Arestas aparadas. A irritação de Dorival Júnior com a notícia do empréstimo do atacante Eder Luis motivou uma reunião entre o técnico e o diretor-geral do clube, Cristiano Koehler. Na noite desta segunda-feira, a saída do atacante para o Al Nasr, dos Emirados Árabes, entrou em pauta. A decisão da direção e a forma como o negócio foi conduzido contrariaram Dorival. Em coletiva de imprensa após o empate por 1 a 1 com o Corinthians, domingo passado, em Brasília, ele disse que soube da decisão apenas na noite de sábado e que tudo foi feito sem o seu aval. O técnico, que preparava a equipe com o jogador, teve de encontrar uma solução na última hora e optou pelo jovem Marlone, de 21 anos.
Na noite de sábado, no hotel, a diretoria avisou ao treinador que estava negociando Eder. Dorival foi obrigado a engolir, da mesma forma que o diretor executivo de futebol Ricardo Gomes, que também estava contrário à liberação do jogador - apesar do alto valor pago pelo time dos Emirados Árabes (cerca de R$ 6 milhões).
Na conversa com Koehler, Dorival repetiu o que disse aos jornalistas. Preocupa o treinador o fato de o time ter perdido um atleta de qualidade sem perspectiva de conseguir uma peça de reposição. A janela de transferências internacionais está fechada e os principais atletas da Série A já alcançaram o limite de seis jogos por seus clubes.
Cristiano Koehler confirma o encontro e disse que a conversa foi positiva. Segundo ele, as partes manifestaram seus pontos de vista e encerraram o assunto.
- É natural que o treinador com as características do Dorival, que é obstinado pela vitória, queira a permanência dos jogadores. Nós diretores, presidente, temos esse desejo. São casos e casos que precisamos avaliar para tomar a decisão em relação aos fatores que envolvem uma negociação, como, por exemplo, o caso do Eder Luis, que envolve necessidade financeira, a dívida que temos com Benfica (R$ 8 milhões), a dívida com o jogador, o desejo do jogador, principalmente isso, de sair. A proposta irrecusável, financeiramente, para o jogador e para o clube, mais uma economia de salário que iria até agosto de 2016. Foi colocado, explicado isso, ficou chateado pela perda técnica. A gente sabe e espera que dentro do grupo ele pode, com os jogadores que temos e os jovens da base, repor - disse o diretor.
Apesar da negociação estar em curso ao longo da semana, Dorival soube da saída de um de seus titulares em cima da hora. De acordo com Koehler, o negócio só foi concluído na véspera do jogo.
- Outro ponto (do encontro) foi a questão da comunicação. Ele entendeu que a operação só se efetivou no sábado. Na sexta ainda não estava certa. Não tinha como avisar anteriormente, não tinha proposta efetivada. Ele entendeu que negócio às vezes leva um mês, às vezes uma semana, às vezes uma hora. Acabou se concretizando, infelizmente a gente teve essa situação que aconteceu no meio da temporada. Era preciso, necessário, acabou que foi na véspera do clube, de o jogador pedir para não jogar. Tem coisas que a gente precisa tratar internamente, como economia inteira, não expor situações normais do futebol. Ficou bem, vamos em frente - frisou.
Dorival trabalhou normalmente na manhã desta terça-feira e prepara o time para enfrentar o Nacional-AM, quinta, no jogo de volta das oitavas de final da Copa do Brasil. Com a vitória por 2 a 0 na semana passada, o time pode até perder por um gol de diferença em São Januário que passa de fase. A partida será às 21h50m (de Brasília).