Em meio a brigas e tensões que tradicionalmente marcam as eleições em São Januário, os sócios do Vasco terão a chance de votar nesta terça-feira, das 9h às 22h, no presidente que gostariam de ver à frente do clube pelos próximos três anos. Eurico Miranda, Julio Brant e Fernando Horta são os candidatos.
No Cruz-Maltino, os sócios não possuem direito a eleger diretamente o presidente. A chapa vencedora na Assembleia Geral de hoje terá direito a 120 cadeiras no Conselho Deliberativo. A segunda mais votada ficará com 30. Esses 150 conselheiros eleitos se juntarão a outros 150 natos, formados pelos grandes beneméritos e beneméritos mais antigos do clube.
Serão esses 300 conselheiros que elegerão o presidente do Vasco, em sessão do Conselho Deliberativo prevista para acontecer em janeiro. Historicamente a chapa vencedora na Assembleia Geral do Vasco consegue eleger seu candidato na eleição do Conselho, que acontece na Sede Náutica da Lagoa.
Como melhorar as finanças de um clube cujo rombo nos cofres é de R$ 559 milhões, em meio ao cenário de crise financeira do país e retração de investimentos?
Eurico Miranda: Só para esclarecer, não existe rombo de R$ 559 milhões. Esta é a dívida total, boa parte equacionada através dos acordos de pagamentos de impostos do passado. O problema do Vasco não é a dívida, mas o fluxo diário pressionado pelos acordos das dívidas e, evidentemente, pela dificuldade do momento do país.
Mas é preciso ver que, apesar de ainda termos muito a pagar do passado irresponsável do período anterior e mesmo com surpresas ainda chegando (como uma cobrança de R$ 2,5 milhões pelo Tenório), esses montantes vão diminuir ao longo do tempo. As duas principais fontes de receita de qualquer clube do Brasil vão aumentar: em 2019 mudam as regras de divisão das receitas de televisão (as regras atuais aceitas pela administração Dinamite nos deixaram com R$ 500 a R$ 600 milhões a menos que alguns outros clubes em um período de dez anos. Um crime).
E a reformulação da base do futebol nos dará também receitas consideráveis que ajudarão a equilibrar as finanças. No fim dos próximos três anos a situação do Vasco será bem equilibrada.
Julio Brant: Nós criaremos um comitê gestor da dívida com profissionais de excelência do mercado para entendermos a real situação do clube. A situação econômica do Vasco é preocupante. Quem está no comando não é transparente com os números. Ninguém sabe o tamanho da dívida. O conselho fiscal recomendou a reprovação das contas de 2016, mas parece que os poderes não são respeitados como deveriam, pois tudo está concentrado na mão de uma só pessoa. Isso é inviável no contexto do futebol atual. Não conhecemos, de forma clara, quem são os credores.
Fernando Horta: Gerando novas receitas. O Vasco hoje não vive somente uma crise financeira, vive uma crise de credibilidade. A saída do Eurico e a transparência da nossa gestão vão instigar no torcedor o desejo de se associar, pois ele vai saber que o dinheiro dele será usado para melhorias no clube e para montar um time de futebol forte, ou seja, que o dinheiro será aplicado integralmente em prol do Vasco. Então desde já prevemos um grande aumento de receitas pelo plano de sócios.
Essa mesma credibilidade atrelada ao meu nome, ao do Jorge Salgado e ao de outras pessoas que estão comigo, já estão fazendo com que investidores de fundo internacionais me procurem propondo a aplicação de um montante considerável de dinheiro no clube para montar um time campeão e levantar a marca do clube.
Logicamente que depois precisaremos fazer um investimento grande no marketing com um departamento comercial forte, para implantar outros projetos que ampliem o numero de parceiros comerciais do Vasco, mudando a ótica do uniforme do clube ser um mero expositor de marca para um marketing de relacionamento entre o torcedor do Vasco e essas empresas.
Como promover maior transparência na eleição do clube, historicamente cercada de acusações de fraudes, e na realidade financeira do Vasco?
