Uma tarde com gols, vitória sem sustos e salto de nove posições na tabela. Recuperação no início da Série B na medida para o Vasco, certo? Sim, se a torcida pudesse ter participado dos 3 a 0 sobre o Atlético-GO (veja os melhores momentos), em São Januário - que teve portões fechados devido à punição do tribunal. Fora do estádio, no entanto, centenas de cruz-maltinos ajudaram indiretamente, cantando as músicas, assim como na estreia, contra o América-MG, e foram ouvidos no campo. Assim como o técnico Adilson Batista, cujas orientações e gritos devem ter estádio o atacante Yago atordoado.
Na construção do primeiro triunfo na competição, quem se destacou foi Marlon. Apesar da boa atuação dos garotos e do golaço de falta de Douglas, o lateral conseguiu a façanha de marcar duas vezes. No outro extremo, um companheiro de posição não teve tanto êxito...
GOLEADOR IMPROVÁVEL
As atuações inconstantes em 2014 tiraram de Marlon a vaga no time titular durante o Carioca. A recuperação começou a acontecer no jogo de quarta-feira, contra o Treze-PB, pela Copa do Brasil. Efetivado por Adilson, tornou-se o herói improvável da vitória com dois gols, mesmo sendo lateral. O curioso é que o camisa 16 não vinha bem em campo. Falhava na marcação e não tinha destaque na frente. A entrada de Aranda o ajudou - tanto na marcação quanto em uma assistência precisa -, e ele balançou a rede pela terceira e quarta vez na temporada. Segundo o treinador, a barração por Diego Renan, que desta vez jogou na direita, se deveu porque Marlon é menos ofensivo. Imagina se fosse...
ESTRELA QUE NÃO BRILHA
História oposta viveu Diego Renan. Deslocado para a direita, já que André Rocha ficou no banco de reservas, o jogador arriscou quatro vezes a gol. Em todas pegou bem na bola, mas parou em Márcio duas vezes. A estrela do outro lateral, portanto, não brilhou. Mas Diego cumpriu seu papel sem comprometer. Mesmo com a característica de arriscar de fora da área, o jogador ainda não marcou com a camisa cruz-maltina - diferentemente de Marlon.
GARGANTA FORTE, ORELHA QUENTE
Na época gloriosa do Vasco na década de 90, Antônio Lopes era o técnico e tinha o mesmo estilo de Adilson Batista: gritar na beira do campo, apoiado na voz e garganta fortes. O escolhido na época era Maricá, lateral que quando caía pelo lado do banco de reservas sofria com o chefe. Sem torcida no estádio, foi possível ouvir neste sábado a preocupação de Adilson com Yago, que deve ter ficado com a orelha vermelha. O treinador orientou o pupilo o tempo inteiro, a cada passo nas jogadas. Somente no segundo tempo, quando mudou de lado, é que o atacante de 20 anos teve sossego.
FESTA DO PORTÃO PARA FORA
Centenas de torcedores do Vasco se reuniram do lado de fora de São Januário para assistir à partida em bares e dar o apoio da maneira que puderam. Com a vitória - a primeira na competição - fizeram a festa à distância e foram ouvidos no campo, principalmente no início do segundo tempo e no fim da partida. A situação inusitada ainda é relativa à punição pela briga generalizada entre vascaínos e atleticanos na Arena Joinville, na última rodada do Brasileirão de 2013. No sábado que vem, frente ao Oeste-SP, tem mais. É a última vez em que isso vai acontecer.
FAZ-TUDO PARAGUAIO
Aranda é aquele típico jogador carregador de piano. Ainda que tenha uma boa condição técnica, o volante só é visto no campo de ataque para arriscar alguns chutes. No Vasco, quase todos foram sem direção até agora. Perdeu o lugar no time e, assim como Marlon, demonstrou que ainda pode ser útil, mesmo com a chegada de Fabrício, do São Paulo. Em meia hora, arrumou o setor de marcação, acertou o travessão com uma bomba e deu uma assistência perfeita para Marlon marcar o segundo gol. Só faltou o paraguaio bater escanteio e correr para cabecear...