Futebol

Galvão Bueno comenta brigas em São Januário e em outros estádios

Ainda impactado com as cenas de violência que viu no fim de semana, especialmente no clássico entre Vasco e Flamengo, o apresentador Galvão Bueno fez um apelo no programa "Bem, Amigos!" desta segunda-feira. A declaração teve um tom de desabafo e indignação, mas se traduziu em uma cobrança por mudanças e mais rigor para dar um basta em uma realidade que vai na contramão do que deveria ser o futebol. O narrador lembrou outros casos e pediu medidas urgentes, destacando a necessidade de um esforço conjunto.

- Que a tecnologia seja usada para usar no cumprimento da lei, que os torcedores verdadeiros sufoquem os covardes, que a polícia aja com mais rigor, e não é rigor de violência, é de inteligência, e que a justiça seja implacável. Que o exemplo venha de cima, começando pelos que nos representam lá em cima, e está difícil também, passando por jogadores, dirigentes, torcedores, jornalistas. O futebol, que vocês aí e nós aqui amamos tanto, é nosso, não é deles não. Precisamos de providências urgentes. E lembrar que a lei do futebol vai até certo limite, depois é cível, criminal, é outro tipo de justiça que tem que ser empregado - disse.

Galvão citou os episódios registrados em São Januário, dentro e fora do estádio (uma pessoa morreu, atingida por um tiro), e lamentou que tenha que ver pessoas que chamou de "vândalos e covardes" misturadas a torcedores nas arquibancadas do estádios brasileiros. 

- Eu não posso aceitar que tenha trabalhado 43 anos me comunicando e dividindo emoções com esse tipo de gente, marginais, vândalos e acima de tudo covardes, porque só são fortes quando são em maioria e por isso são covardes. Eu e qualquer outro comunicador não podemos chamá-los de torcedores porque eles não torcem, eles distorcem. Eles distorcem tudo de bom que o esporte traz para a sociedade - lamentou.

Confira, na íntegra, as declarações de Galvão: 

"Vou falar sério como nunca falei nesse programa antes. Estamos diante de um momento especialmente delicado e perigosíssimo no futebol brasileiro. Antes fosse uma derrota em campo da Seleção, do meu time, do seu time, não é. Nesse sábado, todos nós nos envergonhamos com o que vimos em São Januário: Vasco e Flamengo, o clássico dos milhões, virou o clássico dos rojões. A paixão pelo time virou desespero para salvar a vida. Do lado de fora, uma morte. Também no sábado, no Beira-Rio, houve conflito entre a Brigada Militar e torcedores do Internacional porque o time empatou de novo, em casa, com o Criciúma. Domingo retrasado, em Belém, isso é um absurdo, dois marginais vieram em uma moto, de rosto coberto, pararam o carro do presidente do Paysandu, intimidaram o presidente com o revólver e disseram: "se o Paysandu cair para a C, matamos você e esse maluco aqui". O maluco é uma criança amável, adorado, um autista. Ele renunciou. O que mais ele tinha para fazer depois de uma cena dessa?Há pouco tempo foi em Goiás, há poucos meses foi na frente do estádio Nilton Santos, também no Rio. 

Selvageria, vandalismo, ódio, violência, palavras que não rimam com futebol. Eu não posso aceitar que tenha trabalhado 43 anos me comunicando e dividindo emoções com esse tipo de gente, marginais, vândalos e acima de tudo covardes, porque só são fortes quando são em maioria e por isso são covardes. Eu e qualquer outro comunicador não podemos chamá-los de torcedores porque eles não torcem, eles distorcem. Eles distorcem tudo de bom que o esporte traz para a sociedade. Repito sempre que esporte é comunhão, é alegria, é tristeza, é vitória, é derrota, é uma lição de vida a cada partida. Eu me nego, repito, a chamar de torcedores quem no estádio se arma para ferir, para machucar, para matar. É preciso ir além. 

Em vários clubes, dirigentes de oposição, de situação, usam torcida para interesses próprios e isso não é novo no futebol brasileiro... manipulam e incentivam o caos para colher os frutos lá na frente. Que fruto é esse? É um fruto podre, contaminado. O que eles querem? Estádios vazios? O som do vento durante um gol? Todos precisam ajudar e colaborar, todos! De que adianta proibir uma torcida organizada? As bandeiras e as camisas da torcida ficam na sede, não entram, mas o integrante que só quer baderna vai passando pela roleta, carregando seu ódio irracional para dentro do estádio, carregando a bomba caseira. 

Que a tecnologia seja usada para usar no cumprimento da lei, que os torcedores verdadeiros sufoquem os covardes, que a polícia aja com mais rigor, e não é rigor de violência, é de inteligência, e que a justiça seja implacável. Que o exemplo venha de cima, começando pelos que nos representam lá em cima, e está difícil também, passando por jogadores, dirigentes, torcedores, jornalistas. O futebol, que vocês aí e nós aqui amamos tanto, é nosso, não é deles não. Precisamos de providências urgentes. E lembrar que a lei do futebol vai até certo limite, depois é cível, criminal, é outro tipo de justiça que tem que ser empregado".        

Fonte: SPORTV
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