Futebol

Feminino: Com estreia no dia 05/03, Vasco ainda não se apresentou para 2023

Com estreia marcada para o dia 5 de março, o time feminino do Vasco ainda não se reapresentou para a temporada 2023, o que coloca em risco o desempenho na Copa Rio. O primeiro jogo é contra o Flamengo, na Gávea.

O time rubro-negro iniciou a pré-temporada no dia 4 de janeiro. Outros dois principais rivais, o Botafogo se reapresentou no dia 10 de janeiro, enquanto o Fluminense voltou às atividades em 2 de fevereiro.

O Vasco prevê a reapresentação das Meninas da Colina após o Carnaval. O elenco passará por exames médicos, praxe de pré-temporada, e será avaliado. O trabalho é para que a comissão técnica tenha um time-base para trabalhar já neste retorno.

A reformulação da categoria ajuda a explicar o atraso no planejamento. Um mês após os profissionais se reapresentarem e começarem a traçar os planos para 2023, o Vasco optou pela troca da direção e da comissão técnica do time feminino.

O clube entende que a troca era necessária e buscou profissionais que têm experiência com o futebol feminino. O planejamento do Vasco visa prioritariamente a Série A3 do Brasileirão, com o objetivo de voltar à Segunda Divisão e depois chegar à elite.

Seis profissionais foram dispensados pelo clube: o gerente de futebol Raphael Milenas, o supervisor Ricardo Rocha, o técnico Antony Menezes, o preparador físico Lui Toledo, a auxiliar técnica Pretinha e o técnico da base Leonardo Santos. Quatro já foram anunciados com a missão de reestruturar o futebol feminino e voltar à Série A2 do Brasileirão em 2024: a coordenadora Tatiele Silveira, a supervisora Amanda Eskinazi, a técnica Jaqueane Correa e o auxiliar técnico Gabriel Tinoco.

- Tenho como objetivo fazer o cruzmaltino voltar a figurar entre as principais equipes do futebol brasileiro e trabalharei muito para isso junto com a minha comissão técnica - declarou a técnica Jaqueane Correa ao site oficial do Vasco.

Mas a recuperação está além da troca dos profissionais. Agora sob responsabilidade da 777 Partners, a categoria precisa de investimento. No ano passado, o orçamento foi de R$ 2 milhões, três vezes menos, por exemplo, do que Botafogo e Fluminense investiram.

Ainda não há previsão do valor a ser disponibilizado para 2023, mas a direção vinha conversando com a SAF nos últimos meses. Não há, no momento, expectativa para que o recurso supere os números de 2022. O investimento será de acordo com a competição que o time disputa, ou seja, a Terceira Divisão nacional.

Em janeiro, o ge entrevistou o diretor administrativo e chefe da divisão de Esportes, Mídia e Entretenimento da 777, Juan Arciniegas, durante passagem do Vasco pelos Estados Unidos. Na ocasião, o futebol feminino foi um dos assuntos abordados. Perguntamos qual era era a previsão de investimento na categoria.

- Faz apenas alguns meses desde que assumimos o Vasco. Nossas prioridades imediatas foram ajudar o clube a conseguir o acesso, solidificar as finanças e montar o elenco para esta temporada. Definitivamente tivemos conversas com Luiz (Mello, CEO da SAF) e outros no clube sobre essas outras áreas, e estamos ansiosos para passar ainda mais tempo abordando essas áreas este ano - declarou Juan Arciniegas no fim do mês passado, antes do início da reformulação.

Incerteza sobre o futuro

Uma das linhas de planejamento trabalhadas pelo Vasco no início do ano era a de contratar apenas jogadoras do Rio de Janeiro, que estivessem livres no mercado. Isso ajudaria a desafogar o orçamento, apesar de prejudicar a competitividade de um time que precisa sair da terceira divisão nacional.

Atualmente, o clube tem vínculo com cerca de 15 meninas. Desde o fim da Série A2 no ano passado, mais de 20 jogadoras deixaram o Vasco e nenhuma foi contratada. A tendência é que a nova diretoria ainda negocie com aquelas que tiveram seus contratos encerrados e anuncie reforços em breve.

O receio de muitas garotas é que a reformulação chegue ao elenco e, passados dois meses do início de 2023, elas tenham dificuldades de se realocarem no mercado. No elenco do ano passado, havia apenas duas jogadoras com contrato no regime CLT. O restante tinha contrato de formação, que pode ser feito com atletas menores de 20 anos.

Há também discussão sobre a manutenção da base. No ano passado, o Vasco tinha times sub-17 e sub-20. Para participar de competições sul-americanas, segundo regulamento da Conmebol, os clubes precisam ter pelo menos um time de base além do profissional. Mas nesta temporada a equipe masculina tem apenas torneios regionais e nacionais no calendário.

A estrutura é outro ponto que merece atenção. As meninas dividem a academia com a base, que tem prioridade para usar o local em São Januário, e treinam no Artsul, em Nova Iguaçu, ou na Vila Olímpica, em Duque de Caxias. Como os profissionais são também compartilhados entre as categorias - médicos, fisioterapeutas, nutricionistas e afins -, quando treinam em Caxias elas são assistidas por médicos da prefeitura da cidade, que têm uma parceria com o clube.

Além disso, o sub-17, sub-20 e adulto treinavam juntos, às vezes com meio campo para cada time trabalhar. As categorias tinham treinadores diferentes - um para a base e um para o profissional -, mas dividiam os mesmos preparador físico e auxiliar técnico.

A comissão se planejava de acordo com a importância dos jogos, já que meninas do sub-17 e do sub-20 também jogavam no adulto. Há casos, por exemplo, que o ge comprovou a partir de súmulas, de atletas que jogavam duas vezes no mesmo dia por categorias diferentes.

Ainda se inteirando de todos os processos do futebol feminino, a nova direção e comissão técnica vão encontrar grandes desafios, a começar pelo atraso no planejamento - salvo que dá para acelerar o trabalho antes do início do Brasileiro, que ainda não tem data marcada pela CBF. De qualquer forma, o Vasco inicia 2023 atrás dos principais rivais cariocas.

Fonte: GE
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