Após uma das fases mais bem sucedidas de sua história, o São Paulo apostou em um jovem chamado Luiz Carlos Cirne Lima de Lorenzi, de apenas 23 anos, para trabalhar como treinador das categorias de base. Em 1995, o técnico foi trazido pelo então coordenador de futebol João Paulo Medina como uma revelação do Rio Grande do Sul.
Querido pelos garotos, ele chamou a atenção pelo jeito peculiar nos jogos e treinos. Nada comparado ao estilo irreverente - de subir no alambrado, dançar ou vestir a cabeça do mascote de sua equipe - que faria anos depois ele ganhar o apelido de Lisca Doido, atual treinador do Vasco.
"Ele conversava com a gente que tinha mais tempo de clube e era um cara muito legal. Aqui ele era pilhado, mas um pouco mais tranquilo (risos). O que mais chamava atenção é que ele ja tinha coisas diferente como treinador. Tinha outra mentalidade do que fazíamos naquele momento. Ele estava à frente, marcava pressão e tinha uns treinos muitos bons. Ele se preparou para ser treinador", disse Milton Cruz ao ESPN.com.br.
Nas categorias de base do clube do Morumbi, ele trabalhou com nomes que chegaram ao time profissional, como o lateral Alemão, o zagueiro Júlio Santos, o volante Fábio Simplício e o atacante Kaká, campeão da Copa do Mundo de 2002 e eleito pela Fifa o melhor do mundo em 2007.
"Ele sempre foi muito agitado. Era muito bom treinador, detalhista e sempre gostou do futebol bem jogado. Eu era do infantil e um zagueiro bem técnico, ele me subiu porque gostava do meu estilo de jogo. Desde novo sempre quis ter a posse de bola. Os resultados dele em hoje em dia não são uma surpresa porque ele está plantando desde aquela época. Ele trouxe a marcação gaúcha de pegada e juntou com a técnica", contou Júlio Santos.
Os jogadores da época costumam recordar no grupo de Whatsapp da curta passagem com o técnico.
"Lembro que ele era muito alegre e a gente dava muita risada. Era um cara bom de grupo, amigo dos jogadores e que gostava de conversar. Ele buscava entender o que a gente queria e brigava bastante pelos atletas. Não tinha medo", disse Alemão.
Pouco menos de 26 anos depois, Lisca terá a missão de tentar eliminar seu ex-clube nas oitavas de final da Copa do Brasil. O jogo de ida será realizado nesta quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), no Morumbi.
No São Paulo, ele comandou o time sub-13 na Copa do Luciano do Valle, realizada em Vinhedo, que tinha transmissão da TV Bandeirantes. Pouco depois, assumiu o time sub-15. Guto Ferreira, atualmente no Ceará, era o comandante do sub-17 e Milton Cruz era do sub-13.
“O Lisca nesta época era uma jovem promessa como treinador e apostamos nele. Depois deste período no São Paulo ainda trabalhamos juntos, quando fui executivo de futebol do Internacional. Ele sempre se mostrou com talento para exercer a função de treinador, mas por ser muito jovem nestes dois períodos citados, necessitou um amadurecimento que começa a ser sedimentado com o passar dos anos. Gosto muito dele!”, disse Medina ao ESPN.com.br.
O técnico, que venceu o Campeonato Paulista sub-15, saiu do São Paulo após algumas mudanças políticas e foi para a base do Internacional - com Guto - no mesmo ano. Depois, seguiu carreira por diversas equipes do Rio Grande do Sul, até fazer sucesso no Juventude.
Lisca ainda acumularia passagens por Ceará, Inter, Náutico e América-MG, até chegar ao Vasco, agora com a missão de levar o clube de volta à Serie A do Campeonato Brasileiro.