Perder nunca é bom, mas uma derrota para o Atheltico-PR, na Arena da Baixada, não chega a ser considerada um resultado absurdo. A maneira como o Vasco caiu por 3 a 0 neste domingo, no entanto, voltou a expor a fragilidade da equipe, que fincou raízes na zona de rebaixamento desde a 18ª rodada e de lá não consegue sair.
Rodada após rodada, o Vasco não dá sinais de evolução nas mãos de Sá Pinto e apresenta um futebol sofrível. Difícil, para não dizer impossível, tirar algo positivo da atuação em Curitiba que possa contribuir para a sequência no Brasileiro. A sensação é que, se hoje a situação ainda não é desesperadora e o time está a apenas um ponto de sair do Z-4, é mais por demérito dos concorrentes diretos do que qualquer outra coisa. Até por isso, o trabalho do treinador português, há 15 jogos à frente do time, é questionado por torcedores.
Ataque improdutivo
O torcedor do Vasco se acostumou a assistir a dois tipos de jogos nos últimos meses. Tem partidas em que a defesa vai bem e outras em que ela vai mal. O setor de criação, no entanto, tem uma regularidade impressionante e nunca encanta. O time depende exclusivamente que uma bola sobre para Cano. Nesse domingo, sobraram duas, e o argentino as mandou para as redes. Em ambas, porém, ele estava em posição irregular.
Sem Benitez, a comissão técnica manteve a dupla com Carlinhos e Juninho na criação. Não funcionou. Vinicius também teve mais uma chance como titular e não a aproveitou. Ele poderia ter mudado a história do jogo. Furou uma bola quase na pequena área, com goleiro batido, no início do jogo. O gol perdido fez falta. Na volta do intervalo, o auxiliar Rui Mota trocou Juninho e Vinicius por Talles e Gustavo Torres. Os dois pouco acrescentaram.
Um fato curioso mostra a fragilidade do ataque vascaíno e a dependência que o time tem de Cano, que tem 21 gols no ano. Surpresa na escalação, o zagueiro Werley fez apenas seu terceiro jogo no Brasileiro e o 14º na temporada. Ainda assim, é o vice-artilheiro do time no ano, com dois gols, ao lado de Talles. Ribamar e Fellipe Bastos, que marcaram quatro vezes em 2020, já deixaram o clube.
Falhas individuais e passividade na defesa
Como dito anteriormente, a irregularidade tem sido a marca da defesa do Vasco no Brasileirão. Tem dias bons e ruins. Neste domingo, foi muito mal.
Werley, ao lado de Castan, foi a novidade. Os zagueiros não tiveram atuações individuais tão ruins, mas o sistema defensivo, como um todo, foi presa fácil. Os volantes Andrey, Marcos Júnior e, posteriormente, Léo Gil estiveram em péssima tarde. Na lateral, Neto Borges foi o pior em campo. E as falhas individuais acabaram sendo decisivas.
Um passe errado de Neto Borges, por exemplo, comprometeu o jogo do Vasco. Logo aos 10 minutos, uma saída de bola com um desatento Andrey abriu o caminho para derrota em Curitiba. Fernando Miguel falhou em seguida no segundo gol. O time desmoronou.
Na etapa final, Léo Gil pisou na bola e falhou no terceiro gol do Athletico. Entregue, o Vasco assistiu passivamente o adversário dominar o jogo. O time paranaense só não ampliou por conta de Fernando Miguel. Apesar da falha no primeiro tempo, o goleiro fez ao menos três grandes defesas na etapa final. Poderia ter sido pior.