Os resultados razoáveis em campo após o retorno do Brasileiro, os discursos inflamados de Vanderlei Luxemburgo no vestiário e a notícia da morte de Antônio Soares Calçada camuflaram a crise financeira do Vasco. Porém, a greve do colégio que funciona em São Januário expôs o drama. São três meses de salários atrasados dos professores, que se recusam a retomar o ano letivo. Os mais afetados são atletas da base do Cruz-maltino matriculados na escola, agora sem aulas.
Na reunião que tiveram com a diretoria na quarta-feira, os docentes foram avisados de que não há previsão para que os pagamentos sejam regularizados. O clube está parado, sem fluxo de caixa: com penhoras na Justiça, não consegue obter o empréstimo de R$ 20 milhões que serviria para quitar as dívidas de curto prazo, com funcionários.
A venda de um jogador está longe do horizonte e a receita proveniente de mecanismo de solidariedade também é improvável. De qualquer forma, as penhoras impedem o clube de colocar as mãos em qualquer dinheiro que por ventura apareça. É preciso se livrar dessas cobranças antes de qualquer coisa.
Os jogadores não recebem direito de imagem há quatro meses e salários há dois. Vanderlei Luxemburgo, que chegou ao clube em maio, recebeu apenas um salário. O técnico tem feito o papel de intermediador entre a diretoria e as demandas do elenco. O discurso tem sido o mesmo, de necessidade de sacrifício para o Vasco se reerguer.
Internamente, o elenco comprou o barulho do técnico e tem mantido o ritmo de trabalho mesmo diante de tantas pendências e da falta de uma solução a curto prazo. Os treinos em tempo integral acontecem no CT do Almirante ao menos uma vez na semana. Sem pagamentos, o Vasco se prepara para enfrentar o Goiás domingo, no Serra Dourada.