Futebol

Feminino: Tadeu Correia diz que chance do time adulto ser extinto é grande

Após um hiato de 12 anos, o Campeonato Brasileiro Feminino voltou a ser realizado em 2013 e terminou com o título do Adeco (Associação Desportiva Centro Olímpico) no dia 7 deste mês. Apesar do aporte de R$ 10 milhões da Caixa, o torneio registrou confusão no pagamento das taxas de arbitragem e críticas pela falta de estrutura e transparência. Os boletins financeiros de mais da metade dos jogos ainda não foram divulgados pela CBF em seu site oficial.

Das 70 partidas disputadas na competição, 46 ainda não têm o boletim financeiro dez dias após o encerramento. O documento informa o número de ingressos disponibilizados, vendidos, despesas da partida e taxas. A CBF, através de sua assessoria de imprensa, diz que houve um problema no sistema de tecnologia, mas que os dados serão disponibilizados nos próximos dias. As súmulas eletrônicas, porém, podem ser acessadas normalmente.

E justamente as súmulas evidenciaram outro problema na edição do campeonato feminino, que teve transmissão do canal FOX Sports. Muitos árbitros não foram pagos após as partidas. O problema ocorreu em três jogos da primeira fase e outros três da segunda. Segundo Paulo Roberto, diretor da Sport Promotion, empresa responsável pela organização do torneio e comercialização de publicidade, houve confusão para definir o responsável pelo pagamento.

"Nós bancamos todos os custos, inclusive a ambulância que precisa estar em campo, todo aparato. Mas achamos que o melhor era pagar às federações e elas repassariam aos árbitros. Algumas tiveram problemas de logística, pagando com atraso. Mudamos e passamos a dar o dinheiro diretamente aos clubes. Tanto que nas fases seguintes não tivemos mais relatos disso", disse Roberto. A informação foi confirmada ao UOL Esporte pelos clubes envolvidos.

A CBF também foi procurada para comentar os atrasos aos árbitros, condições de estádios e balanço do torneio, mas não se manifestou até a publicação da reportagem.

Condições de jogo criticadas

Vestiário sem água, banheiros sem porta e gramados cheios de buracos. Se a Série A deste ano contou com estádios reformados ou construídos para a Copa do Mundo, no 'padrão Fifa', o torneio feminino vive uma realidade diametralmente oposta.

A súmula da vitória por 2 a 0 do Foz Cataratas sobre o Vitória-PI, no estádio Pedro Basso, diz, por exemplo, que o vestiário da arbitragem não tinha porta nos banheiros e que a chuva molhou o interior do local e pertences da equipe. O relato é assinado pelo árbitro Antonio Denival de Morais. Outros jogos também são descritos com falta de água potável e até ausência de médicos nos times.

"As condições são muito ruins. Armários quebrados, falta de bancos, alguns locais sem água. E não é uma exclusividade de um time ou outro, por isso nem cito nomes. A estrutura é ruim de maneira geral para o futebol feminino. O Vasco ainda conta com São Januário, mas não posso mentir. Não somos exceção se tivéssemos que jogar em outro local. Dá para continuar assim?", disse o diretor de futebol feminino do Vasco, Tadeu Correa.

Outros dois diretores de equipes que disputaram o Brasileirão feminino, ouvidos pelo UOL Esporte, questionaram as condições dos jogos. Todos, porém, elogiaram as condições de translado e hotéis reservados pela empresa que organiza a competição.

"Quando saímos da competição, a FOX Sports ficou desesperada porque só nós sustentávamos a audiência. Não adianta sair fazendo campeonato sem discutir o planejamento e as condições do futebol feminino. O Vasco, na categoria profissional, vive uma briga interna para não acabar. E a chance de acabar é grande. Com o nome e a estrutura, não consegue patrocínio", completou Correa.

Solução nos grandes

Se os problemas existem, boa parte dos envolvidos no campeonato indicam uma solução em comum. A participação de clubes grandes no futebol feminino. Utilizar torcidas já formadas ao invés do investimento em 'times de prefeitura' é a solução para popularizar o esporte.

"Os clubes grandes não estão tendo cuidado com o futebol feminino. O importante era construirmos um calendário fixo, ter competições para disputar. Agora temos como conversar para que as equipes de 'camisa' criem equipes. Um Corinthians leva torcida, pois ela é apaixonada", disse o diretor da Sport Promotion.

Apesar de já ter sido negociado por mais dois anos com a FOX Sports, a Caixa ainda não anunciou se repetirá o patrocínio de R$ 10 milhões em 2014. A empresa que organiza a competição, porém, demonstra confiança na continuidade do projeto.

Fonte: UOL Esportes
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