Formada por atletas que têm paralisia cerebral, a seleção brasileira de futebol de 7 está na Inglaterra para a disputa do Cerebral Palsy Football World Championships, equivlanete ao Campeonato Mundial desta modalidade paralímpica. Os jogos serão disputados em Burt Upon Trent, de 16 a 28 deste mês, e o Brasil fará sua estreia na próxima quarta-feira, dia 17, contra a Escócia, às 9h (horário de Brasília). A longo prazo a meta da equipe brasileira é a de lutar por um pódio nas Paralimpíadas do Rio, em 2016, em que a modalidade será disputada em Deodoro.
— Eu digo aos jogadores que temos qualidade para buscar a taça. Confio muito nestes atletas e hoje posso dizer que tenho 14 jogadores aptos a jogar uma final em alto nível. Todo o nosso trabalho de comissão técnica foi feito e dentro do campo eles estão prontos para tudo — assegurou o técnico Dolvair Castelli, que no grupo prevê as maiores dificuldades para o duelo com os Estados Unidos.
O Brasil está no Grupo C, juntamente com Escócia, Venezuela e EUA. O campeonato conta com 16 seleções das Américas, da Europa, Ásia e Oceania. As equipes estão divididas em quatro grupos e os dois melhores de cada chave avançam para as quartas de final.
— Desde 2013 as coisas melhoraram muito no futebol de 7 do Brasil. Acredito que somos referência e não teremos dificuldade na primeira fase. Digo até que passaremos em primeiro e os Estados Unidos em segundo. Eles são os que farão o jogo mais duro contra o Brasil — afirmou o trreinador.
A seleção enfrenta a Escócia no dia 17, Estados Unidos no dia 19 e Venezuela no dia 21. Apesar do intervalo curto, Dolvair garante que seus atletas estão bem preparados fisicamente para manter um padrão alto:
— Fizemos um trabalho na Unicamp (Universidade de Campinas-SP) e sabemos como aproveitar os jogadores, para equalizar o volume de jogo em cada um e chegar a uma possível decisão sem nenhum desgaste excessivo.
A base da equipe nacional é o Vasco, com sete atletas. Os convocados são: Marcos Ferreira (Marcão), CAIRA/MS; Igor Romero, CAIRA/MS; Wesley Martins, CAIRA/MS; Jonatas Machado, Vasco; Felipe Rafael Gomes, Vasco; Diego Delgado, Vasco; Evandro de Oliveira, Vasco; Fernandes Celso, Vasco; Ubirajara da Silva, Vasco; Gilvano Diniz, Vasco; Ronaldo de Souza, ADD/MS; Wanderson da Silva, ANDEF/RJ; Jan Francisco da Costa, ANDEF/RJ; e José Carlos Guimarães (Zeca), ANDEF/RJ.
A modalidade surgiu em 1978, destinada aos paralisados cerebrais, os PCs. As primeiras partidas ocorreram na cidade de Edimburgo, na Escócia. A primeira edição das Paralimpíadas em que a modalidade esteve presente foi em Nova Iorque, em 1984. Em Barcelona (1992), o Brasil estreou nos Jogos Paralímpicos e ficou em sexto. Nas Paralimpíadas de Atlanta (1996), a seleção brasileira ficou em penúltimo, mas quatro anos depois, em Sidney, conquistou o bronze. Nos Jogos Paralímpicos de Atenas (2004), o Brasil se superou mais uma vez e conquistou a medalha de prata, deixando para trás potências como a Rússia, Estados Unidos e Argentina.
O futebol de sete é praticado por atletas do sexo masculino, com paralisia cerebral, decorrente de seqüelas de traumatismo crânio-encefálico ou acidentes vasculares cerebrais. As regras são da FIFA, mas com algumas adaptações feitas pela Associação Internacional de Esporte e Recreação para Paralisados Cerebrais (CP-ISRA). O campo tem no máximo 75m x 55m, com balizas de 5m x 2m e a marca do pênalti fica a 9,20m do centro da linha de gol. Cada time tem sete jogadores (incluindo o goleiro) e cinco reservas. A partida dura 60 minutos, em dois tempos de 30, com um intervalo de 15 minutos. Não há regra para impedimento e a cobrança lateral pode ser feita com apenas uma das mãos, rolando a bola no chão. Os jogadores pertencem às classes menos afetadas pela paralisia cerebral e não usam cadeira de rodas. No Brasil, a modalidade é administrada pela Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE).
Os jogadores são distribuídos em classes de 5 a 8, de acordo com o grau de comprometimento físico. Quanto maior a classe, menor o comprometimento do atleta. Durante a partida, o time deve ter em campo no máximo dois atletas da classe 8 (menos comprometidos) e, no mínimo, um da classe 5 ou 6 (mais comprometidos). Os jogadores da classe 5 são os que têm o maior comprometimento motor e, em muitos casos, não conseguem correr. Assim, para estes atletas, a posição mais comum é a de goleiro. A paralisia cerebral compromete de variadas formas a capacidade motora dos atletas, mas, em cerca de 45% dos indivíduos, a capacidade intelectual não é comprometida.