RIO - Carioca de Copacabana, Deny Barbosa pode ser considerada uma pioneira no futebol americano disputado no Rio. Atleta e técnica tricampeã carioca com o Coyotes, ela criou a modalidade no Vasco, conquistou vários títulos e agora é uma brasileira jogando futebol americano na terra onde o esporte foi inventado e é paixão. Há três meses ela treina e joga no Miami Fury, time profissional que disputa a liga Women\"s Football Alliance.
- Tenho orgulho de dizer que não fazemos feio para nenhuma delas. Não existe diferença na nacionalidade, e sim na prática - diz Deny, por e-mail, de Miami. - Treinamos de duas a três vezes por semana, porque todas trabalham e estudam. O Fury é uma equipe profissional que tem alguns pequenos patrocinadores, mas ninguém recebe salário. Por mais que seja uma liga profissional, todas têm que ajudar o time fazendo recolhimento de dinheiro, aquela história americana de lavar carro e fazer festas para pagar os custos de viagem e do time.
Aos 25 anos, Deny é a quarterback (armadora) do time e entrou na equipe após acompanhar um treino. No início, sua nacionalidade causou espanto entre as companheiras do Miami Fury.
- Falei que jogava no Brasil e elas ficaram muito assustadas com a notícia. Expliquei um pouco como funciona, mas não levaram muito a sério. Nem me aprofundei no assunto. Aqui me importo apenas em jogar na minha posição, diferente do Brasil, em que eu tinha que treinar e jogar em várias posições.
Para quem acha que nos EUA os treinos são mais puxados, Deny se apressa em afirmar o contrário.
- O ritmo de treinos aqui é mais leve! Elas se preocupam muito com o bem-estar do atleta, em não ir além da conta e acabar se machucando. Temos treinos técnicos e táticos, mas dificilmente práticos.
Quando a bola oval rola, porém, a coisa muda de figura.
- Em jogo a coisa pega. Tem muitos \"tackles\" (derrubadas) e capacetadas voando a torto e direito. Eles querem ver em jogo as posições corretas que ensinaram nos treinos - diz Deny.
No começo de sua carreira, no Rio, a carioca chegou a treinar e jogar com homens. O motivo era um só: não haviam mulheres suficientes para montar um time.
- No começo não existiam garotas jogando. Contávamos nos dedos. Vi o esporte crescer e amadurecer nesse tempo.
Para Deny, ainda há espaço para o futebol americano crescer mais no Brasil.
- Vejo que em dez anos vamos ter um leque maior de esportes no Brasil. Estamos trabalhando para que o futebol americano seja um desses esportes. Ainda tem muito potencial por aí.