Ter que se adaptar sempre foi uma necessidade, mas nunca um problema na vida de Thiago Martins da Costa. Deficiente auditivo desde os três anos, ele é linebacker do Vasco da Gama Patriotas e garante que sempre teve uma vida normal. Ele precisa apenas de alguns ajustes, como os que a defesa cruz-maltina foi obrigada a fazer, mas nada que impeça que ele seja um destaque do time que disputa a semifinal do Torneio Touchdown neste sábado, às 18h, contra o Jaraguá Breakers em Santa Catarina.
- Eu tive uma meningite meningocócica com três anos de idade. Perdi a audição dos dois lados na época. Consegui recuperar a direita, entre 60% e 70%, e a esquerda é zero. Nunca tive dificuldade em relação ao meu problema auditivo. Sempre batalhei pelo que eu quis. No meu dia a dia nunca foi problema para mim, sempre estudei em colégio normal, todo mundo sabia do meu problema e sabia que se falasse do meu lado direito ou pelas costas eu poderia não entender. Mas nunca foi um empecilho para nada – contou o jogador.
Costão começou a jogar futebol americano na praia em 2004, aos 16 anos. Parou por um tempo para se dedicar ao futebol da bola redonda, passando por Nova Iguaçu, Botafogo e Bangu. Voltou a se dedicar à bola oval, defendendo o Piratas de Copacabana nas areias cariocas.
- Jogar no campo é um pouco mais complicado porque o capacete tampa um pouco a nossa audição e às vezes eu tenho dificuldade de entender. Mas meus companheiros de equipe sabem do meu problema, então eles sempre chegam perto de mim, falam de frente para mim, porque eu faço leitura labial, e aí facilita bastante.
O começo no futebol americano de grama foi em 2010, defendendo o Fluminense Imperadores. Nos dois anos seguintes, atuou pelo Botafogo, chegando ao Vasco, seu terceiro time, nesta temporada. A cada nova equipe, ele precisava que seus companheiros também se adaptassem.
- Nesses times que passei, tive que me adaptar a cada um deles, porque cada um joga de uma forma diferente. Mas nunca tive muita dificuldade. Já aconteceu de ter má comunicação. Aqui principalmente, porque sou novo na equipe, a defesa é mais entrosada, e eu sou uma peça nova. Não pegamos bem a comunicação no início do campeonato. Com o tempo eles foram entendendo melhor, isso foi se ajustando, e hoje em dia a comunicação não falha tanto como no começo – explicou Thiago.
Apesar das dificuldades iniciais para adaptar a defesa do Vasco às necessidades de Costão, a chegada do linebacker é muito elogiada por Roldan Júnior, presidente da equipe e capitão defensivo do time cruz-maltino.
- O Costão é um cara muito conhecido já na praia, é um destaque há muito tempo. Ele somou muito à nossa defesa. A vinda dele foi especial para a gente. Foi a melhor contratação do Vasco nesse ano, junto com o (running back) Rômulo – declarou Roldan.