Futebol

Ex-Vasco retoma carreira após lesão com ajuda de Coutinho

Já imaginou você estar desempregado por mais de um ano, receber um convite para jogar na Espanha, ter a passagem custeada por Philippe Coutinho, assistir um jogo no Camp Nou, jantar no restaurante de Luis Suárez em Barcelona e de frente para Lionel Messi? Pois bem, tudo isso aconteceu exatamente com o volante Vitão.

- Foi a primeira vez que fui no Camp Nou assistir um jogo, eu tinha acabado de chegar na Espanha. Aí depois do jogo o Coutinho me chamou para jantar. Chegando lá, era um restaurante do Suárez. Já dei de cara com o Suárez, falei com ele, me tratou bem para caramba. Daqui a pouco chega o Messi. Eu congelei, mas tratando naturalmente, assim como já fiz com outros jogadores também. Mas era o Messi, falei com ele. A gente foi sentar na mesa, e ele ficou bem de frente para mim, mano. Bem de frente mesmo. Na outra ponta estava o Suárez, e o Messi ficou cara a cara comigo. Pensei: "Não é possível, se eu contar ninguém acredita". Foi uma experiência que a gente leva para a vida - relembra.

Formado na base do Vasco, Vitão rodou por clubes pequenos do Rio, viveu a verdadeira realidade do futebol brasileiro e, em 2017, sofreu uma grave lesão no tornozelo que quase pôs fim à sua carreira.

Ficou longe dos gramados por quase um ano até receber em 2018 um convite para defender o CD Mairena, clube que disputa uma liga regional que corresponde à sexta divisão da Espanha. Mas, para poder se transferir para a Europa, o jogador teve que contar com a ajuda de um velho amigo: Philippe Coutinho, com quem foi formado na base do Vasco.

- O Coutinho é um cara sensacional, um dos meus melhores amigos. Sabia dessa situação difícil que eu estava passando, e eu contei para ele da oportunidade que eu estava tendo na Espanha, do convite. Disse que seria a minha última tacada no futebol. Ou era isso ou eu ia desistir do futebol, porque eu estava muito chateado com a situação que eu estava passando. E ele me ajudou dessa maneira, custeando a passagem. Sou muito grato por tudo o que ele me ajudou. É um cara incrível - conta o volante de 26 anos.

“Esperei com paciência no SENHOR, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor”🙏🏾 Uma nova oportunidade,um novo desafio! Que sua vontade seja sempre prioridade em minha vida,Obrigado Senhor!! #C.DMairena ⚪️⚫️2018/2019

A amizade de Vitão e Coutinho começou justamente na base do Vasco. Ambos atuaram juntos por anos em quase todas as categorias. Colecionaram títulos numa das gerações mais promissoras do clube, além de boas histórias.

A proximidade entre os dois, no entanto, quase foi desfeita por conta de uma briga de escola, quando ambos estudavam juntos no Colégio do Vasco.

- A gente era grudado, andava para cima e para baixo. Teve uma situação na escola do Vasco, quando a gente estudava na sala. Era até um período de provas. A gente já estava se estranhando desde cedo. Acabou que, na hora do recreio, a gente acabou discutindo e brigando, chegando a brigar com soco, pontapé. O pessoal separou, dizendo que a gente era amigo. Logo depois a gente fez a prova, saiu e ficou aquela coisa: "Te bati, eu ganhei, te arrebentei". Aí ficamos uns dois dias sem se falar. E era complicado porque a gente sentava sempre no mesmo lugar no ônibus. Mas depois fizemos as pazes novamente. Uma coisa que a gente recorda até hoje e chora de rir.

Vitão deixou o Vasco em 2009, ano em que Coutinho estreou pelos profissionais. Enquanto o craque brasileiro passou por Inter de Milão, Espanyol e Liverpool, o volante construiu a carreira em clubes de menor investimento do Rio, como Duque de Caxias, São Gonçalo, São Cristóvão, Gonçalense e Americano.

- Acho que, até pelo meu histórico, achei que eu teria chance de ter uma oportunidade no time profissional do Vasco. Tinha sido campeão brasileiro em cima do Santos, até o Neymar jogou e fomos campeões. Estava tudo dando certo, mas, com a mudança de comando do clube, muita coisa mudou. Até hoje existe o ponto de interrogação, não só comigo, mas com outros atletas também. A gente guarda um pouco de mágoa, de tristeza, mas vida que segue. Ainda tenho o desejo de vestir a camisa do Vasco novamente - afirma o volante, que ainda recordou a grave lesão que teve no Americano em 2017.

- Foi um dos piores momentos da minha vida. Ficar sem jogar, sem fazer o que você ama, sem estar recebendo o seu salário, sem fazer o que você faz desde os cinco anos de idade, é realmente complicado. Passei pelo Americano, tive uma lesão muito complicada no tornozelo. Difícil de ser tratada. Não consegui ser tão ativo, participei de poucos jogos. Foi um período muito ruim. Pensei diversas vezes em desistir, em seguir outro caminho. Mas sempre tive minha família, minha namorada me apoiando, me tranquilizando nos momentos que eu pensava em jogar tudo para o alto. Foi um período muito difícil, que eu não desejo para ninguém.

O CD Mairena, clube do volante brasileiro, é o 12° colocado na Primeira Divisão da Andaluzia, que corresponde à sexta divisão espanhola.

Fonte: ge
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