Opostos, Dispostos e Mudanças
Em 20 anos, muito mais do que a uma marca, depois a um grupo político, demos asas a uma filosofia que entendemos favorável ao Vasco. Luta ingrata e inglória, contra um reconhecido poder que insistiu em atingir a Instituição. Desde os anos 80, o Vasco se fez forte nos bastidores, nas disputas financeiras, perante as entidades. O movimento contra o protagonismo do clube foi violento e nós o combatemos diariamente.
Passado o tempo, especialmente depois deste ano de 2019, boa parte dos adeptos do Vasco reconhece, apoiada em provas inequívocas expressas em manchetes de jornais atuais e de duas décadas atrás, a tácita discrepância quanto ao tratamento dado ao Vasco e ao adversário com o qual simpatiza enorme parcela da mídia convencional. O sistema, através do seu braço impositivo nos meios de comunicação, atingiu o objetivo: enfraquecendo aqueles que tornavam o Vasco forte para fora, enfraqueceriam o clube. E assim foi.
Tínhamos razão, sim. Mas, como enorme parte da torcida entendeu que deveria confiar na imprensa convencional cegamente e não nos alertas que fazíamos, viramos alvo em campo amigo. Hoje, aí está: a diferença econômica e esportiva abissal entre o Vasco e alguns de seus adversários é fruto do que se deixou de construir no passado entre nós, vascaínos: luta pela Instituição, igualdade impositiva, inclusive financeira, força de bastidores, apenas conseguidas com elos firmes expostos para fora, ainda que fosse preciso resolver questões internas, óbvio.
Ocorre que quem nos detrata historicamente tornou-se aliado de primeira hora de grupos políticos tidos por vascaínos, cegos pelo poder. Neste meio tempo, o fundamental foi dissolvido: a força externa que o Vasco teve desde os anos 80, construída a sangue, suor e lágrimas, foi esfacelada por duas ou três canetadas desta gente que, ao chegar ao poder em 2008, quis mudar tudo – e para muito pior. O resultado é o que vivemos hoje.
O Grupo CASACA! entende que cumpriu sua missão neste período. Ao contrário do que vociferam discursos rancorosos, no pouco espaço concedido, nossa participação em administrações foi discreta, pontual, recheada de boas ideias, algumas que prosperaram, outras não, alegrias e frustrações. Mas, sem dúvida, com a melhor das intenções e a mais nobre condição moral.
Em 2019, já com algum atraso, sentimos a necessidade de migrar com intensidade para as redes sociais. Com propósito bem definido: ao contrário de quaisquer grupos políticos do Vasco, que se omitem por temer a reação das redes, nosso viés seria outro: opinar sempre, sobre qualquer assunto de interesse do clube. Este é nosso diferencial. Não vamos migrar para redes sociais para termos seguidores simpatizantes, mas para formar opinião. Favorável, contrária, agressiva ou de incentivo. Mas não perderemos esta essência. E assim foi, com sucesso além do esperado em 10 meses para um grupo que os detratores tinham como alvo predileto.
O que acontecerá nos próximos dias tem pouco de movimento político. Não passa de uma etapa vencida, apenas. De uma página virada, mas que será revisitada diariamente. A diferença é que os personagens deste novo capítulo serão reais, não imaginários. Há quem vincule ao grupo CASACA! figuras que jamais passaram por aqui, muito pelo contrário. O escudo de conveniência acabou.
A partir deste início de 2020, o grupo CASACA! passa a se chamar FUZARCA!. Não há mudança de filosofia. Não há esconderijo do passado, que nos orgulha, especialmente quanto à inegável importância que Eurico Miranda teve na trajetória institucional. Não há mudança de comportamento nas redes sociais. Não há mudança na identificação dos amigos e inimigos do Vasco. Não há mendicância quanto a cadeiras em conselhos, benemerências, títulos, cargos, ingressos, estacionamentos. Nada. Nunca houve. Há um levantar de âncoras que não é concessão de satisfação a ninguém, é ação por nós mesmos, componentes do grupo. O horizonte pretendido é interno, nosso, particular. Amarras soltas daquilo que não nos interessa para que prossigamos em paz na mesma luta de sempre. Portanto, o FUZARCA! não pretende mascarar nada. Se máscaras cairão Vasco afora o problema não nos pertence.
Por fim, duas observações a respeito da escolha do nome FUZARCA!, que está presente no mais popular e histórico grito de guerra de um clube. Sim, remete ao próprio CASACA!. Contudo, FUZARCA! Possui um simbolismo interno sensível.
Primeiro, é uma forma de enaltecer e homenagear todas as turmas de vascaínos espalhados pelo Brasil, que organizadamente (com nome, símbolo, etc.) ou não, se reúnem para torcer pelo Vasco. Independente de algum eventual posicionamento político, todos nós, vascaínos, vivemos em tempos de opressão, onde cada vez mais o ato de torcer por um time diferente daquele querido pela imprensa parece constituir crime.
Segundo, e não menos importante, é que este grupo jamais elegeu um presidente, um líder, um chefe, um comandante, um diretor. Ele sobreviveu 20 anos sem cargos, remunerações e escalas de importância. Ele é democrático, plural e acolhedor. Jamais pediu algo em troca para tentar ajudar. Não foge à luta. Como o próprio Vasco deseja ser. E, talvez, este seja o único segredo para ter dado certo. Assim continuará.
“OS OPOSTOS SE DISTRAEM
OS DISPOSTOS SE ATRAEM”
FUZARCA!