Eurico Miranda está de volta ao futebol carioca. Não pelo Vasco, como se chegou a especular durante o fim de semana e negado pelo presidente do clube, Roberto Dinamite. Mas o que se viu na terça-feira, no conselho arbitral da Federação de Futebol do Rio que definiu a fórmula de disputa do Campeonato Estadual para os próximos dois anos, foi um Eurico ativo, irônico e comandando os rumos dos clubes pequenos, interferindo diretamente no resultado da votação que alterou um regulamento da competição.
Eurico chegou à Federação de terno, pouco antes de o arbitral começar. Cumprimentou o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, o ex-diretor de seleções da CBF, Américo Faria (agora no Boavista), e tomou lugar ao lado do presidente do Madureira, Elias Duba, e de outros representantes de clubes. Eurico é uma espécie de comandante dos clubes pequenos, disse um dirigente que pediu para não ser identificado.
Do seu lugar, Eurico Miranda viu quando o atual presidente do Vasco, Roberto Dinamite, chegou atrasado à reunião que já tinha começado. Nem sei para que ele que veio, sussurrou Eurico com quem estava ao lado, em referência ao desafeto.
Foi Roberto chegar para o presidente da Federação, Rubens Lopes, começar a votação sobre a instituição de uma multa no lugar do terceiro cartão amarelo para que nenhum jogador perca as partidas das finais. Fluminense, Botafogo, Flamengo e Vasco votaram não. Resende, Volta Redonda, Macaé e Friburguense empataram a votação. Nova Iguaçu votou não. Boavista sim. Duque de Caxias não. Madureira, Bangu, Olaria, Quissamã e Audax votaram sim.
O resultado, de acordo com o critério de peso de cada clube dentro da Federação, daria a vitória ao não. Imediatamente, Eurico Miranda olhou para o representante do Duque de Caxias e ordenou a mudança de voto. Em seguida, em voz alta, deu outra ordem: Jânio, muda o voto. Jânio era Jânio Moraes, presidente do Nova Iguaçu, que sem pestanejar mudou seu voto. Eu me equivoquei, presidente, entendi errado, disfarçou.
Enquanto isso acontecia, um funcionário da Federação já computava a vitória do não, quando Rubens Lopes disse: ué, mudaram os votos depois da eleição. Isso pode?, brincou. Eurico, do seu lugar respondeu. Pode, mudaram os votos. Resultado final: 58 votos ao não, 78 votos ao sim.
Eurico Miranda ainda deu pitacos na confecção do novo regulamento, que vai ser publicado nesta quarta-feira no site da Federação. Disse coisas que estavam erradas, mas ninguém deu muita atenção e nada mais foi mudado. Eurico ainda cochichou algo no ouvido de Teodomiro Bittencourt, o Mirinho, presidente do Macaé, e conversou muito com Elias Duba. Antes de a reunião acabar, Eurico tentou sair de fininho. Como se fosse possível.
Curto na única resposta que deu aos jornalistas sobre o que estava fazendo ali, voltou a ser o Eurico irônico dos tempos de Vasco: estou prestando consultoria ao Vasco, disse pegando o elevador rapidamente e abandonando a sede da Federação.
Pelo menos por enquanto. Porque ele está de volta, e quer dar as cartas novamente no futebol carioca. Se não no Vasco, como consultor dos 12 clubes menores do Estadual.