Futebol

Germán Cano e Martín Benítez: Entrosamento dentro e fora de campo

O Vasco tem a cara de Ramon Menezes, mas o sotaque é portenho. Se o treinador organizou e deu confiança ao elenco, dentro de campo é uma dupla argentina que tem feito a diferença. Nomes poucos conhecidos do torcedor brasileiro até então, Martín Benítez e Germán Cano chegaram nesse ano, foram tiros certeiros e mudaram as perspectivas do time na temporada.

Os argentinos hoje são referências e protagonistas em São Januário. Os números de Cano, por exemplo, impressionam. Ele anotou 16 dos 29 gols do time no ano. Ou seja, 55%.

Benítez não tem um scout tão chamativo. Fez apenas um gol e deu quatro assistências em 13 jogos. A frieza dos números, no entanto, não reflete a importância do camisa 10 no time. O argentino é de longe o jogador mais criativo e com melhor visão de jogo no elenco. Com ele o Vasco é um time, sem ele é outro. Vide a derrota para o Atlético-GO, quando Benítez foi poupado e a equipe teve sua pior atuação, especialmente no setor ofensivo.

Disputaram juntos 12 jogos (8V / 2E / 2D - 72,2% de aproveitamento)

Jogaram juntos 902 minutos

Com os dois em campo saiu um gol de um deles a cada 90 minutos (902 minutos / 10 gols)

Benítez esteve em campo por 919 minutos em jogos em que os dois atuaram

Cano esteve em campo por 1.089 minutos em jogos em que os dois atuaram

O Vasco marcou 20 gols em jogos que os dois jogaram

Com os dois em campo, porém, foram 14 gols, sendo 9 do Cano, 1 do Benítez e 4 de outros jogadores

Benítez deu duas assistências para gols de Cano, enquanto o artilheiro ainda não serviu o companheiro

Apostar no mercado sul-americano é uma prática cada vez mais comum no futebol brasileiro. O raro é acertar dois tiros tão certeiros. Cano e Benítez foram dois achados. Sem grana em caixa, o Vasco fugiu da velha receita de apostar em medalhões em decadência e acertou em cheio nas escolhas.

Cano surgiu no Lanús, fez carreira no México e explodiu no Independiente de Medellín. Talvez pela idade avançada, aos 32 anos, não tenha despertado tanta concorrência. As duas últimas temporadas, no entanto, indicavam um goleador na ponta dos cascos.

O argentino marcou 74 gols entre 2018 e 2019 e foi o artilheiro das últimas quatro ligas colombianas. O Vasco, que já o monitorava há alguns meses, aproveitou o fato de seu contrato na Colômbia ter chegado ao fim. Em dezembro, o presidente Alexandre Campello e o diretor André Mazzuco viajaram para Buenos Aires para fechar o negócio. Cano assinou por dois anos, até o fim de 2021.

Benítez, por sua vez, não vivia um bom momento na Argentina. Cria do Independiente, o meia, campeão da Sul-Americana dentro do Maracanã, contra o Flamengo, em 2017, andava em baixa e desgastado em seu clube. Via no Vasco a oportunidade de respirar novos ares e chegou por empréstimo, sem custos até dezembro. O atleta abriu mão de um dinheiro que tinha a receber para vir para o Brasil.

Ninguém imaginava, no entanto, que uma pandemia paralisaria o futebol, e a temporada fosse estendida até o fim de fevereiro de 2021. Hoje o Vasco está numa encruzilhada, uma vez que o contrato de empréstimo de seu camisa 10 termina em dezembro, com 11 rodadas do Brasileiro a serem disputadas, além das fases finais de Copa do Brasil e Sul-Americana, torneios em que o clube segue vivo.

O Independiente quer aproveitar o bom momento de Benítez, não planeja prorrogar o empréstimo e pretende vender o jogador. Por contrato, o Vasco pode adquirir 60% do meia por US$ 4 milhões (cerca de R$ 21 milhões). O clube considera o valor alto, mas já abriu negociações e tenta achar uma solução para manter seu camisa 10, ao menos, até o fim de fevereiro.

- O Benitez é uma peça muito importante para o Vasco. Ele tem capacidade de jogar em várias posições, na esquerda, na direita, por dentro. Contra o Botafogo ele me achou entre os zagueiros. Ele sabe a minha forma de posicionar entre os zagueiros, na mesma linha. Estamos formando uma grande dupla, e espero que ele fique conosco por muitos anos – disse Cano, nesta segunda, em participação no “Seleção SporTV”, fazendo lobby pela permanência do amigo.

Churrasco, chimarrão e famílias entrosadas

Embora compatriotas, Cano e Benítez não se conheciam antes do Vasco. Enquanto o centroavante fez carreira fora da Argentina, o camisa 10 havia jogado apenas no Independiente. Em São Januário, o laço amizade foi criado rapidamente.

Hoje os dois são os únicos estrangeiros do elenco – Guarín deixou o clube no meio do ano. Argentinos e novatos no Rio de Janeiro, a aproximação foi natural.

O entrosamento visto em campo é o mesmo fora das quatro linhas. A dupla sempre está junta, seja nos treinos, no ônibus, concentração e até nas folgas. Churrascos nas horas vagas e chimarrão no dia a dia fazem parte da rotina. Não compartilham a cuia por conta da Covid-19, mas não abrem mão do chimarrão, especialmente Benítez.

Não foram poucas vezes em que postaram fotos juntos com as respectivas famílias. os dois são casados e com filhos pequenos. Cano é pai de Lorenzo, enquanto Benítez trouxe a filhar Ambar para o Rio de Janeiro. Além disso, eles são companheiros de quarto na concentração do Vasco.

- Fiz um churrasco delicioso aqui em casa para o Benítez, que deu uma assistência para mim, e eu prometi (o churrasco) para ele. Tomara que ele possa ficar porque em dezembro tem que voltar ao Independiente. Espero que o Vasco possa se esforçar para mantê-lo porque ele é um grande jogador e uma grande pessoa. Ele e sua família são grandes pessoas – brincou o camisa 14, na semana passada à TYC Sports, da Argentina, após a vitória sobre o Athlético-PR.

Benítez retribuiu o carinho e falou recentemente, em coletiva na Vasco TV, sobre a importância de Cano em sua adaptação ao Vasco. O centroavante chegou dois meses antes.

- Além de ser uma ótima pessoa, ele me ajudou muito na adaptação ao Vasco. Ficamos muito tempo juntos, e as nossas esposas são muito amigas. Isso é muito importante para nós. Está sempre preparado para fazer os gols. E está sempre preparado para correr.

Fonte: ge
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