Um dos nomes do Brasil na Copa do Mundo Feminina, Angelina começou na base do Vasco, onde chegou aos 14 anos. Hoje, aos 23, a meia é um das esperanças da Seleção na busca pela primeira conquista do Mundial.
O ge conversou com Antony Menezes, treinador que ficou mais de dez anos na base do Vasco e acompanhou de perto o surgimento de Angelina.
- No primeiro dia que a Angelina chegou no Vasco para fazer a avaliação, notamos que ela tinha um toque diferente na bola, um toque com elegância. Era um jeito de jogar e uma postura diferente. Mesmo muito nova, já conseguimos notar - falou Antony sobre o contato inicial.
Antony foi atleta de futsal por muitos anos chegando a disputar uma edição de Liga dos Campeões, quando atuava no Azerbaijão. Depois da aposentadoria das quadras, foi treinador do time feminino do Vasco de 2012 até fevereiro deste ano. Inclusive, chegou a treinar outras categorias ao mesmo tempo. Foi assim que conheceu Angelina quando ela chegou ao clube, em 2014.
O talento da meia surpreendeu desde cedo. Com 16 anos, por exemplo, Angelina disputou uma competição sub-20 pelo Vasco, sendo titular na maioria dos jogos. Como o próprio treinador explica, isso costuma acontecer com atletas fora da curva por conta das poucas competições que existiam. É o caso similar, por exemplo, da Giovanna Waksman, jogadora ex-Botafogo convocada para a Seleção sub-20 do Brasil, mesmo com 14 anos.
- Foi só dar mais uma sequência. Ela sempre foi muito focada e já percebíamos que ela ia longe porque era determinada a querer melhorar, tanto taticamente quanto tecnicamente. E foi assim que aconteceu - relembrou Antony.
De perfil mais tímido e "na dela", como o próprio Antony cita, Angelina também ensinou muito. Em uma partida do Carioca Sub-15, atuou improvisada na lateral esquerda.
- Tive um problema com a lateral esquerda e com um clássico pela frente. Falei: “Caramba, quem vai jogar nessa posição?”. Conversei e ela disse que com certeza iria fazer. Estava indo bem, sempre obediente taticamente, só que estávamos empatando e não conseguindo criar oportunidades - explicou o técnico, que acrescentou:
- Coloquei ela na função original de volante organizadora e, quando troquei, o time melhorou muito. Botei outra jogadora na lateral e ela organizou o meio de campo. Ganhamos a partida e pensei: “Que besteira que fiz”. Talento não tem jeito - brincou Antony.
Comparação com Formiga
Tony, como também era chamado pelas jogadoras, não esconde a admiração pela qualidade de Angelina e a compara com Formiga. Além de compartilharem a mesma posição, a jovem foi a reserva imediata da veterana nas Olimpíadas de 2021, realizada no Japão.
- Era questão de tempo (disputar uma Copa) pelo jeito de jogar, pela qualidade técnica e tática. Óbvio que a lesão prejudicou para não ser convocada de primeira, mas quando ela assumir a titularidade da Seleção não vai sair tão cedo - contou Tony.
Em julho do ano passado, durante a campanha da conquista da Copa América, Angelina era peça fundamental no time, mas sofreu uma lesão de LCA (ligamento cruzado anterior) no joelho direito, que acabou a deixando de fora por cerca de nove meses. Por isso, apareceu somente como suplente na lista oficial de Pia Sundhage. Com a lesão da atacante Nycole, a jogadora foi convocada.
- Não tenho dúvidas que ela vai colocar a camisa 8 e fará uma história tão grande como a da Formiga - disse Antony sobre a eterna 8, que teve trajetória de 26 anos na Seleção.
Depois do destaque que rendeu frequentes convocações, Angelina deixou o Vasco e foi para o Santos, em 2017. Um dos motivos foi o baixo investimento do clube na modalidade. No Brasil, a jogadora ainda vestiu a camisa do Palmeiras antes de assinar com o OL Reign, dos Estados Unidos.
Angelina é uma das opções da técnica Pia Sundhage na busca do Brasil pelo seu primeiro título do Mundial Feminino. A Seleção estreia nesta segunda-feira, às 8h, contra o Panamá.