O volante Matías Galarza é uma das apostas do Vasco para essa temporada. Mais até do que uma esperança dentro de campo, o jogador representa a possibilidade do clube se aliviar financeiramente no futuro e o paraguaio entende muito bem essa responsabilidade.
Em entrevista exclusiva ao Jogada10, o volante Matías Galarza, de apenas 20 anos, demonstrou muita maturidade em relação ao seu papel como jogador do Vasco. Além do acesso, o paraguaio deseja brilhar na Série A e render uma boa venda para o clube, como retribuição por tudo que o Cruz-Maltino fez por ele.
“O primeiro ano foi de adaptação, onde eu cresci, conheci um novo ambiente e uma nova cultura. Creio que esses dois anos já me fizeram ser parte do Rio, como um verdadeiro carioca. Meu principal objetivo é subir com o Vasco e disputar a Série A. Particularmente penso em um dia ser vendido para dar algo ao clube e devolver o que ele me deu, que foi a oportunidade de fazer parte de uma instituição tão grande aqui no Brasil”.
Em maio do ano passado, o Vasco comprou 60% dos direitos econômicos de Matías Galarza, junto ao Cerro Porteño (PAR), por US$ 500 mil (R$ 2,6 milhões). O alto investimento para os padrões do clube, foi justicado pelo técnico Marcelo Cabo, que o colocava para jogar. No entanto, o volante acabou perdendo espaço com Lisca e sendo utilizado por apenas 7 minutos com Fernando Diniz. O paraguaio não guardou mágoa e afirmou que isso faz parte do futebol.
“Isso é uma decisão do técnico e eu como jogador sempre vou respeitar. Tem técnicos que podem gostar das minhas características, outros não. Neste sentido sempre fui profissional e sempre respeitei. Cada técnico vai querer o melhor, então eu tenho que sempre estar preparado para a oportunidade que possa surgir e respeitar a decisão do técnico, porque ele possui muitas possibilidades e tenho apenas que aceitar as suas escolhas”.
As poucas oportunidades no Vasco fizeram com que Galarza saísse do radar da seleção paraguaia. O volante, que já defendeu o seu país nas categorias de base, revelou que estava sendo monitorado pela comissão técnica da Albirroja, que tinha a intenção de convocá-lo para as Eliminatórias da Copa do Mundo.
“Para todo jogador, defender o país é um privilégio. Creio que todo jogador joga pelo seu clube para ser convocado para a seleção. Já conversaram comigo, me disseram que estavam me observando, que depois de um tempo eu seria convocado, sendo que eu deixei de jogar. Mas disseram para eu ficar tranquilo, que eu sou jovem e se não for nessas Eliminatórias ou na próxima Copa do Mundo, será no próximo ciclo”.
Galarza ficou de fora da estreia do Vasco no Carioca, vitória sobre o Volta Redonda, por 4 a 2, pelo fato do novo contrato ter sido registrado apenas esse ano. O novo vínculo tem validade até dezembro de 2025. O jogador soma 36 jogos, 22 como titular, três gols e três assistências.
Paternidade de Cano e respeito por Bruno Gomes
Nesta temporada, Galarza perdeu dois companheiros próximos, um de posição e outro de idioma: Bruno Gomes e Germán Cano. A começar pelo jogador revelado em São Januário, o paraguaio afirmou que apoia a decisão do volante e pede respeito à ele.
“É uma decisão individual e não é uma decisão fácil. Penso que ele esteja pensando em um melhor rumo para a sua carreira, está buscando um melhor ambiente para o seu crescimento e eu o apoio porque sempre foi um grande companheiro. É uma decisão dele e precisamos respeitá-la”.
Quanto a Germán Cano, Matías Galarza revelou que o argentino era como se fosse um pai, mas isso não o impede de ser adversário dentro de campo, quando o Vasco enfrentar o Fluminense.
“Ele foi igual a um pai, me ajudou muito quando eu cheguei no Vasco. Dentro de campo é mais um rival. Lá não há amigos e o que acontece no campo, fica no campo. Fora do campo será sempre meu amigo, um exemplo para mim. Falamos um pouco sobre a ida dele para o Fluminense. Quando ele acertou, eu o felicitei porque é um trabalho. Sempre estamos em contato, é um amigo, fora do campo (risos), dentro é um rival a mais”.
Não disputar a Copinha
Antes do final da temporada passada, Galarza recebeu férias antecipadas por conta da possibilidade de participar da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Esse planejamento tinha sido traçado por Fernando Diniz e Alexandre Pássaro. No entanto, com a chegada de Zé Ricardo, isso mudou e o jogador foi solitado a estar com o elenco profissional na pré-temporada. Para o paraguaio, disputar a Copinha seria uma boa, mas estar com o grupo principal, a pedido do treinador, foi melhor ainda.
“Na verdade a minha participação na Copinha nunca foi algo concreto. Sempre me disseram que eu poderia jogar, como não poderia. Como eu disse na entrevista passada, sou um ativo do clube. Eu vi pela televisão as partidas da Copinha e pensava que dava para jogar. Mas estar no profissional do Vasco é uma satisfação enorme, assim como todos na copinha estavam jogando para ganhar um espaço no time principal. Então não jogar a copinha foi bom, porque o técnico pediu por mim”.
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2021 x 2022
“Como jogador sempre vou respeitar as decisões do técnico e sempre vou tentar ajudar meus companheiros. No final da temporada eu voltei a jogar, aproveitei e fiz até gol. Esse ano é tudo novo, um plantel novo, muito bom, com muita vontade de subir para a Série A e fazer grandes campanhas no Carioca e na Copa do Brasil”.
Disputa por posição
“Yuri e Matheus são da minha posição. Será uma disputa sadia, entre companheiros e quem vai decidir é o técnico, que sempre vai escolher quem está melhor. Vou dar o melhor nos treinamentos e jogos. É uma disputa, o melhor vai jogar e é assim que tem que ser”.
Galarza fora de campo
“Como profissional do futebol, me limito a fazer algumas atividades. Então, quando consigo, gosto de ir a praia. Temos que pensar que jogadores também são seres humanos, que precisam de lazer, de estar com a família, se relacionar, sair um pouco do ambiente do futebol. Gosto de ir em um bom restaurante, apreciar uma boa comida, gosto muito de pastas e passar o tempo com a família”.
Sangue boleiro
“Eu venho de uma dinastia de goleiros. Meu pai sempre me influenciou a ser jogador de linha, porque goleiro é muito difícil receber uma oportunidade, só joga um por vez e eu também nunca tive altura para ser goleiro. Eu me sinto privilegiado por ter nascido em uma família de esportistas. Eu cresci em um vestiário com o meu pai, tive a oportunidade de assistir a Libertadores de 2013, Atlético e Olímpia. Minha mãe é tenista profissional, meu pai foi jogador e isso é um privilégio que eu sempre uso ao meu favor”.