Choro e depressão. Por muito tempo, o drama tomou conta da vida de Eder Luis, autor do gol que garantiu o título da Copa do Brasil para o Vasco em 2011. Com um gravíssimo problema no joelho direito, ele chegou a pensar em se aposentar após não encontrar solução. Desolado, se apegou à religião e fez sua última tentativa com a medicina brasileira. O tiro foi certo e, após quase um ano sem atuar, está 100% recuperado clinicamente e próximo de seu retorno aos gramados.
O drama do atacante começou ano passado, nos Emirados Árabes, onde defendia o Al-Nasr. Com um problema crônico no joelho desde o início da carreira, resolveu optar por um método pouco tradicional para se livrar da questão. Motivado por um lateral direito da sua equipe, foi à Itália, em março de 2014, enxertar um menisco de cadáver no local.
O que parecia ser o fim de seus tormentos, acabou se tornando um pesadelo ainda pior. Sem conseguir dobrar a perna de maneira completa, retornou ao país europeu novamente para ser examinado e os médicos optaram por um procedimento ousado: aplicaram uma anestesia e forçaram a dobra de seu joelho. Após um forte estalo, tudo parecia ter ficado bem. Porém, com o término do efeito do medicamento, a dor voltou ainda pior e, posteriormente, foi constatado que o menisco havia sido solto.
Desesperado, pediu para fazer o tratamento no Brasil. Autorizado, encontrou no Rio de Janeiro a pessoa que mudaria o curso de sua história: o fisioterapeuta Marcelo Moutinho, mais conhecido como Rato, que por muito tempo cuidou de Romário.
"O Eder chegou para mim na segunda quinzena de dezembro do ano passado. Fiz cinco dias de tratamento e percebi que ele estava com um problema muito sério. Fui à casa dele e vi que ele tinha dificuldades de subir a escada. Puxava a perna. Ele estava travado, não tinha movimentos, não tinha condições de correr, de jogar, nada. Daí comecei a conhecer o corpo do Eder e chegamos a conclusão que não estava legal. Então fizemos uma ressonância e buscamos um cirurgião em São Paulo", se recorda Rato.
O médico, especialista em cirurgias no joelho, retirou o menisco de cadáver, limpou a área e o entregou novamente à fisioterapia. Dali em diante, a evolução foi constante.
"Foi uma evolução absurda. Uma fisioterapia diária. Era evolução a cada dia. Uma coisa absurda. Teve o processo inicial em casa, manual, como aparelhos, depois teve o trabalho na piscina, depois fomos direto para academia e, na sequência, iniciamos a academia alternado com trabalhos de fortalecimento muscular na areia fofa. Por fim, teve a fase do campo. E dali foi autorizado a se apresentar ao Vasco", disse o fisioterapeuta.
Desde então, Eder Luis treina no Cruzmaltino. Clinicamente recuperado, ele nem passa pelo departamento médico e está entregue à preparação física. Como ainda resolve os trâmites burocráticos da transferência, não pode participar dos trabalhos em campo com os outros companheiros. Assim que tudo estiver finalizado, será colocado a disposição do técnico Doriva e aguardará a abertura da janela, em julho, onde estará autorizado a jogar. O drama, enfim, foi superado.
"No começo, ele estava falando em encerrar a carreira. Ele chegou a dizer: 'Eu já não penso mais em jogar, só penso em dobrar e esticar o joelho'. Ele estava bem depressivo, deprimido. E como atendo em casa, você acaba vivendo com a esposa, com os filhos, eu convivi muito com isso. Acaba tendo uma relação. Ele estava pensando muito em parar. Agora ele está supermotivado. Só agradece. Ele disse para mim: 'Voltou minha alegria, minha vontade de correr'. O Eder Luis está clinicamente recuperado e pronto para voltar", garantiu Rato.
O tratamento com enxerto de cadáver divide opiniões na área da medicina. Muitos especialistas no Brasil recriminam este tipo de cirurgia em atletas de alta performance, e alegam que isto é mais recomendado para pessoas sedentárias.