Agentes da 38ª DP (Brás de Pina) desencadearam ontem a primeira fase de uma ação contra uma das quadrilhas mais bem armadas do Rio e que controla o tráfico no Complexo da Penha. Dois homens foram presos: o taxista Ivan Souza de Oliveira, 46 anos, em Duque de Caxias, e Roberto Barbosa Gama, o Betinho, 31, num shopping da Zona Norte, quando fazia compras com a noiva. Apontado como secretário do bando, ele atuaria como laranja de Paulo Rogério de Souza Paz, o Mica, um dos chefes das bocas de fumo da comunidade.
Filho de um PM morto e ex-vice-presidente da torcida organizada Força Jovem do Vasco, Betinho se dedicaria, segundo a polícia, a prestar favores ao tráfico. Morador da Rua Iracema, acesso à Vila Cruzeiro e ao Morro da Chatuba, ele fazia serviços para Mica e Régis Eduardo Batista, gerente do Morro da Fé.
No nome de Betinho estão registrados três carros e uma moto. Ele foi preso no estacionamento do shopping, por volta de 16h20, quando ia entrar em seu Fox 2009. De lá, os policiais foram até a casa do secretário, onde havia uma Honda Hornet, também 2009, avaliada em R$ 35 mil. No imóvel foi encontrada pistola PT 380, com numeração raspada, que o bandido admitiu ser dele.
Os investigadores acreditam que os veículos tenham sido comprados por Mica. Na garagem da casa do preso, os policiais esperavam encontrar um quadriciclo que seria do chefão. Ele não tem renda para nada disso e ainda comprou um apartamento na Penha. Tudo, na verdade, pertence ao Mica, disse um agente.
Os 16 meses de apuração da 38ª DP deram origem ao processo 2008.001.376040-8 e na decretação de 16 mandados de prisão preventiva por associação para o tráfico, expedidos pela juíza Tania Sardinha Nascimento, da 25ª Vara Criminal.
Conexão entre Penha e Caxias
Conhecido como Coroa, o taxista Ivan trabalhava em uma cooperativa clandestina. Segundo a polícia, quando traficantes precisavam, ele era acionado pelo telefone. O motorista costumava dirigir para bandidos entre Caxias e a Penha.
De acordo com os agentes, traficantes da Baixada usam os morros da Chatuba e da Vila Cruzeiro para se esconder. O secretário Betinho também servia como motorista para criminosos nesse trajeto tanto para levá-los a refúgios como para festas. Ele dava bonde para eles de um lado para o outro, afirma um policial da 38ª DP.