Eurico Miranda: A história de irregularidades na eleição do Vasco passou a ser muleta para quem não vence o pleito. A eleição de 2014, por exemplo, teve a presença de representantes da OAB, MP e foi presidida por um dos candidatos (Roberto Monteiro), que chegou em terceiro lugar. Nenhum problema. Este ano o presidente da Assembleia Geral tem sido extremamente transparente. Não há nenhuma irregularidade e tudo tem sido respondido de forma clara. E só posso dizer que vamos ganhar as eleições porque o quadro social do Vasco não quer a volta do desastre anterior. E só ver São Januário como está hoje e como foi deixado.
Julio Brant: Sobre as eleições, a presença do Ministério Público e da Justiça serão fundamentais. O Gepe, por sua vez, vai garantir que o clima das eleições seja tranquilo para que o vascaíno exerça seu direito de votar e escolher o futuro do Vasco. Iremos intensificar a fiscalização e pedimos para que o vascaíno que for votar também nos ajude denunciando qualquer irregularidade. Já a transparência financeira acontece quando o sócio sabe para onde vai o dinheiro dos patrocínios e royalties. Publicar as contas periodicamente no site do Vasco é um dos nossos compromissos.
Fernando Horta: Nós vamos abrir um portal de transparência para divulgar todas informações aos sócios. Também vamos publicar balanços trimestrais, para espantar de vez qualquer desconfiança e mostrar exatamente a realidade. O Vasco vai deixar de ser uma caixa preta.
Eu não tenho um projeto de eternidade, tenho um projeto de transição para trazer o Vasco ao século XXI. Vamos promover o recadastramento dos sócios. Isso vai ser divulgado, estimulado. Após o recadastramento, vamos atualizar a lista e divulgar. Essa lista vai ser um marco zero e a partir dela vai ser possível para qualquer um monitorar, em conjuntos com os balanços trimestrais, a entrada de novos sócios, esse dinheiro entrando na secretária do clube, comprovando que a pessoa é realmente sócia.
Assim teremos um processo completamente transparente em 2020, sem margem para desconfiança ou fraude. Em paralelo a isso, com o crescimento do numero de sócios, será praticamente zero a chance de alguém tentar fraudar uma eleição no Vasco.
Como viabilizar a construção de um centro de treinamento?
Eurico Miranda: Primeiro é preciso dizer que a estrutura de hoje em São Januário é de alto nível, nada se comparando com o que foi deixado. Desenvolvemos um sistema integrado que possibilita o atendimento da base ao profissional. Depois, temos que lembrar que tínhamos um centro de treinamento (Vasco-Barra), que foi deixado de lado e com uma dívida a ser paga que nos custou R$ 10 milhões apenas nos últimos três anos.
Estamos trabalhando na legalização final do terreno da Washington Luis, o que nos daria segurança para investir em um CT para a base. E a situação financeira estabilizada proporcionará isso.
Julio Brant: É inconcebível um time continental como o Vasco treinar em um campo com dimensões menores que as oficiais. Estruturar isso até o fim do primeiro mandato é prioritário. Queremos contar com um CT da base integrado ao profissional, com estrutura para manter esses meninos, que em sua maioria, vêm de uma realidade difícil. Alimentação, instrução, auxílio psicológico e todo o suporte que os preparem para serem atletas de alta performance. Vamos equilibrar os salários dos funcionários que trabalham na base a um nível compatível com os funcionários do profissional.
Fernando Horta: Não quero parecer bravateiro, mas o Vasco vai ter um CT. Além de ser obrigatório, é necessário para nossos atletas e comissão técnica. Eu não estou aqui para fazer estelionato eleitoral e mentir para o eleitor vascaíno. Sou português, mas não vendo sonhos.
Já temos projetos em vista, mas o processo só vai ser feito quando assumirmos o Vasco. Passa pela nossa transparência prometida realizar um processo de construção do CT que mostre ao sócio que fizemos a melhor escolha, com as melhores condições para o clube.
Quais são seus planos para São Januário e para a relação do Vasco com o Maracanã?
Eurico Miranda: São Januário está recuperado. Ali é a nossa casa e nosso ponto de apoio. Um estádio de 90 anos precisa de manutenção permanente e hoje ele tem. Há pontos que precisam ainda de complementação: bares e banheiros da arquibancada, ampliação gradativa e mantendo as características históricas e novas cabines de rádio e TV.
A nossa posição sobre o Maracanã é clara: respeitar a posição de patrimônio público. O clube não permite tratamento desigual entre os quatro grandes. Hoje, o Maracanã está à deriva.
