Retirado do time após as primeiras derrotas do ano (contra Flamengo e Bangu), Fillipe Soutto contesta com firmeza a explicação do ex-técnico Gaúcho para sua barração. O então treinador do Vasco justificava a reserva para o jogador revelado no Atlético-MG - com quem tem contrato até 2016 - dizendo que o garoto não tinha muito \"volume de marcação\". Mineiro de Belo Horizonte, Soutto se apoia em dados ao analisar seu futebol e também quando mensurou o tamanho do desafio de encarar as dificuldades de jogar no Vasco.
- A vitrine no Vasco é muito grande. Mesmo em amistoso, em treino, sempre tem alguém te olhando. É uma cobrança normal da quarta maior torcida do Brasil, como acabou de mostrar um instituto de pesquisa - cita Soutto.
As palavras do ex-treinador do Vasco parecem ter magoado o segundo volante, que rebateu com respeito, mas sem deixar de expressar o que pensa.
- Discordo do que o Gaúcho disse. Foi uma exposição mal feita que ele fez. Para se discutir esse tipo de coisa você precisa de dados, informações. Mas vejo isso como mais um combustível para que cresça no meu trabaho e evolua. Mesmo discordando dele, vou me preparar para ser jogador de alto nível e melhorar em passe, em resistência, enfim, em todos fundamentos que um jogador precisa ter - observa o jogador de 22 anos.
Considera uma das promessas do Atlético-MG, Soutto está emprestado ao clube de São Januário até o fim do ano. Depois, retorna ao Galo, como quer o presidente Alexandre Kalil, um dos principais incentivadores na sua carreira.
- Quando fui emprestado, não consegui conversar com ele, estava na véspera do Natal, ele estava envolvido em outras questões do clube e individuais, mas fiquei feliz quando soube do carinho dele. Gostei dele ter me emprestado ao Vasco. Aqui espero ser tão feliz quanto fui no Galo - disse.
O volante chegou ao Vasco sem valor de compra fixado. Os salários são pagos pelo Cruz-Maltino, o que não chega ser uma preocupação para ele.
- Sabia de toda a situação do clube. Confiei no René, no Ricardo, em tudo que me propuseram. Sabia que era uma oportunidade única na minha vida - diz Soutto.
Sem saber ainda se vai ser titular novamente, o que não acontece desde a derrota para o Bangu por 1 a 0, ainda na Taça Guanabara no início de fevereiro, Fillipe Soutto enxerga na última partida do primeiro Campeonato Carioca que disputa na vida uma parte no processo de reerguimento do clube. Para ele, além dos jogadores, os ensinamentos de Paulo Autuori são fundamentais para este momento.
- O Paulo tem paciência, sabe cobrar os jogadores, organiza bem nosso dia a dia, tem uma conduta exemplar. É muito interessante o trabalho que vem fazendo com o grupo. E esse jogo eu encaro como mais no processo de recuperação da equipe, tanto dentro quanto fora de campo - lembra o jogador do Vasco.
Paulo Autuori lembra que o importante do jogador de marcação é a noção de posicionamento, que ele enxerga em Fillipe Soutto.
- Na hora que se perde a bola, precisa saber se posicionar. E o Fillipe tem qualidade no passe, o que é um diferencial nessa função. Toda equipe dinâmica precisa disso, de dois volantes que saibam jogar ou três se for o caso. Melhor exemplo disso é o Corinthians. Um pouco atrás, lembro de Josué e Mineiro - diz Autuori, citando um time que dirigiu: o São Paulo campeão mundial de 2005.