Às 6h do dia 3 de agosto, desembarcou no Aeroporto Internacional do Galeão o zagueiro Leandro Castan. Recebido por quatro torcedores, o jogador, depois de seis anos na Europa, disse ainda no saguão que estava "muito feliz". Talvez, porém, ele não soubesse o que significaria para o Vasco, seu novo clube, aquele momento.
Quando decidiu ir atrás de Leandro Castan, que estava na Roma, o Cruz-Maltino entendia que precisava de um jogador experiente, com qualidade técnica e que estivesse disposto a voltar para o Brasil. Ganhou, de brinde, um novo líder. Um zagueiro com "espírito vencedor", como dizem várias pessoas do dia a dia do futebol do clube, e que não quer perder "nem em treino".
Exatamente tudo o que o Vasco, 18º colocado no Campeonato Brasileiro, com 25 pontos, precisa para vencer a "guerra" contra o rebaixamento, como disse o próprio técnico Alberto Valentim quando assumiu a equipe.
Além das quatro linhas
Canhoto e técnico, Leandro Castan se destacou por onde passou pela eficiência como zagueiro e pela qualidade com a bola nos pés. Foi assim no Corinthians e nos primeiros anos de Roma, na Itália, antes de passar por problemas médicos. No Vasco, ele só disputou três jogos, mas tem se destacado fora de campo.
Leandro Castan ganhou o respeito de todos quando chegou. Pela postura nos treinamentos, pelo interesse em ajudar a tirar o Cruz-Maltino da situação em que está, pelo respeito ao clube e pela dedicação no dia a dia - na fisioterapia, na academia, no campo. Junto do respeito, ganhou a empatia dos companheiros, que perceberam que o zagueiro, apesar do vasto período na Europa, se coloca como só "mais um".
"Fala muuuuito"
Um antigo e mundialmente conhecido comandante de Castan disse certa vez na área técnica de um clássico, para o técnico adversário: "Fala muuuuito!!!". Talvez aquele Tite repetisse a expressão a Leandro Castan atualmente, mas claramente de uma maneira positiva - diferentemente do episódio com Felipão num Corinthians x Palmeiras.
Pessoas envolvidas diretamente no dia a dia do Vasco garantem: Leandro Castan é um dos que mais fala durante treinos e jogos. Ele orienta, chama atenção, comemora, briga, reclama, grita, fala baixo... Tenta passar, como pode, a experiência que tem. E é bem aceito.
Entrega
Leandro Castan chegou ao Brasil e foi apresentado pelo Vasco no dia 3 de agosto. No dia 12, pouco mais de uma semana depois, estreou na derrota por 1 a 0 para o Palmeiras, fora de casa, por causa de uma preparação específica.
Àquela altura, Castan não estava 100%. O técnico Jorginho, inclusive, foi avisado disso. Sabia que o zagueiro poderia se lesionar, mas eles aceitaram o risco. O jogador foi à Arena Palmeiras "80% pronto", disse um membro da comissão técnica à época. Mas fez questão de estar em campo para tentar ajudar os companheiros.
Outra atitude, mais recentemente, chamou atenção. Durante um treino no CT do Almirante, o time de Leandro Castan sofreu um pênalti. Pikachu foi para a cobrança e perdeu. O zagueiro, como numa final de campeonato, comemorou o erro do, naquele momento, adversário. Como já dito, ele não gosta de perder nem em treino...
...mas falta ganhar.
Depois de três jogos, Leandro Castan ainda não venceu pelo Vasco: dois empates e uma derrota - ele ficou lesionado, por isso perdeu diversas partidas. E não está feliz.
- Eu fico puto, cara. Essa é a verdade. Não gosto de perder nem no treino. Isso me incomoda. Foi bom você falar isso. Isso me incomoda. Vim para cá para vencer jogos e não vejo a hora de vencer o primeiro - disse nesta semana.
Leandro Castan será titular do Vasco nesta segunda-feira, às 20h, contra o Bahia, em São Januário, pelo Campeonato Brasileiro.