Julio Brant: Queremos aliar São Januário às demandas mais atuais do mundo do futebol. Nada de arenas ou modernidades que não combinem com nossa essência. A Tecnoplano, empresa global de origem portuguesa, que projetou o principal centro de treinamento da Europa, está conosco. Eles desenharam uma reforma que mantém as características do estádio e, ao mesmo tempo, confere acessibilidade, mais conforto e uma cobertura integral. Queremos fechar o anel para aumentarmos a capacidade e dar mais conforto ao vascaíno. Além disso, no projeto está incluso melhorias no acesso, banheiros e reforma de toda área para imprensa, inclusive as cabines para rádio e televisão.
Um estádio que garanta a presença do vascaíno que pode pagar de R$ 10 até R$ 200. Nós temos uma previsão de orçamento que está de R$109,8 milhões para reforma. No projeto, vamos aumentar a capacidade do estádio e vender cinco mil cadeiras especiais a R$ 20 mil, com 15 anos de direito de uso. Elas serão confortáveis, com local privilegiado e terão o nome do sócio. Nisso são R$100 milhões de receita garantida para o projeto.
Fernando Horta: São Januário é a casa do Vasco, o senhor de 90 anos mais em forma que eu conheço. Mas precisa de uma modernização. Nós temos esse sonho e eu vou repetir o que disse em todas as entrevistas. A reforma de São Januário se resume a palavra: oportunidade.
Nós conversamos com os arquitetos que desenvolveram o projeto Novo Complexo São Januário. Queria abrir parênteses aqui para dizer duas coisas. Nós vamos abrir uma ouvidoria exatamente para esse fim. Ouvir, estudar e implementar projetos independentes em prol do Vasco. Em segundo, queria elogiar esses arquitetos e dizer que são desses vascaínos que a nossa administração vai estar cercada. Pessoas que querem servir ao Vasco e não se servir do Vasco.
Esses arquitetos dispensaram tempo e dinheiro e desenvolveram um projeto minucioso, que tem grande aceitação da torcida e com um custo acessível. Eu não posso prometer que vou fazer a tão sonhada reforma, mas vou dar pelo menos o pontapé inicial nessa questão. Precisamos iniciar agora um plano para ter São Januario reformado em 2027, quando o estádio completará 100 anos. Agora se eu tiver a oportunidade de iniciar e concluir uma reforma nesse mandato, vai ser uma honra e um orgulho muito grande poder liderar esse processo tão importante para o clube.
Quanto ao Maracanã, continuará sendo nossa segunda casa e abrigaremos jogos de grande porte no estádio. Como o Vasco terá um time forte, capaz de vencer em qualquer campo, o que vai determinar a escolha do local onde a partida será realizada vai ser a estimativa de publico para o jogo.
Em relação a Carlos Leite, não é dependência demais dever R$ 20 milhões a um agente de jogadores e ter no elenco 11 atletas representados por ele?
Eurico Miranda: Em primeiro lugar, não há dependência. Mais da metade do empréstimo, registrado no balanço do clube, veio da emergência de pagarmos, por ordem da Fifa e de maneira imediata, mais de R$ 12 milhões dos direitos do Eder Luis, comprado ao Benfica pela administração anterior. O empréstimo foi de conhecimento dos poderes do clube e já foi pago. Comigo pode existir boa relação, mas interferência nenhuma. Quem me conhece no futebol sabe disso.
Julio Brant: Sou contra dependermos exclusivamente de um empresário. O que é dívida real, vamos sentar para renegociar para conseguirmos pagar, pois existe essa possibilidade. Hoje, é impossível olhar a realidade do Vasco. Tanto é impossível que o conselho fiscal, eleito pela gestão atual, recomendou a reprovação das contas do ano passado.
Fernando Horta: É um absurdo essa dívida, um total conflito de interesses. Um empresário de jogador não pode ser credor do clube.
Em relação aos atletas representados, o Vasco não pode impedir que um atleta escolha seu empresário. Hoje é normal atletas de 11 anos já terem empresário. O que podemos prometer é que a relação com o Carlos Leite, ou qualquer outro intermediário de atleta, vai ser exclusivamente profissional. Logicamente eles vão tentar o melhor para o atleta e nós o melhor para o Vasco, e o negócio só vai sair se for bom para o Vasco.
