No Brasil, a carreira do goleiro Elinton não é de boas lembranças. Sua vida na Europa também não foi fácil, chegando a trabalhar como agricultor antes de ser conhecido por outro nome e se tornar goleiro do Olympique de Marselha.
Foi graças a sua capacidade de se superar que Elinton conseguiu suportar as surpresas de um destino que começou a se revelar em 2005, quando o Vasco foi goleado por 7 a 2 pelo Atlético-PR, em Curitiba, durante o Campeonato Brasileiro daquele ano.
- Quando acabou o jogo, os sete gols foram culpa minha, e isso não foi fácil de levar não. Foi uma coisa bem difícil, até quando eu ouvia os comentários da imprensa e da torcida. Foi tudo em cima de uma pessoa só.
Execrado, Elinton passou a mergulhar em um mar de dúvidas e incertezas. Sem clube e marcado pela goleada, o jogador partiu para uma espécie de exílio no Vietnã. Mas, quando ele foi assinar o contrato, ouviu o presidente dizer que eu não precisava levar sua esposa porque lá tinham outras mulheres para ele. Foi então ele teve a certeza que não dava para ficar. O jogador seguiu para a Europa na tentativa de conseguir um passaporte europeu. O processo levou tempo, o dinheiro acabou e ele se viu o obrigado a exercer funções que jamais tinha imaginado.
- Foi onde eu comecei a plantar tomate, pepino, ajudei a matar porco. Não como carne vermelha, mas ajudei. Fazia de tudo e seguia um programa de treinamento. Segunda-feira eu corria a montanha, na terça eu fazia um circuito onde as ovelhas ficavam.
Elinton goleiro olympique de marselha guingamp (Foto: Reprodução / Site Oficial do Olympique de Marselha)Elinton durante uma partida pelo Olympique de Marselha
(Foto: Reprodução / Site Oficial do Olympique de Marselha)
Nesse momento, a carreira e Elinton parecia ter chegado ao fim. Era difícil acreditar que ele ainda pudesse dar um grande salto. A intimidade com a bola, adquirida na juventude a beira-mar, possibilitou que ele trocasse as mãos pelos pés quando apareceu a oportunidade de jogar o Mundial de Futevôlei pela seleção portuguesa. Com o passaporte na mão, Elinton acertou com o Ascoli, da Itália, mas o destino aprontaria mais uma. A mudança de diretoria interrompeu os planos do jogador que teve que retornar ao Brasil.
- Voltei e não tinha nada. Não tinha mais esposa, meu filho não tinha nascido ainda, não tinha carro, casa, dinheiro, clube, nada.
O jogador passou a viver de pequenos contratos com times de menor expressão, até surgir a proposta do futebol romeno, uma ponte para a frança onde já está na terceira temporada.
- Cheguei no local certo, na hora certa, tudo certo. Depois de 18 anos o Olympique foi campeão francês e campeão da copa da liga, onde eu fui titular.
No clube, Elinton é chamado pelo sobrenome, Andrade, que aos 32 anos tem motivos de sobra para sentir orgulho para ser apenas coadjuvante.
- Todo dia que eu coloco a cabeça no travesseiro, agradeço por tudo e quero mais.
Por isso segue treinando até mesmo quando está de férias. É bom estar sempre em forma, já que o destino mostrou a ele que não costuma avisar quando resolve se manifestar.