Futebol

Fagner e Max tiveram participação decisiva nos últimos gols do Vasco

O Vasco encontrou a saída pelas laterais.

Na direita, um jogador de 1,68m com tatuagens gigantes. Na esquerda, a revelação de nome incomum, que adotou um apelido no aumentativo.

Fágner Conserva Lemos e Marcilei da Silva Elias, o Max, são opostos dentro e fora de campo, mas ambos fazem as bolas encontrarem os atacantes a caminho do gol.

A arrancada que pôs o Vasco a um ponto do G-4 aconteceu numa velocidade surpreendente, como as subidas dos laterais.

Nos dois últimos jogos, os passes, ou jogadas que acabaram em gols, saíram de seus pés.

Contra o Vitória, em São Januário, Max era estreante. Habituado ao estádio, do ponto de vista do torcedor que invadiu o campo para comemorar o título da Libertadores, em 1998, ele conhecia o atalho, de tanto assistir ao ídolo Felipe, hoje companheiro de time. E cruzou para Zé Roberto marcar o gol da Vitória.

A partida seguinte, contra o Grêmio Prudente, é um marco para o Vasco no Brasileiro por ter sido a primeira vitória (2 a 1) fora de casa. Primeiro, Fágner cruzou para Éder Luís abrir o placar. Depois, Max sofreu o pênalti que Nílton, no rebote, converteu.

— Encaro a boa fase sem tirar os pés do chão — disse Fágner.

Aos 21 anos, Fágner já tem uma história. Dentro e fora de campo. Cada capítulo vira uma tatuagem. Já jogou no Corinthians e no PSV Eindhoven e seu corpo já não tem tantos espaços em branco. Nos antebraços, a frase “sincera paixão” mostra a devoção pela família, que se materializou ontem em um beijo no rosto do filho Henrique, de quatro meses.

No braço esquerdo, escreveu “Amor é de pai”, e um imenso desenho tribal envolve seu braço direito, como uma coroa de espinhos. Às costas, a fênix, pássaro da mitologia grega que, depois de morto, arde em chamas e renasce das cinzas, lembra dos momentos de dor, quando Fágner sofria com contusões.

— O (técnico) PC Gusmão fala muito para acreditarmos na gente. Ele resgatou a nossa autoestima — disse o lateral.

Max foi testado há um ano por Dorival Júnior, mas continuou na base. O caminho até o profissional se pavimentou por linhas tortas. Lateral-direito de origem, joga improvisado na esquerda. Com Ramon machucado, ganhou a vaga de Carlinhos e a confiança de PC.

— O Max faz na lateral-esquerda o que pedíamos para o Carlinhos fazer — explicou PC.

Revelado em São Januário, Max é vizinho do estádio, onde sua mãe, Ivete, trabalha na organização das crianças que entram em campo com os jogadores.

Ela sabe que a escalação de Max não depende mais dela. A de seu filho, e também a de Fágner, estão nas mãos dos próprios jogadores.

— Não podemos relaxar. A cobrança é grande e procuro melhorar para que isto não aconteça — disse Fágner, sobre a sombra do reserva Irrazábal.

Arquibancadas esgotadas
No clássico, as sombras estarão do outro lado. E Fágner e Max não podem se descuidar de Júlio César e Mariano. Diante de laterais badalados, não há favoritismos para Fágner: — O Mariano tem tudo para chegar à seleção. Espero que não jogue bem. E o PC nos dá liberdade, que é fundamental.

A liberdade será vigiada. PC sabe que o Vasco terá que dosar o poder ofensivo. E ensaia uma surpresa. Ontem, no treino, armou o time com Felipe, Zé Roberto, Éder Luís e Carlos Alberto. Os ingressos de arquibancada estão esgotados — foram vendidos 60.090. Restam as cadeiras azuis (6.600).

Ontem, foi liberada pela Justiça do Trabalho a cota de patrocínio da Eletrobras, de R$ 7,9 milhões, a ser usada para quitar salários atrasados.

Fonte: Jornal O Globo
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