.