Alexandre Campello tenta atribuir à oposição e especificamente ao Grupo Identidade Vasco a culpa por não se ter se alcançado o quórum mínimo necessário para a realização da reunião desta terça-feira (11) do Conselho Deliberativo, onde se debateria a aprovação de um empréstimo adicional de mais 20 milhões, uma semana depois da aprovação de 10 milhões.
O Identidade Vasco - e a oposição em seu conjunto - não pode responder pela pública, notória e generalizada falta de credibilidade do atual presidente, que, como é do seu estilo, volta a se esconder atrás da tática da vitimização.
Quanto à posição específica do Identidade Vasco, ela é límpida. Votamos unidos a favor da abertura de investigação contra Campello. Mesmo derrotados nesta proposta, concordamos em votar - logo depois da vitória do Não - pela aprovação de 10 milhões de empréstimo para pagar as duas folhas salarias atrasadas e assim agimos, com o voto de todos os nossos conselheiros presentes na última reunião do Conselho Deliberativo.
Sobre este novo pedido de mais 20 milhões, o grupo Identidade Vasco não tirou qualquer deliberação coletiva, incluindo a questão de comparecer ou não à reunião desta terça-feira. Mas é perfeitamente compreensível que conselheiros do Identidade Vasco, que não confiam na lisura do presidente, não se vejam obrigados a aprovar mais uma montanha de dinheiro a ser jogada nesta caixa-preta que é a administração Alexandre Campello.
Um aspecto importante a ressaltar é que o Conselho Deliberativo do Vasco tem 300 conselheiros. Destes, apenas 49 fazem parte do Identidade Vasco, sendo que vários destes 49 compareceram à Lagoa nesta terça-feira. Ou seja, entre os 251 restantes a diretoria só teria de mobilizar, no máximo, cerca de 140 pessoas.
Não adianta tapar o sol com a peneira: uma diretoria que não consegue, em uma votação que ela diz considerar vital, mobilizar 140 conselheiros em 251, é uma diretoria falida, política e moralmente OU ENTÃO ESTÁ AGINDO CALCULADAMENTE. Provavelmente as duas coisas juntas. Mas vamos fazer um esforço para imaginar o que estaria por trás da segunda hipótese:
1) Defensores da atual gestão argumentam que a necessidade deste empréstimo era prevista há tempos. Ora, se era prevista há tempos, por que motivo deixou-se para solicitar a aprovação do empréstimo já com o terceiro mês de atraso salarial em vias de acontecer?
2) Daí o Conselho Deliberativo aprova a contratação de um empréstimo emergencial de 10 milhões para pagar duas folhas atrasadas, o que retiraria a urgência de outro pedido de empréstimo, pois pagando-se duas folhas se ganharia tempo para analisar com verdadeira transparência a necessidade e as condições de um novo aporte.
3) No entanto, pouco tempo depois da aprovação dos 10 milhões, a diretoria faz saber que não viabilizou as garantias necessárias para este valor, sendo que estas garantias estariam condicionadas à autorização de mais 20 milhões de empréstimo. Tudo, como se vê, muito lógico.
4) Estranhamente, a diretoria “não consegue” mobilizar sua base de conselheiros - a mesma poderosa base capaz de barrar qualquer pedido de investigação - para aprovar os 20 milhões a mais e “sem opção”, “talvez” a diretoria se veja obrigada a solicitar o empréstimo a um empresário amigo, parceiro de “negócios” de primeira hora do presidente. Um empréstimo emergencial “pelo bem do Vasco”.
Para nós, do Identidade Vasco, compromisso com o Vasco não pode significar penhorar o seu futuro e fingir que não se sabe o que está acontecendo.
Quem optou por sustentar o que é insustentável, que se explique aos vascaínos.