República das Bananeiras 2: Os Vitimistas
Não é segredo pra ninguém que no ano de 2017 o Vasco enfrentou uma severa dificuldade para se manter honrando os compromissos e pagamentos de salários em dia, como vinha fazendo por cerca de 2 anos. Sem contar a sabotagem jurídica, a gestão anterior assumiu o clube após a catástrofe que dinamitou o Vasco. Dívida quase que triplicada e, em grande escala, com exigibilidade imediata. Sem ativo algum, já que a base havia sido igualmente destruída (quem não se lembra de Itaguaí?).
Em vez de expor o clube em praça pública para execração, aderindo ao velho e conveniente discurso da terra arrasada, foi-se a luta. Foram apurados recursos para regularizar a dívida fiscal, conseguindo-se as CND’s de forma imediata, que possibilitaram a renovação de um patrocínio e a obtenção de incentivos estatais. Inúmeros acordos foram feitos, pagos e quitados, gerando dificuldade em investimento no futebol, é verdade, onde estabeleceu-se uma política de custos moderados no início. Optou-se por trabalhar sem apontar dedos.
Basta lembrar que, diante do risco de punição de perda de pontos por decisão da FIFA pela inadimplência quanto a passivos pretéritos, desconhecidas até então, o Vasco teve que pagar dívidas imediatas, resolvendo os problemas. Afinal, é para isso que uma gestão é eleita – resolver problemas, inclusive. No caso do Vasco, principalmente. Exemplos disso são os casos de Felipe Bastos, Sandro Silva e Éder Luís, este último custando módicos 12 milhões de reais à vista em meados de 2016 com prazo de 48 h para a quitação oferecido pela FIFA.
Hoje, procura-se a imprensa para que o vazamento seletivo justifique o injustificável. Após a solução, que quase sempre deixa muito a desejar, gestores de gabinete aparecerem como salvadores da pátria.
A diretoria anterior fez um acordo de rescisão amigável com o atleta Jorge Henrique em março de 2017 para quitar determinado valor em 10 parcelas. Pagou as três primeiras. Em seguida, o Vasco alegou a existência de um erro material no acordo, já que pelo contrato a dívida era menor no valor de uma das parcelas. Constatado este erro, os pagamentos foram suspensos porque os representantes do atleta recusaram-se a aceitar a retificação. Esta era a situação ao final da gestão anterior. Se outro acordo foi feito posteriormente e descumprido, como de praxe, é outra conversa.
Os planilheiros têm por hábito se valer da retórica do Apocalipse, o que só expõe o clube e maximiza dissensões políticas. O discurso fomentado de forma dissimulada parte da premissa de que o Vasco foi fundado em 2015. Assim, subtraem-se as responsabilidades de diversos cúmplices da atual diretoria. Atuais e do nefasto passado ocorrido entre 2008 e 2014.
Por mais paradoxal que pareça, uma das maiores virtudes institucionais do ex Presidente Eurico Miranda foi também um dos seus maiores erros: não divulgar o estrago e o estado falimentar encontrado em dezembro de 2014, após seis anos de negligência, calotes, contas reprovadas, benefícios escusos, além de duas passagens pela segunda divisão e o desabamento institucional simbolizado no poço das cotas de TV. Na ocasião, não se pagava nem água e nem a conta do posto de gasolina da esquina.
A diretoria atual repete o mesmo pacote daquele período sombrio: muita retórica insustentável, muito discurso para inglês ver e ralos abertos por todos os lados por incompetência, negligência e falta de palavra, a ponto de se ficar impedido, em mudança de temporada, de inscrever jogador. Mas a verdade é cristalina: os atuais gênios já chegaram com 86 milhões disponíveis apenas por um atleta devidamente formado na base, dentre tantos outros prontos para servir ao time desportiva e financeiramente. Assim, que vão à luta em vez de dar cambalhotas na piscina.
FUZARCA!