Bernardo pode ser jovem na idade, aos 22 anos. Mas a convivência com o futebol vem de berço. Filho do atacante Hélio Doido, que atuou, entre outros, pelo Fluminense, em 1989, e se caracterizou por marcar gols e comemorá-los com muita vibração, o meia-atacante vascaíno viveu, desde cedo, nas categorias de base, a experiência de disputar títulos. E sempre gostou. Atual artilheiro do time, com sete gols, só um atrás de Hernane, do Flamengo, que balançou as redes oito vezes no Estadual, Bernardo não esconde sua vibração com o clima de decisão da Taça Guanabara, domingo, contra o Botafogo, no Engenhão, às 16h. Ele vê a chance de valorizar um grupo montado há apenas dois meses.
O recado é curto e direto: chegou a hora de a equipe de São Januário marcar gols para acabar com o jejum das três últimas decisões de turno que disputou e perdeu:
Chega de bater na trave. A hora é de fazer gol. Tudo o que a gente fez até agora pode ser coroado com o título da Taça Guanabara. Nosso time foi montado há dois meses, e seria um grande prêmio. É preciso ter ambição e entrar com vontade afirma Bernardo.
Solidariedade para vencer
O fato de ser o artilheiro do time e a possibilidade de poder igualar ou superar a marca de Hernane na Taça Guanabara são fatores que pesam. Porém, numa demonstração de que está com a cabeça no lugar e bem orientado, Bernardo prefere exaltar o esforço coletivo da equipe:
Hoje, você tem que ajudar na marcação e servir os companheiros com bons passes. Isso vem em primeiro lugar. O importante é todo mundo se sacrificar em busca do resultado que nos interessa. Não é um ou outro que vai fazer a diferença. Se todos nos empenharmos, vamos chegar lá acredita Bernardo.
Se o ataque está bem servido com os gols de Bernardo, o toque de categoria de Carlos Alberto e o oportunismo de Éder Luís, a defesa além de contar com o zagueiro Dedé em grande forma e convocado por Felipão para os amistosos da seleção brasileira contra Itália, em Genebra, dia 21, e Rússia, em Londres, dia 25 tem um guardião do gol, fora do campo, ligado há anos ao clube: o ex-goleiro Carlos Germano.
Atual preparador de goleiros, Germano começa a ver se transformar em feliz realidade a aposta feita no jovem Alessandro, de 24 anos, após a saída de Fernando Prass.
Se o clube contratasse o Dida ou o Helton, como se chegou a pensar, eu entenderia o Alessandro na reserva. A vinda do Michel Alves foi boa pela experiência, mas o Alessandro está há três anos sendo preparado por mim. Conheço diz Germano.
Apesar de Alessandro mostrar algumas características de Germano em sua época de camisa 1, como sobriedade, boa colocação, agilidade e reflexo, o atual preparador vê maior semelhança com a maneira de defender de Acácio, outro grande goleiro do clube, nos anos 1980:
Alessandro lembra o Acácio. É arrojado debaixo do gol e vai para cima. O Acácio era assim afirma o preparador.
Bom conhecedor do clube, Carlos Germano conquistou nos anos 1990 o tricampeonato carioca (1992/93/94), o Brasileiro de 1997, a Libertadores de 1998 e o Rio-São Paulo de 1999. Por isso, sabe o que passar para o responsável pelo gol nesta semana decisiva:
Tranquilidade. Se levar um gol, manda a bola para o meio de campo e continua jogando com aplicação e raça. É assim que nós ganhamos títulos no Vasco.
Receita de quem foi criado no clube e carrega uma bagagem de conquistas capaz de orgulhar qualquer um. Bons fluidos para Alessandro.