O que não falta é boa lembrança de Buenos Aires para os argentinos do elenco do Vasco. Leandro Luis Desábato, ou só Desábato, e Andrés Ríos estão em casa para o jogo desta quinta-feira, às 19h15 (de Brasília), contra o Racing, pela terceira rodada da fase de grupos da Libertadores. Não só por serem argentinos, mas por terem vivido momentos marcantes na capital do país como jogadores.
O atacante Ríos, que não deve ser titular no estádio El Cilindro, nasceu em Buenos Aires. Receberá, no hotel em que o Vasco está hospedado, a visita de familiares e amigos - importante para dar força num momento decisivo da Libertadores, garante o jogador. E uma das lembranças mais recentes dele na Argentina envolve justamente o Racing. Mais do que isso: algo que recentemente causou polêmica no Brasil.
Em 2016, quando atuava pelo Defensa y Justicia, time pequeno da Argentina, Ríos marcou no empate em 1 a 1 com a equipe de Buenos Aires, no estádio El Cilindro, palco do jogo desta quinta-feira. Na comemoração, fez algo parecido com o famoso "cojones", gesto tradicional em seu país para demonstrar raça, como uma "explosão", um desabafo na hora de festejar um gol.
- Eu lembro desse gol, lembro que aqui é muito difícil de jogar. Mas sabemos que vamos dar a vida para conseguir os pontos. Minha família vai no hotel, me dar um abraço, e depois vai para o estádio. É muito importante estar junto. Temos de juntar e dar tudo para vencer. Foi algo parecido com o “cojones” (que fiz na comemoração). Foi porque era um time grande. E a comemoração tem de ser desse jeito - explicou Ríos ao GloboEsporte.com.
No Brasil, porém, recentemente foi visto com surpresa. Depois de marcar aos 47 minutos do segundo tempo e garantir a vitória por 3 a 2 contra o Botafogo, Ríos fez o mesmo gesto para festejar e teve de explicar, durante a semana, que se tratava de "raça, dos colhões, como falamos na Argentina".
Se as lembranças de Ríos envolvem gols, as de Desábato certamente envolvem evitar gols. Proteger defesas. Aliás, uma só defesa. O Vasco, clube pelo qual atua desde o início deste ano, é só a segunda equipe da carreira do volante de 28 anos. Antes, ele só jogou pelo Vélez Sarsfield, da capital argentina - até mesmo nas categorias de base.
Desábato chegou ao Vélez ainda garoto, aos oito anos, para jogar nas categorias de base. Subiu de equipe em equipe até chegar ao profissional, em 2010. A estreia certamente está fresca ainda nas lembranças do volante: vitória por 2 a 1 sobre o River Plate, no Monumental, pelo Campeonato Argentino.
Se no Vasco, porém, a adaptação é rápida e a vaga de titular é absoluta, no Vélez foi diferente. Apesar de ter feito toda a categoria de base no clube, Desábato precisou de quatro temporadas para se firmar no time. Só em 2014, já com 24 anos e mais experiente, o volante ganhou espaço.
As lembranças de Desábato no Vélez não são só boas. Nos últimos meses de sua passagem pelo clube, já ciente de que não ficaria, foi deixado de canto e não atuou mais, apesar da luta da equipe contra o rebaixamento.
Desábato é primo de Leandro Desábato, zagueiro homônimo que atua no Estudiantes. O defensor ficou conhecido no Brasil ao ser preso em 2005, acusado por Grafite de racismo, após a partida entre Quilmes e São Paulo. Na ocasião, o argentino pagou fiança e foi liberado.