As famílias de Marquinhos e Yago, que formam com Thalles o ataque do Vasco, ainda não puderam presenciar as promessas em ação pelos profissionais. Já são quatro jogos entre elogios, viagens e portões fechados em razão da punição ao clube após a briga generalizada entre sua torcida e a do Atlético-PR no fim de 2013. Agora, sem a logística e a proibição pela frente, é hora de conferir de perto, na noite desta quarta-feira, contra o Treze-PB, pela Copa do Brasil, a realização do sonho.
Autor do único gol da equipe na derrota para o Luverdense, na segunda rodada da Série B, Yago, que é vizinho do estádio do Vasco, nasceu em Cachoeiro de Itapemirim. A mãe do garoto, porém, não pode vir ao Rio de Janeiro desta vez. A família será representada por alguns parentes. No caso de Marquinhos, sua mãe, Rita, segue os passos do filho desde o início da trajetória no futsal. Depois de horas em frente à televisão - da qual tirou dezenas de fotos quando Marquinhos aparecia -, estará nas cadeiras sociais do estádio com a avó do jogador, Glória, gritando pelo baixinho camisa 30, que enfileira sua quinta participação.
- Estou contando as horas e os minutos até chegar o jogo. Todos os jogos até agora foram pela televisão. É legal? É. Estou orgulhosa, comemorei com ele, mas com a torcida gritando é outra coisa. Nunca quis tanto estar em São Januário. A luta foi muito grande para virar profissional, e estamos felizes demais. Agora é só desempenhar tudo o que ele sabe - disse Rita.
A situação dos outros garotos, mantidos no time titular por Adilson Batista, é diferente. Luan estreou em 2012 e se firmou no fim da temporada passada. Começa até a ser observado por clubes do exterior. Já o volante Danilo está vendido para um grupo de investidores que o repassará ao Braga, de Portugal, logo após a Copa do Mundo, e já atuou na Colina. Por fim, Thalles busca seu primeiro gol na casa vascaína. No total, balançou a rede nove vezes.
Segundo Rita, quando soube que Marquinhos seria titular contra o Atlético-GO, no sábado, pensou em criar uma alternativa para estar no estádio, mas logo viu que não seria possível. A ansiedade se explica: além de mãe, faz o papel de treinadora em casa, conselheira e até empresária. Nada acontece na carreira do atacante sem sua anuência.
A linha dura começou cedo. Marquinhos foi obrigado a conciliar o futebol com os estudos e passou para a faculdade de Educação Física aos 16 anos. Trancou o curso após a promoção aos juniores, mas já sabe que tem uma atividade garantida quando não sobreviver mais da bola.
- Nunca me deu dor de cabeça, graças a Deus. Ele não bebe nem fuma. Mas, como qualquer adolescente, tinha os problemas dele, ficava chateado quando saía do time. E eu dizia: "Calma que tudo tem sua hora". Com a estrutura familiar boa, superamos tudo isso - ressaltou Rita.
Após treinar com os profissionais algumas vezes em 2013, Yago e Marquinhos entraram em campo pela primeira vez contra o Resende, em Manaus, pela primeira vez da Copa do Brasil. Com a boa atuação, o filho de Rita foi cogitado para ser a surpresa de Adilson na finalíssima do Carioca, contra o Flamengo. Só voltou à equipe, porém, no empate da estreia da Série B, sem torcida. Já Yago reapareceu em Cuiabá, na rodada seguinte, marcando gol. Diante do Treze, em Campina Grande, os dois garotos mudaram a partida e se tornaram titulares de vez.