Os Fraudadores das Eleições do Vasco (Parte 1)
Quem Traiu os Vascaínos?
Esperei um pouco para a poeira assentar e escrever com mais calma.
Vivemos dias difíceis no Vasco, no Rio e no Brasil. Acredito que esses dias sejam resultado da falta de respeito aos princípios básicos da democracia: - cumprimento de promessas de campanha e administração trabalhando em benefício da instituição, da cidade e do país.
Sem avançar hoje nos detalhes das eleições recentes, posso afirmar que desde 1997 fraudar a vontade dos sócios na Assembleia Geral tem sido regra permanente no Vasco, excetuando-se a eleição de 2008 conduzida pela Justiça e pelo TRE.
Por outro lado, durante todo este período a segunda etapa da eleição, que se dá no Conselho Deliberativo com os 150 conselheiros eleitos e com a participação dos 150 membros “biônicos” do Conselho de Beneméritos, seguiu o que sempre se esperou dele:
- 120 conselheiros eleitos votavam no candidato anunciado pela sua chapa durante a campanha e em quem o sócio tinha ido dar o seu voto,
- 30 conselheiros eleitos pela oposição votavam no seu candidato,
- 150 membros biônicos do Conselho de Beneméritos votavam no nome indicado pelo “patrão”, que lhes deu “a comenda biônica”.
E o que aconteceu, então?
O que aconteceu no dia 19 de janeiro nunca ocorrera antes. Até então, foram 120 anos de respeito ao voto da Assembleia Geral.
O cenário eleitoral de 2017 diante da diversidade de chapas poderia dar matematicamente a vitória à situação, mesmo que ela só alcançasse 28% dos votos. Ou seja, os sócios em sua gigantesca maioria queriam uma mudança, mas a falta de entendimento e articulação política entre as chapas de oposição dificultaram esse caminho.
A pressão das Redes Sociais em favor de uma Chapa Única era constante. Eu e vários amigos, assim como outros personagens atuantes na política do clube, também trabalhamos no sentido da unificação através do encontro de plataformas comuns deixando as diferenças para a próxima eleição, mas não foi isso o que aconteceu.
Muito próximo à eleição de novembro e diante do flagrante quarto lugar em todas as pesquisas, a Chapa Sempre Livre se curvou ao peso de ser a responsável pela derrota da oposição e assim se deu a ”união” com a Chapa Sempre Vasco. Era a única maneira de partilhar de uma vitória ou esperar por mais três anos e inventar outro candidato, pois após um ano de campanha Campello e Roberto Monteiro não convenciam os sócios.
A Chapa Mudança com Segurança, que abrigava velhas figuras da situação e um ou outro antigo membro da “oposição algodão”, demorou a perceber que não atendia ao perfil do voto: - mudança com renovação. Horta, J.L.Moreira, J.Carlos Osório, Paulo Angioni representam o velho e a sua propalada importância dentro do Conselho Deliberativo foi desmentida pelos votos em Eurico, a pedido de Eurico e com gritos de Eurico.
Ocorre que o grupo Identidade Vasco, líder da Chapa Sempre Livre e tendo à frente Roberto Monteiro, enxergou uma “oportunidade” entre a eleição da “Chapa Unida” definida pela Justiça e a sua confirmação pelo Conselho Deliberativo. O ex-presidente da Força Jovem e também ex-vereador pelo PC do B, político conhecido no clube, percebeu que se buscasse um acordo com Eurico Miranda poderia eleger o seu representante Campello. A estratégia era simples: juntar os votos de seus conselheiros, que passaram a fazer parte da chapa vencedora, com os votos da chapa de Eurico e de seus seguidores no Conselho de Beneméritos e assim alcançar a direção do clube, num autentico estelionato eleitoral. Situação que lhe foi negada em 2014 pelos sócios e novamente agora, quando sua chapa era apenas a quarta colocada nas pesquisas de intenção de voto.
E assim se deu pela primeira vez uma traição operada por conselheiros, que depois de eleitos pelos sócios foram ao Conselho Deliberativo votar contra a vontade dos eleitores. De que nome chamar esses conselheiros?
Quanto aos membros biônicos do Conselho de Beneméritos que participaram desta vergonha, só lhes resta após o carnaval ostentar uma coleirinha no pescoço com o nome “Eurico” e ter o resto da vida para explicar por que não representam os sócios e sim os interesses de quem lhes outorgou a “comenda biônica”.
Uma coisa é certa, depois dessa eleição é obrigatório modernizar nosso Estatuto para termos eleições diretas de modo a que nunca mais uma traição como esta se repita.
José Henrique Coelho