Futebol

Há 69 anos, o Vasco conquistava o Campeonato Sul-Americano de Clubes

Há 69 anos, o Vasco conquistava o ,até então, mais importante título de sua história: o 1º Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeões, precursor da Taça Libertadores, e reconhecido pela Conmebol em 1996 como de mesmo peso, grandeza e importância.

A oficialização do título de 1948 por parte da entidade máxima do futebol na América do Sul elevou o Gigante da Colina à condição de primeiro clube do mundo a ter conquistado um campeonato continental oficial, uma vez que as competições similares em outros continentes só começaram a ser realizadas na década de 1950.

Vamos relembrar essa data histórica !

“Contra tudo e contra todos, os cruzmaltinos chegavam ao seu derradeiro compromisso na liderança do campeonato, dependendo de apenas um empate para triunfar definitivamente no Chile. A possibilidade que antes havia de acabarem três equipes empatadas tinha terminado depois da derrota do Nacional diante do time da casa por 3 a 2, no dia 10 de março (no outro jogo do dia, o River Plate goleara o Litoral por 5 a 1 mantendo suas chances). Os organizadores, porém, pensando na hipótese da derrota brasileira e de um empate na classificação final com o time argentino (já que eles ainda jogariam com o Colo Colo na última rodada), resolveram que se isso realmente acontecesse, cada equipe levaria para casa um dos dois troféus que seriam ofertados e posteriormente decidiriam o título em uma melhor-de-três. Mas na cabeça do Almirante só existia um pensamento: definir o campeonato naquele mesmo dia. Agora era pra valer a taça: Vasco x River Plate. Expresso da Vitória versus La Maquina.

O jogo começa com quase meia hora de atraso devido à chegada ao estádio do Presidente da República do Chile, Sr. Gabriel González Videla, e às várias homenagens prestadas a ele. O estádio está completamente lotado e a renda é a maior já registrada no país.

Quando a bola rola, os platinos vão logo ao ataque: Labruña chuta no canto e Barbosa pratica sua primeira boa defesa na partida. O Vasco não se deixa intimidar e Danilo, com sua imensa classe, domina a meia canja. Labruña ameaça novamente, agora de cabeça. Mas Barbosa está atento. O incansável Djalma, que foi um monstro nessa decisão, divide com Ramos que deixa o campo machucado. Ferrari entra em seu lugar. Chico bate forte e o goleiro espalma. Logo a seguir, o Príncipe Danilo chuta colocado, mas Grizetti salva. Na metade do primeiro período, após uma tabelinha do ataque argentino, Labruña perde mais uma, mandando por cima quando o gol já era tido como certo. O Expresso começa a dominar e sufoca a defesa adversária que chega a ceder quatro escanteios seguidos. Chico e Friaça perdem as melhores chances de abrir o placar. Mesmo um pouco superior, o Almirante fica no zero a zero com o River na primeira fase.

A etapa final começa e Ely acerta Labruña perto da área. Moreno cobra a falta que raspa o travessão. O Vasco retoma o predomínio. Aos seis, Chico chuta rente ao travessão. Com dez minutos, Maneca rouba o couro de Labruña, dribla Ferrari e Rodríguez e toca para Ismael. O jovem atacante deixa Friaça livre para marcar, mas, inexplicavelmente, ele falha na hora do arremate quando muita gente já se preparava para comemorar. Preocupação no time vascaíno: Wilson, destaque do jogo na marcação ao craque Di Stéfano, deixa o gramado contundido. O argentino Rafagnelli o substitui. A partida melhora ainda mais.

Aos vinte e oito, um gol de Chico é anulado sem qualquer razão. O impedimento alegado pela arbitragem é um completo absurdo. O buchicho está formado. Há invasão de campo, mas prevalece a pressão dos adversários e a habitual má vontade das autoridades contra os times brasileiros. Não bastasse, Mendez ainda agride Chico covardemente e o atacante vascaíno revida. O juiz expulsa o brasileiro que explica sua atitude e, logo a seguir, Mendez também vai embora. O argentino não aceita sair e os dirigentes de seu clube são obrigados a invadir o campo e retirá-lo do jogo. Ismael sai driblando, arremata forte, mas Grizetti defende. Di Stéfano acerta o travessão de Barbosa no que poderia ter sido o último lance da partida. O árbitro, porém, não termina a peleja e dá cinco minutos de acréscimo.

