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Incidente com Aloísio abre discussão sobre uso do chiclete por jogadores

Por alguns instantes, a vida de Aloísio ficou no limite. Por um período, que o médico do Vasco, Paulo César Andrade, calcula ter sido de dez segundos, o jogador ficou sem respirar. O choque de cabeça com Aílson, do Brasiliense, o traumatismo craniano e o bloqueio das vias respiratórias por causa de um chiclete fez o Vasco adotar novas normas e o futebol brasileiro refletir.

Antes de entrar em campo na última terça-feira, Aloísio ouviu do preparador físico Celso de Rezende uma recomendação: mascar chicletes para amenizar efeitos do clima seco de Brasília.

O jogador colocou dois na boca.

Após disputar uma bola pelo alto, sofreu forte trauma na cabeça e caiu. Instantes depois, perdeu a consciência, engoliu o chiclete e teve a via respiratória obstruída. Ontem, o médico do Vasco, Paulo César Andrade, responsável pelo atendimento que salvou a vida de Aloísio, disse que o clube vai orientar os jogadores a não jogar mascando chiclete. O diretor executivo do clube, Rodrigo Caetano, afirmou que a orientação será seguida.

Ontem, Paulo César Andrade explicou que foi possível, visualmente, observar que o chiclete estava impedindo a respiração.

Caso ficasse em um ponto da garganta que não fosse visível e o problema não fosse identificado, o jogador poderia morrer. O médico retirou com a mão a goma de mascar.

— São instantes em que a vida fica por um detalhe. O traumatismo craniano já é uma emergência grave. Caso usássemos água ou um aparelho para ele respirar, poderíamos empurrar o chiclete ainda mais para dentro e complicar a situação — disse o médico, que descreveu a situação. — Ao chegar ao campo, encontrei o Aloísio sem consciência por causa da contusão cerebral. Íamos iniciar procedimentos para acordálo, até que deparei com o bloqueio da via respiratória.

Aloísio tinha o lábio roxo.

— Não vou culpar nosso preparador físico, ele é gente boa.

Eu exagerei na dose. — brincou Aloísio, antes de falar sério. — Não uso mais chiclete. Na hora ficou tudo escuro. Ontem a cabeça estava dolorida mas hoje melhorou. O chiclete nem descia nem subia. Ainda bem que o doutor colocou o dedo na minha goela. A gente deve aproveitar cada momento da vida. Ninguém sabe o que vai acontecer.

Paulo César Andrade disse que, cientificamente, não há comprovação de qualquer benefício do chiclete: — Os riscos são muito maiores do que o benefício. Não só para atletas. Motoristas não devem dirigir mascando chiclete.

Acidentes podem acontecer e a pessoa engolir. Vamos recomendar que jogadores não usem.

Aloísio vai ficar sete dias sem fazer qualquer atividade física.

Em seguida, serão feitos novos exames para comprovar que não houve sequela neurológica.

— Todos os indícios mostram que não houve — antecipa Andrade.

O médico foi o personagem mais assediado no desembarque do Vasco no Rio, ontem.

Ao chegar ao ônibus da delegação, foi recebido com aplausos e uma música cantada pelos jogadores.

O episódio de Aloísio colocou em debate o hábito dos jogadores de mascar chicletes e o aumento na incidência de contusões cerebrais no futebol.

— No Botafogo, recomendamos que ninguém use chiclete.

Além de sufocar há outro risco tão grave que é morder a língua — disse Luiz Fernando Medeiros, médico do Botafogo.

Já o médico do Flamengo e da seleção brasileira, José Luiz Runco, que trabalha na criação da Comissão Nacional de Médicos de Futebol, acha que o caso deve ser estudado.

— Não vejo como algo imediato, já que em 31 anos não tinha visto um caso assim. Mas uma orientação como esta deve ser estudada — disse Runco. — Os médicos e a Fifa estão muito preocupados com a frequência cada vez maior de traumatismos cranianos. Está sendo feito um trabalho estatístico que será concluído no fim do ano.

Segundo Runco, embora seja difícil, pela dinâmica do jogo, adaptar uma proteção de cabeça para jogadores, o estudo deve levar ao aperfeiçoamento dos procedimentos de socorro no campo em caso de traumatismo craniano.

O meia Carlos Alberto, que desembarcou com uma proteção no tornozelo direito após receber várias faltas em Brasília, dificilmente enfrentará o Ceará, sexta-feira, no Maracanã

Fonte: O Globo
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