E também não vai ter isso de um jogador atuar apenas porque é do empresário tal. O jogador que vier para o Vasco vai ser porque tem condições de vestir essa camisa. Em qualquer categoria.
Como será a relação do Vasco com as organizadas? Você manterá a política do clube de empregar membros de torcida?
Eurico Miranda: Dos 600 funcionários do Vasco, citam dois que foram da torcida Força Jovem. Parece linha auxiliar do MP. Ridículo. Em qualquer clube há dirigentes, sócios e funcionários que um dia foram de torcida organizada. Ninguém está no Vasco por isso. É preciso respeito com o quadro de funcionários. Qualquer um que transgrida um dia as normas do Vasco sai do clube. Ponto.
Torcida organizada proporciona ou proporcionava um espetáculo nos estádios, mas hoje há muitas distorções. Foi na nossa administração que as torcidas organizadas perderam suas salas em São Januário. Convivemos com elas porque o poder público permite o seu funcionamento e são parte integrante da sociedade. Mas repudiamos violência e não há qualquer relação aprofundada.
Julio Brant: Queremos criar uma cultura de festa na arquibancada no Vasco. Pessoas visitam o Signal Iduna Park, estádio do Borussia Dortmund, para ver o espetáculo da torcida. Teve um jogo da Liga dos Campeões que fizeram mosaico o jogo inteiro, saindo em todos os jornais do mundo.
Isso sim deve ser a relação da organizada com o clube, não de dependência. Pretendemos ter uma categoria de sócios para torcida organizada, além do torcedor pontuar, a torcida pontua e pode trocar esses pontos por bandeiras, material para festas nos jogos, um ônibus para uma caravana. Se a torcida quiser ajuda para viagens, ajude o clube fazendo seus integrantes virarem sócios. Queremos uma via de mão dupla, ganha-ganha.
O que não vemos condição é de uma torcida organizada participar da administração do clube, nem o clube deve participar da administração da Organizada.
Fernando Horta: O maior patrimônio do Vasco é a sua torcida e as organizadas apenas existem por causa do Vasco. Aqui nós temos uma história lindíssima com as torcidas organizadas, temos a Dulce Rosalina, que é um exemplo e uma figura histórica no clube. Mas vemos que o ideal de fazer festa e torcer pelo Vasco se perdeu.
Nós vamos nos relacionar da maneira que tem que ser. Estaremos juntos para pensar em festas, ações sociais conjuntas, trabalhos sociais. Agora nós não vamos financiar torcedor organizado. Isso pode ter certeza. Essa relação vai voltar a ser benéfica para o clube. Queremos as organizadas de volta com o ideal que foram fundadas: apoiar o Vasco.
Em relação aos funcionários, vemos isso como conflito de interesses. Não podemos deixar margem para acharem que estamos criando uma milícia, como a atual diretoria faz. Por isso vamos contratar profissionais capacitados e de confiança para cada função.
Quais são seus planos para as categorias de base? Nas últimas vendas de jogadores revelados pelo Vasco, o clube deixou de arrecadar mais por ter fatiado os direitos econômicos dos atletas com terceiros. Como vê isso?
Eurico Miranda: Não há fatiamento. Isso acabou. O que foi herdado teve de ser cumprido, mas a nossa norma é que o clube tenha sempre um percentual em torno de dois terços ou mais do atleta efetivamente formado nas nossas divisões de base. E isso está sendo cumprido.
Julio Brant: No nosso projeto o elenco profissional contará sempre com um terço de atletas da base, que tenham a vivência do Vasco como já aconteceu tantas vezes com ídolos como Pedrinho, Felipe, Edmundo, por exemplo. O Vasco vende o almoço para jantar e, se continuar deste forma, nem almoço terá. Os direitos econômicos fatiados acontecem porque é a única forma que a atual diretoria encontrou para pagar as contas. O desespero por receitas leva o Vasco a fazer negociações muito ruins, com valores mais baixos dos que os de mercado e isso leva a desvalorização do ativo, que é o jogador.
