Albino Friaça Cardoso é o único jogador brasileiro que fez um gol numa final de Copa do Mundo no Maracanã. Foi no dia 16 de julho de 1950, quando a Seleção Brasileira foi derrotada pelo Uruguai por 2 a 1, de virada, e perdeu a chance de ser campeã do mundo em casa. O ex-atacante do Vasco e do São Paulo foi entrevistado pelo jornalista Geneton Moraes Neto para o programa \"Fantástico\", da TV Globo. A matéria foi ao ar no último domingo (11/06) e pode ser vista neste endereço: http://gmc.globo.com/GMC/0,,2465-p-M479677,00.html.
Apesar da derrota, Friaça se sente honrado pelo gol que marcou:
\"Eu tenho isso como glória.\"
O jogador, que tinha 25 anos na época, conta que tremeu quando adentrou o gramado e viu os 200 mil torcedores (maior público até hoje na história do futebol) que lotavam o Maracanã. Mas que não foi o único:
\"Bateu um tremor. Tremi. Mas tremi vendo muita gente boa tremendo na minha frente.\"
Perguntado se ainda sonha com o lance, Friaça dá uma resposta desconcertante:
\"Sonho, mas não adianta.\"
A emoção do gol foi tão grande que Friaça só se lembra de ter abraçado uma pessoa, um repórter de campo:
\"Abracei nele e caímos nos dois para fora do campo.\"
O ex-atleta, que hoje tem 81 anos e mora em Porciúncula, no Estado do Rio de Janeiro, mostra que ainda sente o peso da derrota:
\"O futebol tem dessas coisas que a gente carrega nas costas.\"
O ex-jogador revela que perdeu cinco quilos na decisão da Copa do Mundo:
\"Eu pesava 64 quilos e vim para 59, 58, por aí.\"
Friaça ficou tão desolado com a derrota que não se recorda de como deixou o Maracanã após a partida, só tendo dado por si quando já estava em Teresópolis, a 90km do Rio:
\"Me deu um branco. Quando eu vi estava embaixo de uma jaqueira.\"
Três jogadores foram considerados, pela imprensa e pela torcida, culpados pela derrota: o goleiro Barbosa, o zagueiro Juvenal e o meia Bigode. Mas Friaça, que dos 11 brasileiros que estavam em campo naquela tarde é o único ainda vivo, discorda:
\"Ninguém teve culpa.\"
Friaça recorda ainda que vários prêmios lhe foram prometidos por ter feito o gol do Brasil na final, mas que não recebeu nenhum:
\"Isso teve vários, inclusive uma motocicleta. Prometeram fazenda. Não deram nada, nunca apareceu nem em papel.\"
O vice-campeão do mundo encerra a entrevista descrevendo seu gol histórico da seguinte maneira:
\"Foi sonho. Sonhei.\"