Quando disse durante a semana que o empate em casa com o Corinthians poderia ser bom, Juninho Pernambucano certamente não imaginou um jogo com circunstâncias como o de ontem, em que o Vasco, por duas vezes, esteve em vantagem no placar. Nem que sofreria um estiramento na batata da perna esquerda que, além de ser determinante para a queda de rendimento do time e o resultado final , tiraria-o do importante confronto do próximo domingo, contra o Inter, no Beira-Rio. Como Élton levou o terceiro cartão amarelo e Dedé estará com a seleção brasileira, o técnico Cristóvão Borges começa a semana ciente de que terá pelo menos três desfalques em Porto Alegre.
O Vasco viaja nesta manhã para Cochabamba, na Bolívia, onde na quarta-feira faz o primeiro jogo das oitavas de final da Copa Sul-Americana contra o modesto Aurora. Cristóvão preferiu não revelar a lista de jogadores relacionados para a viagem. Limitou-se a dizer que quase todos os titulares permanecerão no Rio. A estratégia é fazer como no início do Brasileiro, quando o clube disputava paralelamente a Copa do Brasil e jogou nas primeiras rodadas com um time misto.
A oportunidade será dada àqueles que têm jogado pouco.
O goleiro Fernando Prass, que já havia manifestado o desejo de jogar, e o lateral Fágner, são exceções. Como vêm de um período de inatividade, o volante Nilton e o meia Felipe, que ficaram no banco ontem, também devem viajar, assim como Élton, suspenso.
Tentaremos tirar proveito de todas as formas desse jogo avisou Cristóvão. Vamos escolher uma forma de jogar que permita com que o time siga jogando bem.
Felipe no lugar de Juninho As entradas de Vítor Ramos na zaga e de Alecsandro no ataque para o jogo contra o Inter, em que mais uma vez estará defendendo a liderança do Campeonato Brasileiro, pouco mudam a maneira do time jogar. Jumar, que se recupera de um problema muscular, também deve reaparecer na esquerda. Hoje, o ponto de interrogação na cabeça de Cristóvão é justamente o substituto de Juninho. Felipe só não começa jogando se ainda se mostrar fisicamente muito abaixo do restante do grupo.
Contra o Corinthians, por exemplo, quando Juninho saiu, Cristóvão abriu mão da qualidade e da experiência do meia e lançou o jovem Allan.
Se entrasse, Felipe iria jogar num setor que lhe exigiria muita marcação e força. Por isso, optei por outro jogador explicou o treinador, que, além de Allan, terá Fellipe Bastos novamente à disposição.
O Vasco tem ainda outro desafio nas 11 rodadas que vão definir o campeão brasileiro: equilibrar as ações entre os setores direito e esquerdo, sob o risco de se tornar um time previsível. Ontem, a equipe praticamente só levou perigo pela direita, com Fágner e Éder Luís. Com Márcio Careca muito mal e Diego Souza preso à forte marcação pela falta de um companheiro com quem jogar, o lado esquerdo não só não funcionou como, no fim da partida, quase se torna o caminho para uma virada do Corinthians no placar.
Jogamos muito pela direita, não foi bom afirmou Cristóvão.
Isso facilitou a marcação sobre o Diego, que foi menos acionado do que deveria.
A perda de quatro pontos em São Januário nos últimos dois jogos empates com o Atlético-PR e Corinthians não chega a preocupar Cristóvão.
Ele lembrou que, da mesma forma que deixou escapar pontos importantes, o Vasco goleou o Cruzeiro fora, além de ter vencido o Grêmio com autoridade em casa: O Vasco vem jogando bem independentemente do lugar. Temos é que corrigir alguns pontos para melhorar ainda mais o desempenho.
(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal O Globo)