Fernando Horta: O Vasco tem uma característica única, que é formar cidadãos. O nosso plano é melhorar o que tem sido feito. O trabalho na base hoje é bom, mas pode melhorar. Os atletas da base vão ter chance de se provar no profissional. Em relação à estrutura, vamos reformar a escola e fazer parcerias com universidades para garantir o futuro desses meninos. O nosso CT vai atender também a base, facilitando a integração com o profissional e oferecendo mais estrutura para os jovens. Também vamos investir no mapeamento nacional, realizar mais peneiras. Onde tiver um craque no Brasil, o Vasco vai achar.
Também temos um projeto para criar uma equipe de aspirantes. Assim os jogadores que saírem dos juniores vão poder continuar atuando, vinculados ao Vasco. Dependendo do desenvolvimento e da exposição, o Vasco pode ganhar com o retorno desse atleta ou com uma futura venda, já que vai estar num grande centro europeu.
A Fifa hoje proíbe que terceiros tenham parte nos direitos econômicos dos atletas. Então é uma questão de tempo termos todos os atletas 100% do Vasco. Mas o Vasco não deixou de arrecadar somente por fatiar, deixou de arrecadar porque vende mal! Vamos estabilizar o clube para termos condições de segurar os atletas aqui, para que tenhamos retorno técnico, criarmos ídolos e, consequentemente, esse jogador ficar valorizado a ponto de receber uma boa proposta.
O estatuto do Vasco possui pontos retrógrados, entre eles a eleição de forma indireta, que facilita a perpetuação de um mesmo grupo político no poder. Pretende fazer mudanças no estatuto? Quais?
Eurico Miranda: A forma indireta não é retrógrada. Se for assim vamos questionar a eleição americana. O estatuto do Vasco, de 1979, precisa de atualizações e nos últimos anos foram feitas adequações para que pudéssemos receber e prestar contas de recursos públicos. No entanto, é um estatuto que garante a presença da minoria no Conselho Deliberativo e no Conselho Fiscal e é ágil administrativamente. Mas o passar do tempo leva à necessidade de adequações. Mas a mudança para eleição direta – que pode ser feita – não alteraria em nada a história do Vasco: quem vence na urna do quadro social vence no Conselho. Não há outra hipótese. Essa é a realidade política.
Julio Brant: O estatuto do clube é de 1979. O mundo era outro. O estatuto deve ser um organismo vivo e refletir sempre as alterações na sociedade. Respeitando sempre a soberania do Conselho Deliberativo, que é o poder do clube apto a decidir essa questão. Vamos sugerir a criação de uma comissão no conselho de cinco membros, dois beneméritos ou grandes beneméritos, dois conselheiros da chapa eleita em primeiro lugar e um conselheiro da segunda mais votada.
Em paralelo, abriremos aos sócios da Assembleia Geral que coloquem suas sugestões para esta comissão. Depois, o trabalho dessa comissão vai para o CD, para votarmos item a item. Não será uma votação de sim ou não para a reforma toda, será ponto por ponto. Os itens que pensamos debater são: aumento do poder do Conselho Deliberativo; diminuição do poder do presidente da diretoria administrativa; aumento do número de membros do Conselho Fiscal; eleições diretas para presidente e vices; unificação da lista de eleitores e elegíveis, ambos com três anos de vida associativa; eleições pela internet e urna eletrônica; reorganização das categorias de sócio; descasamento do mandato do Conselho Fiscal; recadastramento de sócios de três em três anos, entre outros.
Fernando Horta: Eu sou a favor das eleições diretas e isso vai estar presente na reforma do Estatuto. Mas veja bem, duas coisas precisam ser vistas aqui: Para mudar o Estatuto do Vasco é preciso aprovação de dois terços do Conselho. O Júlio não tem essa representatividade por não ter expressão dentro do clube. O Eurico não quer. Então digo que nós somos os únicos que queremos e podemos mudar o Estatuto vigente, que é muito arcaico, sem ter que beijar a mão do Eurico.
Outro ponto que preocupa agora é que o Eurico está distribuindo títulos honoríficos de qualquer maneira com o objetivo de se manter no poder mesmo em caso de uma derrota na Assembleia Geral, onde os sócios votam. Estamos brigando na Justiça contra essas nomeações.
Nossa reforma do Estatuto vai dar mais poder decisório ao Conselho Deliberativo, propor eleições diretas, voto em outros estados. A maioria da nossa torcida está fora do Rio, esses sócios têm que ter voz e decidirem o futuro do Vasco.