Os refletores são acesos e a bola marrom é trocada pela branca. Nessa pequena prorrogação de tempo, nenhum dos times queria o empate. O panorama foi uma seqüência de ataques de lado a lado. No lance mais contundente, Lelé solta o canhão que sai de sua perna direita e o goleiro salva com a ponta dos dedos. E finalmente o jogo chega ao fim. Agora não há mais como tirar do Expresso chamado Vasco o título de primeiro Campeão Sul-americano da história. E invicto! Os dois troféus são entregues por Gabriel González Videla (a Taça América del Sur) e Juan Domingo Perón (o Trofeo Juan Domingo Perón), respectivamente, presidentes do Chile e da Argentina. Os jogadores, emocionados, escutam o Hino Nacional com lágrimas nos olhos. Era o nosso povo rompendo fronteiras, sendo respeitado como nunca através do seu futebol.”

Fonte: “Um Expresso chamado Vitória”  (Alexandre Mesquita e Jefferson Almeida)

HOMENAGENS

“A vitória não é só dos vascaínos. É do desporto brasileiro.”

(João Lyra Filho, Presidente do Conselho Nacional de Desportos, o CND, na época a instância máxima do esporte brasileiro)

“Tenho o maior prazer de felicitar os esportistas brasileiros por tanto denodo, perseverança e disciplina que elevaram o nome do esporte nacional, levantando com justiça o título de campeão sul-americano.”

(General Ângelo Mendes de Morais, Prefeito do Distrito Federal – na época o Rio de Janeiro ainda era a capital do Brasil)

“A ABI – Associação Brasileira de Imprensa -, sempre atenta a todas as festas que assinalam tanto os triunfos da inteligência como os da vida desportiva na sua mais alta expressão, não pode deixar de compartilhar com o maior entusiasmo das manifestações vibrantes do regosijo público pela vitória grandiosa que vem de alcançar denodadamente o grêmio da Cruz de Malta nesta parte do hemisfério, conquistando o título de campeão invicto num certame glorioso de campeões. Esse acontecimento equivale à consagração de nossa indisputada primazia no esporte continental.”

(Herbert Moses, Presidente da Associação Brasileira de Imprensa – ABI)

Ficha do jogo:

VASCO 0 x 0 RIVER PLATE-ARG
Estádio: Nacional, em Santiago, no Chile
Data: 14/03/1948
Árbitro: Nobel Valentine (URU)
Cartões vermelhos: Chico e Mendez.
VASCO: Barbosa, Augusto e Wilson (Rafagnelli); Ely, Danilo e Jorge; Djalma, Maneca (Lelé), Friaça (Dimas), Ismael e Chico
RIVER PLATE: Grizetti, Vaghi e Rodríguez; Yácono (Mendez), Rossi e Ramos (Ferrari); Reyes (Muñoz), Moreno, Di Stéfano, Labruña e Lostau

Fonte: História Cruzmaltina
  • Quarta-feira, 29/01/2025 às 19h00
    Vasco Vasco 1
    Maricá Maricá 0
    Campeonato Carioca São Januário
  • Sábado, 01/02/2025 às 16h30
    Vasco Vasco
    Volta Redonda Volta Redonda
    Campeonato Carioca São Januário
Classificação fornecida por Sofascore
Artilheiro
Pablo Vegetti 3
Jogos
Vitórias 3 (50,00%)
Empates 3 (50,00%)
Derrotas 0 (0,00%)
Total 6
Gols
Marcados 9 (75,00%)
Sofrido 3 (25,00%)
Total 12
Saldo 6
Cartões
Amarelos 12 (100,00%)
Vermelhos 0 (0,00%)
Total 12